29 de jul. de 2014

Nos Sapatos dos Outros



O que você faria se fosse gay ou bissexual e tivesse de contar aos seus pais sobre a sua orientação sexual? Eventualmente essa pergunta pode não ter nunca passado pela sua cabeça (como nunca passou pela minha). Entretanto, ela é presente na vida de muitos adolescentes, e é o mote por trás de um dos jogos mais simples e desafiantes do ano. Coming Out Simulator (em tradução literal: “simulador de sair do armário”, ou “simulador de se assumir”), um game para navegadores criado pelo canadense Nicky Case, fala sobre exatamente isso: como contar para os seus pais que você, ao contrário do que parece ser imposto pela sociedade, não é heterossexual?

O game é baseado na própria história de Nicky: em 2010, o rapaz de família de descendência asiática era um estudante do ensino médio e tinha um caso com um cara chamado Jack. Os dois estudavam na mesma escola e, para ficarem juntos, Nicky tinha de mentir para os pais que estava apenas estudando química (quando estava no cinema vendo A Origem). Entretanto, a rede de mentiras de Nicky vai ficando cada vez mais estreita, sua mãe começa a desconfiar de Jack e, influenciado pelo namorado, o rapaz acaba resolvendo que precisa sair do armário, para ver se tudo fica mais fácil. Coming Out Simulator é, especificamente, a recriação da noite em que Nicky conta tudo para seus pais, no meio de um jantar.

Escrevi meus caraminguás sobre Coming Out Simulator 2014, um game que, apesar de ridiculamente simples de ser construído, me ensinou muito mais do que horas e horas jogando FIFA, me pondo na pele de outra pessoa. Se eu fosse você, ia lá no Que Mario? (meu blog de games no Estadão com os parceiros Luiz Toledo e Murilo Roncolato) ler o resto do texto e jogava o Coming Out Simulator logo depois. 

25 de jul. de 2014

Plutão & Outros Planetas

Um espectador um pouco mais atento sobre a produção do cinema brasileiro recente conseguirá perceber que — para além das comédias tolas da Globo Filmes, das películas de cunho religioso ou de thrillers de ação retirados da realidade policial dos morros, presídios e favelas tupiniquins — uma pequena, mas significativa safra de filmes adolescentes vêm aos poucos se estabelecendo no País. Trata-se de um grupo que, após a chamada Retomada do cinema nacional, começou a dar suas caras com os primeiros longas-metragem do diretor gaúcho Jorge Furtado (os inocentes e já clássicos Houve Uma Vez Dois Verões, de 2002, e Meu Tio Matou Um Cara, de 2004) e teve em Laís Bodansky um bom momento (As Melhores Coisas do Mundo, de 2010). Às vezes, esse grupo derrapa, por exemplo, ao se aproximar da linguagem de Malhação (os ‘globais’ Desenrola, um American Pie às avessas e sem escracho lançado em 2012, e Confissões de Adolescente, verdadeiro caleidoscópio bubblegum que deixou nostálgicos telespectadores na mão no começo desse ano), mas encontra seu caminho ao apostar em um jeito simples de contar histórias (o singelo Antes Que o Mundo Acabe, também de 2010). Agora, a “seleção de novos” acaba de ganhar um representante de primeira linha: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, do diretor paulista Daniel Ribeiro.

20 de jul. de 2014

MIS prepara mostra Legião Urbana para 2016

Na abertura da exposição do Castelo Rá-Tim-Bum no MIS, bati um papo com o curador André Sturm sobre os planos futuros do museu. Acabou gerando esse 'furo' de reportagem, publicado em julho no Scream & Yell. 

O MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo está preparando uma exposição sobre o cantor Renato Russo e a Legião Urbana para 2016. É o que disse na última terça-feira, 15/07, André Sturm, diretor executivo da instituição, durante entrevista exclusiva na abertura da exposição sobre o programa infantil Castelo Rá-Tim Bum.

“Temos uma conversa caminhando bem para fazer uma exposição sobre o Renato Russo em 2016″, disse Sturm. Segundo o diretor executivo do MIS, o filho do cantor, Giuliano Manfredini, abriu as portas do apartamento de Renato para os técnicos do museu.

