26 de fev. de 2011

Les Pops, Cowboy Junkies

Les Pops - Quero Ser Cool

Muitas vezes, uma música se torna bacana só por ser capaz de juntar referências externas bem espertas - nada mais que um recurso de identificação mais fácil pra captar o ouvinte. Quero Ser Cool, primeiro disco dos cariocas do Les Pops, segue fielmente essa cartilha, especialmente nas boas e irônicas "Aluguel em Abbey Road" e "Quero Ser Cool" (cujo erro na pronúncia de Bukowski amplia o efeito humorístico da narrativa do personagem que busca se tornar um intelectual). A idéia desse "fetiche de citações", entretanto, incomoda um bocado em "E La Nave Va". Ainda há espaço pra uma dupla de boas canções de amor, "Esmalte" e "Salto Agulha". O ponto baixo do álbum, porém, fica na equivocada regravação de "Camisa Listrada" (Noel Rosa).


Cowboy Junkies - Demons

Em seu décimo quarto álbum de estúdio, o Cowboy Junkies não sai fora do combinado. Para a banda dos irmãos Timmins (Margo, no vocal; Michael, na guitarra; e Peter na bateria; além do baixista Alan Anton) isso significa investir em baladas fortes, por vezes ligadas à linhagem do folk rock de Neil Young e Bruce Springsteen, por vezes assemelhadas à veia soturna do Velvet Underground. Aqui, os destaques do disco ficam por conta de "Flirted With You All My Life" e "Supernatural". O bom, por muitas vezes, é simples.

22 de fev. de 2011

Colcha de Retalhos

Certa vez, o poeta Manuel Bandeira se declarou um "poeta menor", por tratar de assuntos que seriam ligados ao detalhamento, ao humilde, às coisas banais do cotidiano. Em oposição, ele estabelecia que poetas maiores seriam Camões, Gonçalves Dias, Drummond, que tinham como projeto poético engrandecer a pátria, a nação, fazer versos engajados politicamente. Entretanto, valorizando essa sua característica mais íntima, Bandeira acabou por construir uma obra "universal", de força e atemporalidade muito maior que seus dois colegas de modernismo, Mário e Oswald de Andrade. A menção a Bandeira aqui se faz necessária para se chamar a atenção para uma característica interessante reavivada nos últimos anos no cenário musical brasileiro: a da valorização de visões peculiares e individuais do mundo. É uma tendência que, apesar de não ser nova, ganha força a cada ano que passa - e pode ser muito interessante como marca artística da geração "anos 00".

19 de fev. de 2011

Rockstar Tiozão, Moleque Atrevido

Se um show pudesse se resumir a apenas uma palavra, a que definiria a apresentação dos paranaenses do Nevilton no SESC Vila Mariana no último dia 17 poderia ser intensidade. Quem ali estava presente - e superou as condições espaço-temporais desfavoráveis, como o trânsito caótico da cidade em uma quinta-feira chuvosa - viu um espetáculo em que ao mesmo tempo era possível rir, se emocionar, ficar de boca aberta ou dançar (de pé ou sentado).

14 de fev. de 2011

Vida e Frenesi - 127 Horas

À primeira vista, a idéia da história de 127 Horas parece um tanto quanto monótona e angustiante: aqui conta-se como Aron Ralston (James Franco), um aventureiro que, ao escalar uma montanha em Utah, prende seu braço entre uma pedra e uma fenda e tenta sobreviver nessa condição subumana. Nas mãos do diretor escocês Danny Boyle, entretanto, ela se torna envolvente, instigante e engraçada - ainda que tenha seus momentos de drama e tensão visual um pouco além da medida para aqueles mais sensíveis.

11 de fev. de 2011

Melancolia e Personalidade: Grace, de Jeff Buckley

Antes de tudo, algo importante deve ser dito sobre Jeff Buckley e Grace: você nunca viu ou nunca verá algo tão parecido com ambos. Pode buscar similaridades mil com outros artistas e canções, - algo que até será feito nas próximas linhas - mas nenhum deles uniu tantos atributos em um lugar só. Dono de uma voz potentíssima, com extensão de cinco oitavas, – o normal nos humanos é de apenas duas – usou-a com toda a propriedade, encarnando vários mitos em seu próprio corpo – e utilizando-os para criar sua própria imagem lendária.

10 de fev. de 2011

O Próximo Passo e o Jardim

Uma definição peculiar a respeito de um bom show, embora dificilmente incorreta, diria que "trata-se de um show bom aquele que se sai com dor nas mãos de tanto bater palmas". Alguém que fosse à apresentação de Tulipa Ruiz no último dia 5, no SESC Ipiranga, poderia muito bem se contentar com tal idéia - era simplesmente muito difícil resistir ao charme e à competência da cantora paulistana e não aplaudi-la.

8 de fev. de 2011

Faltando Um Pedaço

Gostar de um filme (ou não) muitas vezes é algo mais relacionado com a expectativa que se tem sobre ele do que exatamente sobre o próprio filme. Quantas vezes já não fomos arrebatados por filmes totalmente despretensiosos - os "independentes" americanos costumam ser um bom exemplo disso - ou saímos achando que perdemos duas horas de nossas vidas em cima de um grande hype? Ou algo como aquele filme fantástico que o seu amigo falou e você não achou graça em nada? É mais ou menos nessa atmosfera nebulosa de ansiedade e entrega que se encontra Um Lugar Qualquer, o novo filme da primeira-filha-de-Hollywood, Sofia Coppola.

6 de fev. de 2011

Olá!

Olá!

Se você chegou aqui, espero que tenha sido por uma boa razão. Talvez você tenha lido outros textos meus, em paragens como o Pop to the People ou o Scream&Yell. Este espaço, apesar do nome pretensioso, é nada mais que uma tentativa minha de manter um lugar constantemente atualizado com meus textos e idéias sobre o mundo pop. Mais do que simplesmente escrever bons textos, começar a escrever com freqüência e rapidez - um treino pro que pode vir por aí.

"I had seventeen dollars in my wallet. Seventeen dollars and the fear of writing. I sat erect before the typewriter and blew my fingers. I started to write. And I wrote". (John Fante).

Algumas análises mais aprofundadas a respeito de filmes, discos, livros e shows poderão vir acompanhadas de simples micro-resenhas ou recomendações instantâneas. É isso aí. Chega de textos institucionais. Aquele abraço, and "we hope you enjoy the show".