29 de mar. de 2011

Homens do Presente

"This is my time and I am thrilled to be alive". Ao se ouvir uma frase dessas, é difícil contrariar a ideia de que o R.E.M. vive uma grande fase e se sente bem por isso. Em "Collapse Into Now", décimo quinto petardo da banda da Geórgia, Michael Stipe e seus companheiros fazem um disco mais reflexivo (o que não significa menos enérgico) e bem menos político que o anterior, "Accelerate", mas com igual charme e relevância para os dias de hoje. Sim, antes que você comece a se perguntar, esses tiozinhos ainda tem (muito) o que dizer.

21 de mar. de 2011

Um Nerd Para A Todos Governar


Os primeiros segundos do filme, com o símbolo da Universal sendo exibido em 8-bits, não deixam mentir: Scott Pilgrim Contra o Mundo é um filme basicamente nerd. As espertas referências sobre a cultura pop, o nível de comédia baseado um bocado no nonsense e no humor herdado de histórias em quadrinhos - o que é um tanto quanto natural, já que a película é baseada numa HQ de Brian Lee O'Malley - e o visual de videogame das cenas de ação só reforçam a idéia. Mas não estamos falando aqui de um filme de nicho. Se alguém que passou sua adolescência inteira longe de ficar trancado no seu quarto com revistinhas e cartões de RPG, ainda assim será capaz de sair da sala de cinema gostando do longa-metragem.

14 de mar. de 2011

The Strokes, The Pains of Being Pure at Heart

The Strokes - Angles


É difícil dizer o que causa mais frustração a respeito do disco novo dos Strokes, Angles: a demora no lançamento (lá se vão cinco anos desde First Impressions of Earth), a qualidade dos trabalhos solos executados desde então (só pra citar dois: o Nickel Eye de Nikolai Frature merece respeito, e o Little Joy de Fabrizio Moretti fez a alegria da galera), ou a influência new wave oitentista que abrange todo o álbum. "Under Cover of Darkness", o primeiro single, até que valia a pena. Não é o que acontece com os synths mal colocados de "You're So Right" ou a batida tétrica de "Games". Dez anos após o influente Is This It?, os novaiorquinos cometem um disco que é o Kid Abelha dos indies: música ruim e ignorável que no máximo pode embalar jantares sem incomodar.

The Pains of Being Pure at Heart - Belong

A banda com um dos nomes mais bacanas dos últimos tempos continua em seu segundo disco o cruzamento entre a sonoridade noise do Stone Roses e a melancolia feliz - se é que isso é possível - do The Cure, e ainda com um pezinho no lo fi. Quer provas disso? A bateria que conduz "Anne with a E" emula durante toda a música o clássico punch de "Be My Baby"/"Just Like Honey"; o teclado de "My Terrible Friend" passaria muito fácil em qualquer B-side de The Head in the Door e boa parte do climão de "Girl of 1000 Dreams" parece ser culpa do pessoal do Guided By Voices. Vale a escutada.

10 de mar. de 2011

Uma Carta ao Rei

Caro Roberto Carlos,

Escrevo essas mal traçadas linhas como forma de afeição, pois sou admirador da sua música desde criança. E esta carta existe apenas por um simples e único motivo: Roberto, o senhor precisa se modernizar. Há anos seus arranjos são os mesmos, pastiches da genialidade que já se exibiu um dia. São poucos os que te dão o merecido valor. Quem é rei nunca perde a majestade, mas muitas vezes é possível chegar ao ridículo - como o imperador nu da história de Andersen. E o caminho pode ser muito mais fácil que você imagina: um bom começo é ouvir este As 15 Super Quentes que o seu antigo parceiro Lafayette gravou com uma meninada carioca que é uma brasa, mora?

5 de mar. de 2011

Quando 3 é Menos Que 1: O Amor e Outras Drogas

Sabe quando você compra uma coisa, te entregam outra um bocado diferente da primeira e, mesmo assim, você é capaz de gostar da troca? Talvez seja essa a principal sensação que ocorre à mente quando se vê O Amor e Outras Drogas, estrelado pelo jovem e talentoso casal formado por Anne Hathaway e Jake Gyllenhaal. O filme, que começa com aquele jeitão de comédia corrosiva sobre o mundo corporativo americano (no caso, a indústria farmacêutica), torna-se no meio do caminho uma dramédia romântica das mais típicas. Entretanto, graças à boa atuação da dupla, isso não chega a ser exatamente um grande problema.

2 de mar. de 2011

O Nosso Work é Playá: 15 anos sem Mamonas


Atenção, “Creuzebek”, diga rápido: o que vem à sua cabeça quando se fala em Mamonas Assassinas? Uma resposta plausível seria lembrar-se de uma banda que se vestia de presidiário e de Chapolin nos programas dominicais da televisão, dos muitos trocadilhos e da maneira absurda e irracional como aconteceu sua morte, em março de 1996. Pois agora olhe bem o calendário: sim, exatamente, faz 15 anos que Dinho & Cia. faleceram em um desastre de avião na Serra da Cantareira. Feito um cometa, a ascensão e a queda da banda ainda assombram por sua rapidez e pela maneira como atingiu não só determinados ouvintes, mas a todo o país, em todas as faixas etárias.