30 de mai. de 2012

Agito e Uso: Ângela Rô Rô no SESC Pinheiros












Uma das peculiaridades mais interessantes do circuito SESC (ao menos no estado de São Paulo) é a de incluir em sua programação grandes artistas que, de alguma maneira, estejam esquecidos. Trata-se de uma via de mão dupla: o artista se sente prestigiado, por tocar em um espaço com boa qualidade de som e de tratamento, e o público se lembra da importância daquela figura que está à sua frente. É a chave para que, muitas vezes, aconteçam grandes shows, quase sempre ignorados pela grande imprensa, preocupada com grandes festivais e o mainstream. Em 2011, dois dos meus shows favoritos do ano foram nessa receita: Evinha & Trio Esperança, no Vila Mariana, e Erasmo Carlos (vá lá, que não anda tão esquecido assim), em Santo André. E o que se viu no último final de semana, no SESC Pinheiros, foi mais um desses episódios, nas duas apresentações de Ângela Rô Rô.

27 de mai. de 2012

Burn This City





Antes que perguntem, ou comentem da falta desse aspecto no texto, deixo bem claro: o que se lerá nas próximas linhas é o registro do que aconteceu comigo neste domingo, no Cultura Inglesa Festival. Não vi os problemas com a fila, não vi a PM atuando (mais uma vez) de maneira absurda, não vi a reação das pessoas quando fecharam os portões do Parque da Independência. Um relato bem pessoal, pra variar. We hope you enjoy the show

Pelo segundo ano consecutivo, o Cultura Inglesa Festival promete brigar forte pelo título de "melhor evento do ano" em São Paulo. Se no ano passado as apresentações de Miles Kane e Gang of Four fizeram a festa para um Parque da Independência à meia lotação, em 2012 as coisas ficaram ainda melhores, com o grande (realmente grande) show do Franz Ferdinand. Ao contrário de 2011, quando cheguei cedo para ver as atrações nacionais (Cachorro Grande fazendo The Who e Mockers tocando lados-B dos Beatles), me encontrei no Parque do Ipiranga somente lá pelas duas e meia da tarde, após uma caminhada longa vindo da estação Ipiranga da CPTM. Não foi atraso, apenas um cálculo: queria chegar ao local dos shows sem correr o risco de ouvir um sequer acorde da Banda Uó tocando Smiths. "Rosa", cover de "Last Nite" que os goianos fizeram ano passado, já me dá calafrios - imagine o que eles fariam com "How Soon is Now?", "Ask" e outros petardos?

26 de mai. de 2012

Lá e Cá




O adjetivo é horrível, mas vá lá: Lenine é o que pode se chamar de artista diferenciado dentro do cenário musical brasileiro. Primeiro, por sua posição quase confortável entre o mainstream e o independente - contratado de uma grande gravadora, Lenine age quase anticomercialmente, mas suas canções vivem aparecendo em trilhas de novelas e filmes. Segundo, por sua colocação bizarra nas prateleiras: ele pode ser encaixado dentro da "nova MPB", mas fica além e aquém disso. E, terceiro, por sua postura em respeito à pesquisa musical - Chão, seu último álbum, contém quase nada de percussão - e à qualidade do som. Entretanto, isso são coisas que ficam muito bem amarradas quando se pensa no estúdio. Mas e ao vivo, como é que tudo se resolve? Apresentando-se no SESC Santo André nessa sexta-feira, o cinquentenário pernambucano encontrou um equilíbrio entre suas propostas - não sem deixar de lado algumas de suas melhores ideias.

22 de mai. de 2012

(Per)Versão: David Bowie

Bem vindos à mais nova coluna do Pergunte ao Pop. Com o nome roubado de uma antiga seção da Bizz (já em sua última gestação), a (Per)Versão destacará cinco vídeos de um artista fazendo canções de outros - e de outros fazendo canções deles. Para começar bem, escolhemos o camaleão David Bowie. Tentamos fugir da obviedade na maior parte dos momentos (você não verá Kurt Cobain por aqui hoje), e esperamos que o resultado esteja a seu contento. Divirta-se.

A primeira é a leitura bastante pessoal de "God Only Knows", dos Beach Boys:



19 de mai. de 2012

Feito Pra Não Acabar



Ver um artista repetidas vezes em um curto espaço de tempo pode ser uma receita boa para entendê-lo melhor - e captar as nuances de suas apresentações. Na noite dessa sexta-feira, fui ao SESC Santo André conferir um show de Marcelo Jeneci pela terceira vez em pouco mais de seis meses - uma em dezembro, no SESC Ipiranga; a outra, no SESC Belenzinho, dedicada a Roberto Carlos. O resultado? Foi mais uma vez uma apresentação incrível, feita pra não acabar, na qual o lirismo pop das canções de Jeneci se cruza com a força das arestas soltas dos arranjos ao vivo, deixando a plateia atônita e impressionada.

