31 de dez. de 2013

Um Ano Long-Play

"Ser leitor de blogs em pleno final de ano é uma merda. 

Afinal, em todos os blogs rola aquela reflexão sobre o ano que se passou e as etapas que terminam, expectativa pelas mudanças do ano que se aproxima, enfim, um clichê total". 
(Marco Lopez)

O pôr-do-sol em Vila Nova de Gaia, que me fez chorar numa tarde de junho


2013 foi o meu ano long-play. Primeiro, pela divisão em lado A (o intercâmbio em Portugal, a vida 'tranquila', as viagens no velho continente) e lado B (a volta ao Brasil, o novo trabalho, a correria de São Paulo). Segundo, porque apesar do nome "long", passou voando como se tivesse apenas 42 minutos. Terceiro, porque nessa época de blu-rays, alta definição e consumo de conteúdo na nuvem, parecia em alguns momentos que eu havia regressado a outras épocas da minha vida, em puro apelo vintage. Mas, acima de tudo, é mais um ano regido pela música.

25 de dez. de 2013

Levando a Vida Na Brincadeira

Todos os dias, milhões de brasileiros param sua rotina por alguns minutos para ver um vídeo engraçado no YouTube, uma postagem no Facebook ou um novo tumblr comentando a piada-sensação do momento. É uma cena que se repete em escolas, escritórios, casas ou no transporte público. Não à toa, quando questionados sobre as peculiaridades do brasileiro nas redes sociais, diretores de startups de internet estrangeiras destacam sempre o humor, adotado como um elemento característico do País.

No centro disso – e de olho no que se passa por aqui – está o YouTube, plataforma de vídeos do Google. Em junho, a empresa organizou a Semana da Comédia, voltada para incentivar a produção nacional do gênero. Na época, a vice-presidente do YouTube no Brasil, Danielle Tiedt, disse ao Link que “o humor está sempre nos canais mais vistos no Brasil”. De acordo com a SocialBlade, empresa que mede audiências no site, sete dos dez canais com maior número de assinantes por aqui são destinados ao riso. O campeão de acessos no Brasil é o Porta dos Fundos, criado por um grupo de humoristas – entre eles o colunista do Estado, Fábio Porchat –, que publica duas novas esquetes por semana. Após mais de 150 vídeos publicados, o canal conta com 50 milhões de visualizações mensais.

Ao melhor estilo Muricy Ramalho, até na Folga de Natal™ "aqui é trabalho, amigo". Hoje, estou no caderno de Economia do Estadão falando sobre como os brasileiros usam o humor nas redes sociais, e aproveitei para bater um papo com o pessoal do Porta dos Fundos, da Dilma Bolada e do Como Eu Me Sinto Quando, além de falar sobre a interface entre riso e publicidade. A matéria faz parte de uma reportagem especial em quatro capítulos que o Link está fazendo: ontem, o grande Camilo Rocha abriu os trabalhos com o panorama geral, amanhã tem a Lígia Aguilhar falando sobre comportamento, e, na sexta, o Murilo Roncolato escreve sobre como o futuro é mobile. Acompanhem! 

23 de dez. de 2013

A Música Entre Aplausos e Curtidas

Quando a internet começou a se popularizar, no começo dos anos 2000, abriu-se uma nova e empolgante perspectiva para os artistas: a de alcançar milhões de novos fãs de maneira fácil, simples e barata, dispensando apoio e dinheiro de grandes gravadoras. As mesmas ferramentas e canais, no entanto, estão acessíveis a todos. A vitrine ficou maior, mas a disputa por espaço também, sendo assim cada vez mais difícil ser ouvido em meio a tantas vozes, músicas e plataformas.

O DJ e produtor Waldo Squash, da Gang do Eletro, que tem seu álbum Treme incluído entre os destaques de 2013, disse que a internet facilitou muito “o aprendizado e compartilhamento de conhecimento entre artistas”, mas a parte de divulgação é “complicada”.

Diante dessa situação, artistas e seus representantes têm que dedicar boa parte do seu tempo cuidando de estratégias para chamar a atenção na rede. “Um dos dramas da minha vida é não poder me dedicar só à música, e ficar menos preocupado com divulgar o trabalho”, diz Alexandre Kumpinski, vocalista da Apanhador Só, apesar de preferir a independência a se submeter a uma gravadora. A banda gravou seu álbum Antes Que Tu Conte Outra com R$ 60 mil levantados por financiamento coletivo, realizado com a colaboração de 1.300 fãs.

Em um trabalho coletivo meu e do grande Camilo Rocha, meu editor no Link, fechamos o ano para balanço com a matéria que me deu mais tesão de fazer desde que eu cheguei ao Estadão, falando sobre as maneiras que os músicos usam (ou não) para divulgar seu trabalho na internet, com a ilustre participação dos Móveis Coloniais de Acaju, o Boss in Drama, a Gang do Eletro, o DJ Guerrinha, do Dorgas, o MC Guime e a Apanhador Só, além da produtora Pamela Leme. Sem falar em quão legal é ter um enorme cavalo estampando as páginas de um caderno de tecnologia. 

Além da matéria principal, eu e o Camilo fazemos uma pequena retrô de campanhas de lançamento legais na sub, repercutindo os casos de Daft Punk, Boards of Canada e Beyoncé.

PS: Essa matéria foi escrita, da minha parte, ao som de Deolinda, Sigur Rós e Felipe Cordeiro. Achei que era uma curiosidade bacana que cês gostariam de saber. 

