5 de set. de 2014

Alô, Alô, Planeta Terra Chamando



“Alô, alô! Planeta Terra chamando. Planeta Terra chamando! Essa é mais uma viagem do diário de bordo de Lucas Silva e Silva, falando diretamente do Mundo da Lua… onde tudo pode acontecer!”. Se você cresceu no começo dos anos 90, certamente deve se lembrar dessa frase – e de muitas outras aventuras – de Lucas Silva e Silva, o garoto de 10 anos que, junto de seu gravador, vivia histórias incríveis no mundo da imaginação em “Mundo da Lua”, seriado da TV Cultura que estreou em 1991. Assim como, muito provavelmente, já viu o mesmo rapaz, anos depois, perguntar qual era a senha para entrar no “Castelo Rá Tim Bum”, ouvindo o famoso “Klift, Kloft, Stil, a porta se abriu” do porteiro de lata.

O nome dele, entretanto, não é Lucas, nem Pedro, mas sim Luciano Amaral, um cara que já conta com trinta anos de carreira (e 35 de vida) na televisão, mas que entrou no mundo da telinha meio que por acaso, fazendo propagandas como a do Vick Vaporub. Ainda criança, Luciano teve a oportunidade rara de contracenar com nomes como Antônio Fagundes e Gianfrancesco Guarnieri, sendo o protagonista de “Mundo da Lua”. Para ele, entretanto, atuar era uma brincadeira. “Eu não via muita TV quando era criança, não sabia quem eram eles. Para mim, aqueles adultos estavam ali para brincar comigo. Um brincava que era o meu avô, o outro brincava que era meu pai, uma dizia que era minha mãe, e eu deixava (risos)”, conta Luciano, que, na pele de Lucas, pode realizar “sonhos de qualquer menino de 10 anos, como fazer o Brasil ganhar a Copa do Mundo ou ir para a Lua”.



Na entrevista a seguir, Luciano conta histórias de “Castelo Rá Tim Bum” e de “Mundo da Lua”, fala sobre como é viver com o legado de dois personagens que são “primos” de todo espectador que os acompanhou, relembra trabalhos como o “Turma da Cultura”, um dos primeiros programas brasileiros a usar email para participação do público, e discute a situação atual da TV brasileira para jovens e crianças.

Além das memórias de TV, o ator e hoje apresentador da PlayTV também fala sobre games – assunto no qual foi pioneiro no País e com o qual trabalha há mais de uma década. “As coisas melhoraram bastante nos últimos dez anos. Para quem produz games, tudo se barateou — as ferramentas de produção custam menos, a distribuição pode ser feita pela internet. Mesmo assim, o cara que produz um jogo no Brasil é um herói”, avalia Luciano, que ainda vê o setor prejudicado por políticas atrasadas. “Jogo é arte, mas vai explicar isso para quem manda, que acha que videogame é coisa de criança e taxa importação como se fosse brinquedo? Quem cresceu jogando sabe da importância dos games, mas existe uma barreira de gerações. Apesar de tudo isso, o nosso mercado já é grande, e tem poder de compra. O cenário é promissor”, diz ele. Aperta o start e deixa Luca… Luciano falar.

Veterano do jornalismo de games e personagem de dois programas que toda criança que cresceu nos anos 90 gostaria de ter sido, Luciano Amaral é um cara legal. Pelo menos foi o que deixou transparecer na conversa que a gente teve por quase duas horas em uma manhã de julho no estúdio da PlayTV, na Lapa, em São Paulo. O tema da conversa foi motivado pelo meu TCC, mas, como sempre, extrapolamos essa fronteira. O resultado você confere no Scream & Yell. 

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