17 de mai. de 2012

12 Músicas em 1 Ano


A ideia aqui é bem, bem, bem simplória. Ando sem muito tempo de pensar em textos legais e coisas bacanas para colocar aqui, então vou com que dá. E o que rola dessa vez é uma mixtape caprichada pensada em 15 minutos em mesa de bar (ou no metrô): uma música para cada mês do ano. Na maioria dos casos, o nome do mês está no próprio título da música (Capitão Óbvio mandou um abraço), mas em algumas a equipe do Pergunte ao Pop conseguiu ser original o suficiente pra te fazer ouvir a música toda pra sacar. Aperte o play e aproveite o tempo passar, com Rolling Stones, João Gilberto, Cascadura, Teenage Fanclub, Luiz Melodia e muitos outros. 

13 de mai. de 2012

Retrovisor

Três vídeos do bom show da Céu ontem, no SESC Belenzinho: "Asfalto e Sal", "Retrovisor" e uma cover deliciosa para "É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo", do mestre Erasmo Carlos. Confira abaixo (e também uma breve descrição do que foi o show). 


8 de mai. de 2012

História Universal do Esquecimento



Esse vídeo que pode ser visto aí em cima é o teaser do próximo disco da banda paulistana Lestics, História Universal do Esquecimento, o quinto da carreira deles. História, que está em fase de acabamento, deve sair nos próximos meses, e é o terceiro disco do Lestics com formação de banda - os dois primeiros, 9 Sonhos e o petardo Les Tics foram feitos em home studio pela dupla dinâmica Umberto Serpieri (teclado, guitarra, violão, gaita e vocais) e Olavo Rocha (voz e letras). A eles, a partir do álbum Hoje, juntaram-se Lirinha (guitarra e violão), Marcelo Patu (baixo e violão) e Xuxa (bateria e percussão).

Os Lestics merecem destaque por juntarem uma sonoridade folk muito própria com as boas letras de Olavo, recheadas de uma ironia e de um lirismo peculiar. Dois bons exemplos são a declaração de amor de "Luz do Outono" ("Pode ser que um dia eu queime os meus livros/Jogue fora os meus discos e quebre a TV/mas mesmo enjoado de tudo na vida/eu sei que eu não vou me cansar de você"), ou as imagens cinematográficas de "Parto Normal"Para quem quiser conhecer a banda, escute primeiro essas duas canções, e depois siga em frente ouvindo o mais recente trabalho dos caras, Aos Abutres, de 2010 - que esteve entre os meus cinco discos favoritos daquele ano, na votação do Scream&Yell. Todos os discos da banda estão disponíveis para download em seu site

6 de mai. de 2012

Que Não É O Que Não Pode Ser

Altas expectativas cercavam o show dos Titãs nessa Virada Cultural: completando 30 anos de carreira, a banda paulistana executaria na íntegra Cabeça Dinossauro, seu clássico álbum de 1986, no palco da Avenida São João, ao meio-dia do domingo. Entretanto, os milhares de fãs que compareceram ao centro de São Paulo viram uma banda que entregou bem pouco do que prometia, prejudicada em boa parte pelo som baixo, mas também pelo seu próprio desânimo. 

4 de mai. de 2012

À Procura da Balada Perfeita

A carreira de certos artistas, por vezes, pode ser reduzida a apenas uma questão. O caso do inglês Noel Gallagher é um deles: pode se perceber em toda a sua discografia que ele está à procura da balada perfeita, que seja capaz de enternecer - ou partir ao meio - todos os corações da face da Terra. Sua apresentação em São Paulo, na última quarta-feira, ilustra muito bem essa busca incessante feita ao longo dos últimos vinte anos, em um capítulo especial, após o término do Oasis, em 2009. 

No Espaço das Américas, Noel Gallagher abriu os trabalhos da noite com duas mornas canções do Oasis, "(It's Good) to Be Free" e "Mucky Fingers", para depois puxar o carrilhão de canções de seu primeiro disco solo, Noel Gallagher's High Flying Birds, lançado no ano passado. "Everybody's On The Run", a primeira delas, foi recebida com certo louvor pelo público, fiel ao cantor. A receita funcionou bem pelas músicas seguintes, com o destaque para o bonito coro em "If I Had a Gun..." e o clima ensolarado da preguiçosamente roqueira "The Good Rebel", lançada apenas como lado-B. Outro bom acerto do álbum, o single "The Death of You and Me", apareceu na sequência, encantando com seu clima de musical.