20 de dez. de 2013

Na Minha Opinião


Desde o lançamento do livro Eu Não Sou Cachorro Não, um belo trabalho historiográfico e jornalístico do pesquisador Paulo César de Araújo, em 2002, a música dita brega tem passado por uma revalorização crescente na última década, com resgates, tributos e relançamentos buscando conceder prestígio (às vezes em demasia) a nomes subestimados como Waldick Soriano, Agnaldo Timóteo e Odair José. No caso desse último, esse movimento alcançou um ponto importante na noite da última quinta-feira, quando o cantor goiano, "o terror das empregadas", subiu ao palco do teatro do SESC Pompeia para apresentar o show Odair José - Quatro Tons, baseado no relançamento de seus quatro primeiros trabalhos em CD, com organização do jornalista e produtor musical Marcus Preto.

18 de dez. de 2013

Indie Killed The Radio Stars - Ou Não


Eu levantei a bola no Facebook em uma discussão bacana, o Inagaki cortou como se fosse o Dante respondendo um levantamento do Ricardinho e achei bacana registrar alguns pontos legais e desenvolver por aqui. 

A música mais tocada nas rádios do Brasil em 2013 é "Vidro Fumê", do Bruno & Marrone. E não me pergunte mais sobre ela, porque eu nem sabia que ela existia até a lista aparecer. Sei que eu não sou exemplo para nada, mas acredito que muita gente que vai ler esse post também não ouviu. O que isso significa?

a) Que as rádios não representam mais nada? Duvido. Ainda que o número de execuções para que a música do 1º lugar fosse aclamada como tal tenha sido baixo - 36 mil execuções, sendo que são 365 dias no ano, ela precisa tocar mais ou menos 100 vezes por dia nas mais de 9 mil rádios (AM, FM e comunitárias) que o Brasil tem, o que mostra que é pouca rádio e pouca execução - o rádio ainda tem muito poder.
b) Que há um descolamento dos jornalistas de música e das rádios que tocam música hoje em dia? Muito possivelmente. Pode começar a reparar nas listas de fim de ano: é bastante possível que 80% dos críticos e jornalistas de música hoje em dia se restringem ao seu universo, e não buscam entender o que acontece nas paradas de sucesso (mea culpa incluso aqui). Depois de ver essa lista, fui atrás da Billboard do mês e me assustei com a quantidade de músicas que eu não conhecia, além de fenômenos como os sertanejos dominarem quase todas as listas no país, excluindo... a do Rio de Janeiro. À exceção do grande Fita Bruta, que olha para o indie e para o popular com o mesmo viés clínico (ainda que eu discorde bastante de muitos pontos de vista dos caras), e da Billboard, que é a revista da indústria mas só faz jogar confete, são poucos os veículos de música que atentam para o popular (sertanejos, Anitta, pagode e por aí vai) - isso virou tarefa dos 'cadernos de fofoca'. 

c) Ou que a música hoje é cada vez mais (macro)microcósmica (isto é, cheia de nichos diferentes, mas que podem ser gigantescos de vez em quando). É. Isso é verdade, um beijo pro Chris Anderson e a cauda longa. 

A lista, pra quem ficou curioso, tá aqui em cima. Não, "Show das Poderosas" não ficou em segundo, mas sim, em terceiro lugar. E "Get Lucky" tá em 24º.

Lá no Facebook tem mais um monte de coisa legal - e acho que essa é uma discussão que precisa render mais. 

4 de dez. de 2013

3 Perguntas: Bárbara, Blubell e Guri

Tempo anda sendo uma commodity escassa por esses lados nos últimos tempos, e não estou conseguindo nem parar para contar para vocês algumas das coisas legais que eu ando fazendo ultimamente. Se eu não disse antes, aviso: se você é fã deste espaço, gosta de lê-lo de vez em quando ou tem uma tara secreta por mim e meu deu nota 10 no Lulu (risos), sintonize-se comigo via Twitter, onde sempre dá tempo de falar uma bobagem ou outra. Enfim... 

Essa semana em São Paulo rola o SIM - Semana Internacional da Música, um catadão de palestras e shows muito bacanas. A programação completa você pode conferir no Scream & Yell. Pra aquecer as turbinas para o festival, mandei três perguntinhas curtas para Bárbara Eugênia, Blubell e Guri Assis Brasil (o guitarrista da favorita da casa Pública) sobre seus novos trabalhos, apresentações e algumas cositas más. Para conferir, é só clicar nos links acima :)

25 de nov. de 2013

Os Games Além dos Consoles

Depois de meses de espera, a oitava geração de videogames começa a chegar ao Brasil. O primeiro a desembarcar foi o console da Microsoft, Xbox One, na última sexta-feira, por R$ 2.299. Nesta semana, começam a ser vendidos no País o Wii U, da Nintendo, por R$ 1.899, e o PlayStation 4, por R$ 3.999. Apesar de serem a plataforma mais forte da indústria de games, engana-se quem pensa que o mercado se restringe apenas a essas três grandes marcas.

Nunca houve tantas opções para quem quer jogar. Além dos PCs, que hoje contam com diversas plataformas com distribuição digital de jogos, e dos aplicativos para tablets e smartphones, há portáteis e até um tablet específico para gamers. E esse mercado só tende a crescer. Segundo levantamento da consultoria Newzoo, a indústria de games faturou US$ 66 bilhões em 2012, e pode chegar a até US$ 86 bilhões em 2016.

