26 de jun. de 2015

Melhor Hambúrguer da Cidade: Lanchonete da Cidade

Em qualquer discussão sobre hambúrgueres paulistanos que se preze, é difícil passar incólume pela Lanchonete da Cidade. Criada em 2004 (e hoje transformada em franquia com diversas filiais pela capital paulista), a hamburgueria da Cia. Tradicional de Comércio (dona de bares como o Astor e o Pirajá) pode ser considerada uma das precursoras da onda que transformou a junção de pão, carne e queijo em algo além de uma comida rápida para o paulistano. O que é, ao mesmo tempo, algo bom e ruim -- o respeito ao passado e a escolha por bons ingredientes contam a favor da casa, mas tudo tem seu preço. 

A primeira impressão que se tem ao entrar em uma das unidades da Lanchonete da Cidade, no entanto, é que aquele é um ambiente mais antigo do que parece. A sensação não é à toa: assim como fizeram em suas outras casas, o grupo que criou a hamburgueria pesquisou por muito tempo para formar um cardápio e um estabelecimento que cheirasse aos anos 60, com a sofisticação de um país Bossa Nova. A inspiração em casas clássicas da cidade (como o Frevo, da Augusta, e o Seu Oswaldo, no Ipiranga) aparece tanto na decoração como no lanche que é o carro-chefe da Lanchonete: o Bombom. 

Foi o que eu provei da última vez, acompanhado sempre da namorada (olha ela aí), dessa vez na unidade do Shopping Pátio Higienópolis. Para abrir os trabalhos, começamos com a batata rústica (R$ 18,50), uma interessante porção de batata frita cortada em rodelas, alecrim e alho, acompanhada de uma cumbuquinha de maionese à parte (R$ 4). 

É um dos grandes momentos da baixa gastronomia paulistana: apesar do preço relativamente alto, a porção é bem servida e, normalmente, não sobra nem uma migalha ou folhinha do alecrim -- quase tudo é acertado ali, do ponto de sal à textura do alho (é tão gostoso que compensa o hálito posterior. Especialmente se vocês dois gostam da brincadeira). Na última visita, no entanto, algumas das rodelas da batata pareceram um pouco crocantes demais do que deveria (e menos fofinhas do que a gente gostaria) -- mas nada que impedisse o resultado final. Para acompanhar, tomei uma... não, não foi uma Coca: assim como outras casas, a Lanchonete da Cidade tem acordo com a Ambev e só oferece aos seus clientes aquele outro refrigerante de cola. Não, não pode ser. 

No que diz respeito aos lanches, a Lanchonete da Cidade oferece várias opções: há desde opções básicas, como x-burgers e x-saladas (o primeiro, por R$ 20,50, foi a opção da namorada), até variações montadas (com nomes sugestivos como Tropicália, Supimpa ou Lambreta). Mas o foco mesmo da casa é o Bombom, um hambúrguer de 220g que vem acompanhado de um molho de tomate, ao melhor estilo do Seu Oswaldo (a inspiração é confessa, escrita até no cardápio, com recomendação do endereço do Ipiranga). Como nem sempre dá vontade de encarar tudo isso de carne (menos é mais!), a casa criou também o Mini-Bombom, uma versão menor com disco de 120g. 



Na última semana, apostei na combinação que sempre escolho quando vou à Lanchonete da Cidade: Mini-Bombom, no pão Bossa Nova (um pão francês redondo, crocante e macio), acompanhado de queijo da casa e maionese. É essa belezinha aí, que chega à mesa embrulhada no papel como se fosse um sonho de valsa. (Com os complementos, o meu Mini-Bombom fica por R$ 28,50, sendo um dos lanches mais caros da cidade. E eu nem quis colocar bacon...). 

Apesar de caro, o lanche compensa -- quando tudo dá certo. A carne tem um blend interessante e vem sempre no ponto certo (rosado por fora, com sal na medida), e a combinação entre a maionese e o molho de tomate (que tem um leve toque de manjericão!) gera uma combinação azedinha que dá água na boca, sem tirar o protagonismo da carne. O queijo da casa, por sua vez, contribuiu para que tudo entre nos eixos, dando liga à essa brincadeira bonita que se chama hambúrguer. Nas últimas visitas recentes à lanchonete, no entanto, isso nem sempre tem acontecido. 

Apesar de ser um lanche simples, é comum ver um Mini-Bombom ser mal montado: na primeira ou na segunda mordida, é fácil ver metade do (ótimo) molho de tomate escorrer pelo prato e lambuzar as mãos. Com a ajuda da maionese, mais sabor ainda sai de dentro do lanche. Além disso, sempre alguns detalhes importantes acabam faltando: no último lanche que eu desembrulhei, o molho de tomate já estava frio quando chegou à mesa, e o ponto de sal da carne estava levemente prejudicado. (E não há nada mais triste que abrir o pão pela metade para usar o saleiro). 

Costumo brincar que o que faz um bom lanche é sua complexidade: a cada mordida, é possível descobrir novos sabores e novas combinações entre seus ingredientes. Ou seja: aqui você morde mais da carne com o queijo, na próxima mastigada vai perceber melhor a maionese e o molho... O problema do Mini Bombom é que ele alterna mordidas perfeitas com outras decepcionantes -- tendo seu potencial desperdiçado por muito, muito pouco. Mesmo com as falhas, trata-se de um grande lanche. Porém, na hora das prova dos nove, quando a conta chega, o Mini Bombom perde espaço na comparação custo-benefício com outros bons lanches de São Paulo. E o que era doce, acabou-se. 

Nota: 3,75 fatias de bacon

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