“É impressionante: o Renato é um cara que guardava tudo. Vamos fazer uma parceria para restaurar materiais, fotos, diários, e a partir disso vamos construir uma exposição sobre o Renato, e lógico, sobre a Legião Urbana para daqui a dois anos”, completou o diretor executivo, que, à frente do MIS, tem sido o responsável por uma guinada mais pop na programação do museu: nos últimos dois anos, a instituição paulista recebeu mostras de nomes como os cineastas Georges Meliés e Stanley Kubrick e o cantor David Bowie.


14 de jul. de 2014

Yes, Nós Temos Bananas & Games

Fã dos jogos da Nintendo, o carioca Rodrigo Coelho cresceu com o sonho de muitos jovens de sua geração: ganhar a vida fazendo games. Mas, após se formar na faculdade de design e se dedicar nas horas vagas a criar seus jogos, o rapaz de 25 anos percebeu a dificuldade que desenvolvedores no Brasil têm para fazer seus projetos chegarem ao público.

Em vez de aceitar o game over, Coelho se juntou a dois amigos de faculdade, o engenheiro Henrique Bejgel e o designer Eric Salama, para tentar resolver esse problema. Após R$ 10 mil de investimento de cada sócio e um ano dedicado à concepção do projeto, o trio criou a Splitplay, a primeira loja digital de games dedicada a jogos tupiniquins.

Lançada comercialmente há cerca de dois meses, a Splitplay oferece aos jogadores 20 títulos diferentes, todos desenvolvidos no Brasil. A loja é inspirada no modelo da norte-americana Steam, a maior distribuidora digital de games do mundo (veja box). “Queremos incentivar o mercado nacional e criar uma central onde as pessoas possam encontrar jogos brasileiros, algo que às vezes até a mídia especializada tem dificuldade em fazer”, explica Coelho, que adianta que há mais vinte jogos para serem lançados até o fim do ano.

No começo de julho assinei essa matéria sobre a Splitplay, espécie de Steam brasileira que tem uma meia dúzia de jogos bem bacanas. "Cangaço", por exemplo, é um dos meus favoritos do ano até aqui. Lá no Link, falo mais sobre essa história, explico como a Splitplay funciona e ainda troco uma ideia com três desenvolvedores de games brasileiros. Chega mais. 

9 de jul. de 2014

Melhor Hambúrguer da Cidade: Let's Burger

Yo, Adrian!
Já falei em colunas anteriores que, apesar da onda gourmet, o crescimento do número de hamburguerias por aí tem provocado coisas interessantes em lugares pouco afeitos a comer algo além do "dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles, tudo num pão com gergelim". É o caso de uma cidade como São Caetano, que nunca teve grandes lanchonetes tradicionais pra chamar de suas, e agora recebe casas com propostas interessantes - como a TriBeCa, já citada aqui, e a Let's Burger, totalmente inspirada nos anos 80. Estive lá no último sábado pra comemorar o aniversário de casamento dos meus pais, junto com os dois e a pentelha da minha nem-tão-pequena irmã. 


8 de jul. de 2014

O Mundo da Bola Visto aos Quadradinhos

Em tempos de Copa do Mundo, é fácil perceber a graça que o futebol traz à vida das pessoas, com batalhas, jogadas incríveis e vitórias dentro das quatro linhas do gramado. E é também com conjuntos de quatro linhas – um de cada vez, é claro – que o mineiro Matheus Toscano faz a sua graça: ele é o criador do 8bit Football, projeto que recria cenas do esporte bretão em pixel art – aquele jeito de retratar qualquer cena em quadradinhos coloridos, em um visual retrô que lembra os games dos anos 80. 

Criado em outubro de 2012 nas horas vagas de Toscano, que é auditor de tecnologia da informação e mora na Holanda, o 8bit Football faz considerável sucesso nas redes sociais. São 45 mil seguidores no Twitter e 25 mil fãs no Facebook, que somados aos visitantes do site do projeto, acompanham as imagens bem-humoradas do mineiro de 31 anos, inspirado por duas paixões de criança. “Sempre fui fã de jogos de computador antigos, como o Sensible Soccer, em que o gráfico era pixelizado por limitação técnica, e fui apaixonado por futebol desde criança”, conta ele, em entrevista ao Link por telefone.

Bati um papo bacana com o criador de uma das páginas mais legais da internet nesses tempos de Copa do Mundo: a 8bit Football. Matheus Toscano, além de ser um cara boa praça, ainda está criando um jogo todo em pixel art, com a experiência de quem já gastou muito dedo em clássicos como International Superstar Soccer e Pele's Soccer. O game, que se chama Pixel Soccer, tem uma campanha própria no Kickstarter. Chega mais