Hoje a matéria principal do Link é minha, aproveitando a semana de lançamentos dos três consoles da oitava geração de videogames (PS4, Xbox One e Wii U) no Brasil para falar sobre o mercado de games que não tem nada a ver com os consoles. Muitos números, muita gente da indústria falando sobre o que pode acontecer, em uma matéria que deu um baita trabalho, mas tá bonita de ver no papel. Espero que vocês gostem. A edição de hoje também tem uma boa matéria do parceiro Murilo Roncolato falando sobre o esgotamento dos endereços IP (aqueles números que servem pra te identificar e são como um CEP da rede) e a sempre presente coluna do Homem-Objeto Camilo Rocha. 

20 de nov. de 2013

Em Busca de Outro Mundo: Cat Stevens em SP

Já houve um tempo na Terra em que homens queriam o mudar o mundo apenas pela força de suas palavras. Munidos de violões e guitarras, eles não queriam matar fascistas, mas fazer as pessoas pensarem que um mundo mais justo e igual poderia existir. Quarenta anos depois, os tempos mudaram, e as mensagens daquela época não soam mais como outrora - mas isso não significa que reescutá-las seja um exercício em vão. É essa a ideia por trás da segunda apresentação em São Paulo de Yusuf - o nome que Cat Stevens escolheu para sua carreira depois de se converter ao islamismo, no final dos anos 70 - no último domingo, dia 18, no Credicard Hall. 

Com ingressos entre R$ 180 e R$ 950 (inteira) –  e somando o estacionamento de R$ 40, pago pela maior parte dos espectadores naquela noite uma vez que ir de transporte público ao Credicard Hall é uma tarefa hercúlea num domingo à noite -, a apresentação fazia parte da Peace Train Tour, primeira excursão do cantor em dois anos. Na chegada, uma surpresa: como parte dos ingressos mais caros não foram vendidos, houve realocação de lugares, resultando no fechamento de toda a plateia superior do recinto. A maior parte do público, como seria de se esperar, estava localizada entre os 40 e os 65 anos de idade, e se entusiasmou com um começo de show acústico e delicado, no qual um envelhecido e barbudo Yusuf mostrou dois clássicos antigos: “The Wind” e “Where do The Children Play?”.

19 de nov. de 2013

Rapidinhas: Nevilton, Guilherme Arantes

Sacode, Nevilton (Oi Música)

Em 2011, ao lançar seu primeiro trabalho de fôlego após anos percorrendo o país na cena independente, os paranaenses da Nevilton surpreenderam com o pop-rock inteligente no disco “De Verdade”. Duas temporadas depois, Nevilton de Alencar (voz, guitarra e composições), Tiago Lobão (baixo) e Eder Chapolla (bateria) retornam ainda melhores com “Sacode”. Financiado por meio de um edital da Oi e com produção impecável de Carlos Eduardo Miranda e Tomás Magno, o álbum elimina os poucos excessos da estreia e investe em uma sonoridade roqueira, sem deixar a brasilidade e o lirismo de lado. É o caso de “Porcelana”, uma moda de viola com guitarras nervosas e refrão poderoso (”Ouça o queixar dessa insana / vida frágil, porcelana / trincando ao tocar o chão”), da balançada faixa-título, que soa como um Queens of the Stone Age de férias na praia, ou de “Noite Alta”, pop-rock cativante com vocal de inflexão caipira e um olho no despertador, outro na vida boa. Versátil, o trio tem potencial para atrair entusiastas de todas as faixas etárias. O moleque que acabou de comprar a primeira guitarra provavelmente vai se divertir com a ramonística “Bailinho Particular” e perceber que há vida além dos Black Keys com “Crônica”. Por outro lado, o tiozão barrigudo fã de Creedence se emocionará com a fofura de “Friozinho”, e ficará nostálgico com a dançante “Satisfação”, carregada pelo baixo portentoso de Lobão. Seja qual for a sua idade, fica aqui o conselho: desligue o celular, coloque “Sacode” para tocar e deixe a vida soprar no coração.

Preço em média: R$ 29
Nota: 9

Condição Humana (Sobre o Tempo), Guilherme Arantes (Tratore)

Pode parecer mentira, mas já houve um tempo no qual o Brasil brigava com a inflação, a Playboy exibia coelhinhas com pelos pubianos e Guilherme Arantes era rei nas paradas de sucesso. Se, a julgar pelos dois primeiros, 2013 parece ser o ano perfeito para o revival daqueles dias, a terceira condição pode ser satisfeita com a existência de “Condição Humana”, primeiro disco de inéditas de Guilherme em quase uma década. Lançado pelo selo do próprio artista e distribuído pela Tratore, o álbum não deixa de lado o romantismo que fez sua fama. “Tudo que eu só fiz por você” e “Oceano de Amor”, por exemplo, entrariam facilmente na trilha de qualquer novela global. Entretanto, os anos de retiro na Bahia e o esquecimento do mercado deixaram marcas em Guilherme, que volta crítico aos holofotes, tentando entender a velhice (“Olhar Estrangeiro”) e disparando contra aqueles que o abandonaram (“Onde Estava Você”, com a participação de Edgard Scandurra e um coral “indie” do circuito SESC-Baixo Augusta que inclui nomes como Tulipa Ruiz, Thiago Pethit, Tiê, Marcelo Jeneci e Adriano Cintra, entre outros). O melhor momento do disco, porém, é o balanço ingênuo, mas sincero, das mudanças do país nos últimos 30 anos, na boa “Moldura do Quadro Roubado”, com belas guitarras de Luiz Sérgio Carlini. Seja como for, o saldo é positivo: “Condição Humana” pode não ser o comeback que Guilherme Arantes merece, mas é o que ele precisa agora.

