Existem determinados shows que não podem ser assistidos e analisados de uma maneira comum. Um deles é o de Arnaldo Baptista - um sobrevivente da música. Na última quinta-feira, assisti-o pela segunda vez com seu espetáculo "Sarau o Benedito?", no SESC Vila Mariana. Em pouco mais de uma hora, o irmão do meio da família Dias Baptista trafegou pelo repertório dos Mutantes, de sua carreira solo e de clássicos do rock (Beatles, Elton John, Rolling Stones) e da música erudita com uma alegria comovente, feliz por estar no palco após ter passado o que passou.
Filmei alguns trechos do show do Vila Mariana, e, aproveitando a ocasião, (re)publico na íntegra o texto que escrevi sobre a primeira vez que o vi em palco, no SESC Belenzinho, na estreia de "Sarau o Benedito?", originalmente escrito para o Scream & Yell.
No palco do teatro do SESC Belenzinho, um homem idoso (ou de melhor idade, como dizem os politicamente corretos) usando uma bata dourada e uma calça cinza toca um piano de cauda. À sua volta, pétalas de flores estão jogadas pelo chão, e atrás de si um telão exibe sua imagem ao vivo, contraposta a pinturas de cores fortes e formas simples, de grande intensidade. Esse homem chama-se Arnaldo Dias Baptista, e é quase um milagre que ele esteja vivo, em cima de um palco, sendo capaz de executar suas canções. Quando se considera que esta apresentação é a primeira que o cantor faz em pelo menos cinco anos é natural entender porque a noite de 8 de outubro de 2011 ganha ares de celebração quase única.