Nota: 8
Preço em média: R$ 25 (nacional)

Originalmente publicado no Scream & Yell, em setembro e maio de 2013, respectivamente. 

16 de nov. de 2013

Entrevista S&Y: Paulo Sérgio Valle

A ficha corrida de Paulo Sérgio Valle como compositor chega até a assustar. Afinal, este senhor carioca de 73 anos é o responsável por canções que se tornaram símbolos da música brasileira. Suas letras já foram ouvidas em filmes de Hollywood (com “Summer Samba”, ou melhor… “Samba de Verão”), executadas à exaustão nas rádios AM durante as décadas de 80 e 90 (o que dizer de “Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim”, parceria com Herbert Vianna gravada por Ivete Sangalo, “Essa Tal Liberdade”, com o Só Pra Contrariar, e “Evidências”, de Chitãozinho e Xororó) e até mesmo se tornaram símbolo das festas de fim de ano no país (quem nunca cantou ou sorriu amarelo com “hoje é um novo dia, de um novo tempo, que começou” que atire a primeira pedra).

Completando cinquenta anos de carreira, Paulo Sérgio Valle falou com o Scream & Yell por telefone, contando um pouco mais sobre o ofício de colocar palavras em melodias e transformá-las em uma máquina de dinheiro musical. Os primeiros passos da carreira foram dados em casa, junto com seu irmão Marcos Valle, “quase como uma brincadeira”, como diz o compositor na entrevista abaixo. Graças a uma intervenção do amigo Roberto Menescal, o Tamba Trio viria a gravar “Sonho de Maria” em 1963.

No papo a seguir, o letrista fala um pouco mais sobre a história dessas parcerias, além de opinar a respeito da música brasileira hoje em dia (segundo ele, a culpa da precariedade da canção hoje em dia se deve à má educação no país), direitos autorais (Paulo garante conseguir sobreviver só com royalties, mas sabe-se pertencente a uma elite privilegiada de artistas), a parceria com Herbert Vianna e biografias não autorizadas (cuja polêmica, para ele, foi criada para esconder a discussão em torno do ECAD). Com a palavra, Paulo Sérgio Valle.

Entrevistei o Paulo Sérgio Valle para um trabalho da faculdade (o mesmo que me rendeu a entrevista com o Bernardo Vilhena) e gostei tanto do resultado que mandei a íntegra da conversa para o Marcelo Costa, que a publicou mais uma vez em seu Scream & Yell, que tá bonito com as tirinhas do crítico cultural Bernard Bertrand, a volta do show da Poléxia escrita pela Ana Carla Bermúdez e a gostosa entrevista do Marcelo com o Selton, banda gaúcho-italiana que tem feito a minha cabeça nos últimos tempos.

12 de nov. de 2013

No S&Y: Planeta Terra 2013



A semana que antecedeu o Planeta Terra de 2013 foi chuvosa, fria e cheia de nuvens em São Paulo, como se um mau presságio caísse sobre o evento. Entretanto, o sol que brilhou forte na capital paulista durante o sábado do festival afastou as dúvidas de quem temia problemas com a mudança de local (que, depois de sair do Playcenter em 2011, passou pelo Jockey Clube no ano passado) e de produção (com o comando dividido entre Terra e Time for Fun), dando o tom certo para que o dia começasse bem no Campo de Marte, na zona norte da cidade.

Mais uma vez, tenho o orgulho de estar no Scream & Yell dividindo a cobertura do Planeta Terra 2013 com os amigos Marcelo Costa e Leonardo Vinhas, com um texto meu ilustrado pelas lindas fotos da Liliane Callegari - como essa fã da Lana del Rey que tá me fazendo suspirar há uns dois dias. Na programação do festival, tem espaço pra tudo: do sessentismo d'O Terno ao "punk pra negócios" do Palma Violets, a farofa de Lana, a esquisitice de Beck, o amor Super Bonder do Travis e o arrasador Blur deixando o resultado de lado pra jogar bonito. No saldo geral, o melhor Terra que este escritor viu desde que começou a acompanhar o festival, em 2011, com estrutura suficiente para que o público consiga focar sua atenção no que realmente importa: ouvir boa música ao lado dos amigos e voltar pra casa cantando como se não houvesse amanhã. 



Leia mais: 
Optimus Primavera Sound 2013, por Bruno Capelas
10 impressões sobre o Planeta Terra 2012, por Bruno Capelas
Balanção S&Y do Planeta Terra 2011, por Bruno Capelas, Marcelo Costa, Rodrigo Levino e Murilo Basso
Cultura Inglesa Festival 2012 - Burn This City, por Bruno Capelas
Lollapalooza 2012 - Dia 1 (Sábado) e Dia 2 (Domingo), por Bruno Capelas
Summer Soul Festival 2012, por Bruno Capelas e Renata Arruda
Cultura Inglesa Festival 2011, por Bruno Capelas
Queima das Fitas de Coimbra 2013, por Bruno Capelas
SWU 2010, por Bruno Capelas, João Carlos Saran, Guilherme Bruniera e Tiago Oliveira

11 de nov. de 2013

Tropa de Elite

Um pelotão armado até os dentes tomou de assalto o mercado de games na última semana. Ghosts, o novo episódio da série de jogos de tiro em primeira pessoa Call of Duty, vendeu US$ 1 bilhão nas primeiras 24 horas após seu lançamento, na terça-feira. Os dados são da Activision, responsável pela franquia que insere o jogador dentro de batalhas em guerras contemporâneas.

A contagem considera apenas os jogos vendidos para o varejo, e não para o consumidor final. Mas a marca alcançada por Ghosts (disponível para PlayStation 3, Xbox 360, Wii U, PCs e também para a próxima geração de videogames) pode ser o suficiente para roubar de Grand Theft Auto V o título de game mais rentável no menor tempo possível.

Lançado em setembro, o GTA V faturou US$ 800 milhões em vendas ao consumidor final no primeiro dia, e chegou à marca de US$ 1 bilhão em três dias. Antes disso, o troféu pertencia ao episódio anterior de Call of Duty, Black Ops II, que vendeu US$ 500 milhões para o consumidor final em 24 horas. Com o lançamento de Ghosts, as vendas de todos os jogos da franquia Call of Duty superaram o faturamento de bilheteria de séries do cinema como Harry Potter e Star Wars.

O Link Estadão de hoje tá bonito pra caramba, desculpem a imodéstia. Tem uma matéria bem bacanuda da Ligia Aguilhar sobre o projeto dos celulares customizáveis que a Motorola quer lançar em breve e um perfil meu sobre a franquia de games Call of Duty, que bate recordes e mais recordes de venda (e rendeu chamada na capa do lado do Odair José ♥). O que você leu acima é o começo da matéria, cuja íntegra pode ser conferida aqui. O resto da edição do Link, você lê por aqui

7 de nov. de 2013

Deezer: 'Chegamos Para Ficar'

Bati um papo bem bacana ontem com o Axel Dauchez, CEO global da Deezer, e falamos sobre o futuro dos serviços de streaming de música, a concorrência com o YouTube, comparações com o Netflix e a chegada de novos jogadores desse serviço, como o Napster e o Spotify, ao Brasil. Com 5 milhões de assinantes no mundo hoje, Dauchez mandou a letra: "Nós chegamos para ficar. Agora não tem mais jeito, e o serviço de streaming de música só vai crescer". 

Meu trecho favorito da entrevista é que vem a seguir, mas acho que vocês tem que ir lá no Link e ler tudo o que a gente conversou. Como disse o João Vitor Medeiros (o @indiedadepre), e eu não sou besta de deixar esse elogio passar, "tem que ler para entender o mercado de música hoje". 

"O [serviço de streaming de filmes] Netflix é um caso de sucesso que inspira o Deezer?
Acho que há uma grande diferença entre nós e eles. Na área dos filmes, há menos pirataria, e já existe um serviço de assinatura, que são as TVs pagas. Quando o Netflix inicia seus serviços em um país, o esforço de propaganda é direcionado a conquistar o usuário de uma dessas TVs pagas. Nós, por outro lado, estamos pedindo às pessoas que paguem por uma coisa pela qual elas nunca pagaram antes: música. Nosso processo de conquista de mercado vai ser mais demorado que o deles, mas, a longo prazo, temos uma solução melhor que a deles, porque nosso acervo é mais vasto. No Netflix, se você é fã de filmes de ação, você consegue esgotar o acervo do serviço em seis meses. No Deezer, a música é inesgotável."

5 de nov. de 2013

ESPECIAL: As 20 melhores músicas do Blur

Sim, amigos, é isso mesmo o que vocês estão lendo: este é mais um especial eleitoral do Pergunte ao Pop, que nesta edição aproveita a segunda passagem do Blur pelo Brasil (a primeira foi em 1999, no Credicard Hall), na próxima edição do Planeta Terra Festival, que rola neste sábado, 9, em São Paulo, para escolher suas melhores canções. A gente não quer saber se você acha o Oasis melhor, se era fã dos desenhinhos animados do Gorillaz ou se o The Good, the Bad and the Queen (aham) é que merecia esse lugar. O que importa é desvendar a alma da banda de Damon Albarn & Graham Coxon. 

Mais uma vez, este autor não enfrentou a tarefa sozinho, reunindo 39 votantes para escolher os grandes momentos da banda que, pelo menos nas vendas, venceu a batalha do britpop. Engraçado que muitos votantes relembraram a força da ironia, da zoeira e do jeito moleque de ser do Blur, mas, no fim das contas, as grandes campeãs deste especial foram canções singelas, cheias de amor para dar ou com o coração totalmente partido. É neste equilíbrio, entretanto, que se sustenta a obra (e também o repertório que será escutado neste sábado no Campo de Marte) da banda, que segundo Carlos Eduardo Lima, um dos votantes, "tem o cheiro da Inglaterra". 

Não foram poucos os votantes que lembraram como conheceram a banda, seja através do clipe da caixinha de leite, do jogo de videogame FIFA 98 ou, caso de alguns mais jovens, pelo DVD Parklive, que mostrava o show da banda no dia do encerramento das Olimpíadas de Londres em 2012, em pleno Hyde Park. Eu, particularmente, tive uma relação bastante distanciada do Blur durante muito tempo: amava cantar "Song 2" no Rock Band dos amigos, mas nunca tinha ido além disso - até ir para Portugal e ver que eles seriam os principais headliners do Primavera Sound, um dos festivais que eu havia prometido pra mim mesmo que deveria ver. Passei o primeiro semestre de 2013 escutando a banda compulsivamente, e o que eu vi no Parque da Cidade, no Porto, foi um dos shows pop mais bonitos da vida - daqueles no qual você se pega abraçando um desconhecido, que berra no teu ouvido: "Agora é 'The Universal', meu puto, e eu vou chorar!". Escrevi pro Scream & Yell contando como foi o show - caso vocês queiram ler, tá aqui. 

Mais uma vez, não foi uma tarefa fácil: perdi a conta de quanta gente chorou as pitangas falando que não conseguia colocar só cinco canções numa lista, se lamentando por não conseguir colocar AQUELE hit ou um lado-B esperto. Aliás, uma surpresa; foram poucos os lados-B que entraram nesta lista, sendo o resultado final um verdadeiro caminhão de hits, coisa que poucas bandas hoje em dia podem se orgulhar de exibir ao vivo. 

35 foram as canções do Blur citadas pelo Colégio Eleitoral Pergunte ao Pop (que você conhece no fim desta postagem), em votos que continham, como de hábito, cinco músicas em ordem de preferência e uma singela justificativa sobre a primeira colocada. A pontuação foi dada em ordem decrescente, com 5 pontos para o primeiro lugar, 4 para o segundo e assim por diante. (As justificativas, você pode ler aqui (clique para baixar), e quem quiser auditar esta lista, pode conferir a planilha a seguir). 

Das 35, 21 tiveram mais de um voto, sendo que as duas últimas dividem o 20º lugar, e são elas que você conhece a partir de agora. Para quem quiser escutar as canções enquanto lê a lista (ou se prepara para o Planeta Terra), o Pergunte ao Pop preparou uma playlist especial no Grooveshark, que está linkada no final deste post. Morning glory, but that's a different story: não importa se a sua vista está meio embaçada, o que importa é conhecer (ou reconhecer) as melhores canções do Blur. Woo-hoo.

4 de nov. de 2013

O "Netflix dos Livros" vem aí

"Não é segredo para ninguém que os serviços na nuvem chegaram para ficar. Depois de guardar documentos, ouvir música e assistir a filmes por streaming, sem precisar armazenar o conteúdo no computador, chegou a hora dos livros. É esse o conceito por trás dos serviços oferecidos por empresas como Scribd e Oyster.
    
Chamado de “Netflix dos livros” pela revista Wired, o Scribd lançou seu streaming de livros há cerca de um mês. Por US$ 9 mensais, o usuário ganha acesso ilimitado a um acervo de 40 milhões de títulos, que tem clássicos, publicações independentes, e, recentemente, recebeu o reforço do catálogo de uma editora bastante tradicional nos EUA, a Harper Collins. “Queremos ser parceiros de outras grandes em breve.”, explica Trip Adler, CEO do Scribd, em entrevista ao Link".

Tô na edição dessa segunda-feira do Link fazendo a matéria principal da editoria pela primeira vez (ê, foca!), falando sobre a chegada dos serviços na nuvem ao mundo dos livros, com ideias bem bacanas que podem revolucionar o mercado editorial. Além da matéria principal, que começa aí em cima, e da sub, que fala sobre bibliotecas digitais e clubes do livro, a edição de hoje ainda tem uma entrevista fodona da Lígia Aguilhar com um dos responsáveis pela cibersegurança do governo Obama, e uma notinha minha sobre Evan Amos, um maluco que quer criar um museu online livre sobre a história dos videogames. Chega mais. 

1 de nov. de 2013

30 One-Hit-Wonders Brasileiros do Século XXI

Você com certeza já viu alguma lista parecida com essa em algum lugar, mas... afinal, este é um texto que quer juntar as pérolas pop (ou pedaços de latão) que grudaram na sua cabeça nos últimos treze anos e foram os únicos sucessos de um artista.

A inspiração partiu de uma conversa no Twitter iniciada pela Ana Clara Matta, editora do Rock'n Beats, que divide comigo a brincadeira (ela cuidou da lista gringa, enquanto eu fico com a parte verde-amarela), cresceu a partir de uma postagem dela no Facebook tentando inventariar a brincadeira toda e acabou virando este especial, que você confere aqui e no Through the Frames, blog pessoal dela. 

Ao contrário do que se esperava, não vamos contar historinhas, nem te fazer lembrar onde foi parar cada uma dessas bandas, muito menos porque elas fizeram sucesso ou não. Contamos com a sua memória - e claro, um pouquinho de vergonha alheia - para que essa lista funcione. Seja qual for sua idade, o melhor está por vir agora, assim que você apertar o play. É uma verdadeira salada, que vai das coletâneas de funk do DJ Marlboro ao pop-rock melacueca das trilhas sonoras de Malhação, passando por resquícios do axé, do reggae e do rap nacional. Parafraseando um dos maiores hits dessa lista, se-se-sente a mixtape que foi feita pra você.

30 One Hit Wonders Brasileiros do Século XXI by Bruno Capelas on Grooveshark

29 de out. de 2013

O Cantor Mudo e a Sonora Vaia Ao Vivo

No Brasil dos anos 2000, existiu uma banda que juntou a raiva e os riffs do Pavement ao lirismo do Clube da Esquina e a dor e a beleza de se saber paulistano na melhor tradição do Ira!. Em quatro discos e dois EPs, cantando em inglês (no belíssimo Riding Lessons, um dos maiores discos feitos em língua inglesa no Brasil) ou em português (no derradeiro Tudo que eu sempre sonhei, escolhido por este autor como o grande disco da última década), o Pullovers nunca chegou a ser um sucesso de audiência entre os independentes, mas marcou seu lugar entre os grandes de uma cena anônima, encerrando suas atividades em 2010. 

Três anos depois, no mesmo dia em que Lou Reed morreu, Luiz Venâncio, o homem por trás das grandes letras do Pullovers, voltou aos palcos com seu novo projeto, O Cantor Mudo e a Sonora Vaia, em uma apresentação no Beco 203, na rua Augusta, em São Paulo. O grupo, que já havia lançado um EP no primeiro semestre de 2013, conta com alguns dos ex-integrantes da última formação do Pullovers, como Rodrigo Lorenzetti (teclado) e Habacuque Lima (guitarra, este também integrante do Ludov, banda que também contribuiu com a Sonora Vaia com a presença de Paulo Chapolim).

26 de out. de 2013

No Link: Brasil Game Show

última semana talvez foi a mais corrida desde que eu cheguei ao Estadão, mas depois de algumas boas horas de sono, é bacana demais ver o resultado dos últimos dias de trabalho. Quinta e sexta-feira, eu cobri a Brasil Game Show, maior feira de videogames da América Latina, que abre suas portas para o público geral entre hoje e terça-feira, a partir das 11 horas. 

Os grandes destaques ficam, claro, para os lançamentos dos novos consoles Xbox One e PlayStation 4, mas também rolou uma entrevistinha curta com o Marcelo Tavares, diretor da feira, e uma matéria bem bacana sobre um novo sistema para a classificação indicativa de jogos e aplicativos digitais que o Ministério da Justiça vai implementar em breve, além de coisas legais que eu vou contando para vocês nas próximas semanas. Aperta o start e vem comigo. 



23 de out. de 2013

No S&Y: Selton & Bárbara Eugênia

"No momento em que cavalos, camelos e outros bichos tomam conta dos holofotes da nova música brasileira, a noite do último sábado no Beco 203 revelou que é possível arejar o pop nacional sem seguir a cartilha pós-hermânica. Selton e Bárbara Eugênia nasceram no meio de um monte de gente, mas são parte do melhor que temos hoje em dia. A gente agradece".


Tô mais uma vez lá no Scream & Yell falando de dois grandes shows que rolaram nesse dia 19 no Beco 203, na rua Augusta, aqui em São Paulo: o dos ítalo-gaúchos da Selton e o da cantora carioca Bárbara Eugênia. Para tentar entender porque eles mereceram esse último parágrafo de maneira digna, o melhor a fazer é ir lá no site do Marcelo Costa, que tá passando por uma de suas fases mais bacanas, juntando as cenas portuguesa, latina e brasileira com exclusivas sobre a Sub Pop, os sensacionais quadrinhos de Guss de Lucca e o seu "Bernard Bertrand, o Crítico Musical" e as cervejas favoritas do Marcelo. 

21 de out. de 2013

Melhor Hambúrguer da Cidade: Paulista Burger

A coluna de hoje começa com uma confissão: depois que voltei de Portugal, perdi um pouco o tesão de continuar a busca pelo melhor hambúrguer da cidade. Assim como outras coisas deste blog, ela nasceu com o intuito de me fazer lugares diferentes de São Paulo, até que fosse possível encontrar uma lanchonete ideal, capaz de me fazer delirar apenas com a menção de seu nome. E eu cheguei a encontrá-la, de fato, como vocês podem lembrar pelos dois textos apaixonados que eu escrevi sobre a Hamburgueria do Sujinho. Mas das últimas vezes que fui à casa, procurei comer um lanche diferente do clássico X-Maionese, e falhei em encontrar boas variações. O que me fez pensar que talvez o Sujinho não fosse tão perfeito assim, ao menos não para todas as horas, e que era preciso continuar a busca. E ela prosseguiu, não muito longe dali, a apenas alguns quarteirões de distância, na rua Augusta, 1499, com o recém-inaugurado Paulista Burger. 

Criado pelo mesmo grupo que controla a rede de churrascaria Bovinu's, o Paulista Burger não me inspirou muita confiança nas primeiras vezes que passei em sua frente, descendo a Augusta para reencontrar amigos depois da viagem. Nesse último fim de semana, entre um grande filme ("Gravidade") e dois bons shows (Selton e Bárbara Eugênia, no Beco 203), resolvi arriscar. E gostei muito do que provei por ali.

19 de out. de 2013

Playstation, GTA e Candy Crush

Não comentei por aqui ainda porque a vida anda muito corrida nessas últimas semanas, mas a razão é bem boa: desde o começo de setembro, comecei como repórter do caderno Link do Estadão, e está sendo uma das coisas mais legais que eu já fiz nesse pouco tempo de carreira que eu já tenho. 

Todo dia é uma novidade, uma coisa nova para aprender, e a companhia do meu editor, o Camilo Rocha (que também é dono de um dos blogs mais legais do país hoje em dia, o Bate Estaca) e dos repórteres Ligia Aguilhar e Murilo Roncolato tem ajudado muito. Tenho chegado em casa esgotado na maior parte dos dias (e por isso este espaço está à míngua, algo que eu tentarei mudar assim que for possível), mas feliz. É uma das coisas legais do jornalismo: acordar no dia seguinte, ir na banca e ver o teu nome impresso lá, e um baita texto. Dá aquela sensação de "cara, fui eu mesmo que fiz isso?". 

Das coisas que eu fiz até agora, além de mil notinhas para o site, destaco três textos para o jornal que me deixaram bastante orgulhoso: um sobre o estrondoso sucesso do GTA V, outro sobre a febre Candy Crush, na qual bati um papo com o guru de games da King, Tommy Palm, responsável pelo jogo, e a fresquinha repercussão sobre o preço do PlayStation 4 no Brasil, capa do caderno de negócios dessa sexta-feira, 18. E vem mais por aí: prometo que conto pra vocês quando rolarem coisas novas por lá. :)

16 de out. de 2013

Rapidinhas: Anitta, Vanguart

Anitta, Anitta (Warner)

Você já ouviu essa antes: com cara de menina brincalhona, corpo malhado e atitude entre o sacana e o girl power, uma garota sai do subúrbio do Rio direto para as paradas de sucesso, apoiada em letras provocativas e funks suavizados. Em 2002, a descrição explicaria como o Brasil inteiro ficou ba-ban-do com a loira (falsa) Kelly Key. Onze anos depois, a história se repete com Larissa Machado, que, após cirurgias plásticas, shows com o Furacão 2000 e a adoção de um pseudônimo virou Anitta, “a nova sensação do pop nacional”. Duvida? Então discuta com as 50 milhões de visualizações da canção “Show das Poderosas” no YouTube. Misto de palavra de ordem e futrica feminina de salão de beleza embalada em um arranjo potente, a faixa foi alavancada por um clipe em p&b a la Beyoncè, uma coreografia que valoriza o corpo da cantora e é o carro-chefe de sua estreia em álbum. Lançado em julho, “Anitta”, porém, passa longe de ter um exército pesado de hits, sofrendo com uma produção pouco inspirada – preste atenção na programação percussiva, repetida em todas as canções – e em instrumentações nada originais (nas fracas baladas “Zen” e “Som do Coração”). Liricamente, o disco repete Kelly Key (“Cachorro Eu Tenho em Casa”, “Fica Só Olhando”) e higieniza o discurso de Valeska e Tati Quebra Barraco, repelindo as invejosas (“Achei”) e brincando de femme fatale beirando o sexismo (“Menina Má”, “Meiga e Abusada”). Na verdade, Anitta é que nem o seu “Príncipe de Vento”: agrada aos olhos e faz sonhar, mas é só abrir a boca pra fazer cair da cama.

Preço em média: R$ 19
Nota: 4

Muito Mais Que o Amor, Vanguart (Deck)

Reconciliações não são fáceis. Muitas vezes, acontecem por linhas tortas, e não parecem fazer sentido, mas trazem compensações quando funcionam. Essa talvez seja a principal lição que se possa extrair de “Muito Mais Que o Amor”, novo álbum do Vanguart. Depois de uma estreia acachapante e uma desilusão com o mainstream que rendeu um segundo disco turbulento, que lidava com frustrações e o lado mais tempestuoso do amor, chegou a hora de passar as coisas a limpo. É o que fica claro em “Estive”, uma road song na qual Hélio Flanders conta por onde passou, e, no final, convida o ouvinte a seguir em frente: “Vamos? Vamos!”. O que se vê nas dez faixas restantes são idas e vindas de um eu-lírico que quer acreditar no amor, com declarações simples, mas certeiras (“Meu Sol”, “Sempre Que Eu Estou Lá”), embaladas por arranjos folk-rock, “pra cima”. Até mesmo quando as circunstâncias forçam a se ir à direção oposta, o resultado é muito mais colorido e ensolarado que em “Boa Parte de Mim Vai Embora”, como em “Olha Pra Mim” ou na boa balada mccartneyana “Pra Onde Eu Devo Ir”. O problema é que, depois de dois trabalhos fortes e realistas, “Muito Mais Que O Amor”, por sua veia romântica, não resiste a muitas audições seguidas, como se sua vontade de acreditar no mundo soasse ingênua perto do que a banda já mostrou antes – um paralelo musical do final de “Antes da Meia Noite”, de Richard Linklater. Assim como o romance de Jesse e Celine, esta é uma banda que já nos deu boas emoções. E ainda tem muita lenha pra queimar. É preciso mais que o amor, mas vale a pena acreditar.

Preço em média: R$ 29
Nota: 6,5



Originalmente publicado no Scream & Yell, em setembro de 2013. 

10 de out. de 2013

Entrevista S&Y: Bernardo Vilhena

Ele é o homem por trás de algumas das letras mais marcantes do rock nacional, como “Menina Veneno”, “Vida Louca Vida” e “Corações Psicodélicos”, mas pouca gente sabe como é sua cara ou sua voz. No momento em que um de seus maiores sucessos completa 30 anos de idade e um de seus maiores parceiros dá uma guinada à direita, mostrando para que servem seus olhos grandes, sua boca grande e confundindo antigos fãs e chapeuzinhos vermelhos, o letrista e poeta Bernardo Vilhena bate um papo franco com o Scream & Yell.

Na conversa, o carioca relembra como entrou no mundo das palavras, conta a história de como conheceu Lulu Santos, Lobão e Ritchie e participou ativamente da cena roqueira da cidade na virada dos anos 1970 para os 1980. Além disso, ele desmistifica a origem do famoso “abajur cor-de-carne” da letra de “Menina Veneno”. Trinta anos depois, Bernardo aproveita a oportunidade para falar sobre direitos autorais, a PEC da Música e o ECAD hoje em dia, além de revelar que não fala com Lobão há anos. “Há certa babaquice em tentar reescrever e modificar o passado. Ele prega uma amizade com o Cazuza e o Júlio Barroso que ele não teve. O dia que ele parar de cantar as minhas letras no show dele, eu passo a respeitá-lo de novo”.

Estou fazendo uma reportagem grande pra faculdade sobre letristas (em breve falo mais disso), e no meio do caminho, entrevistei o Bernardo Vilhena. O papo foi tão bacana que eu resolvi mandá-lo para o sempre presente Marcelo Costa e o seu Scream & Yell. O resultado da conversa você confere lá. Aliás, vale dizer: o site tá bonito pra caramba, com entrevistas bacanas sobre quadrinhos, música e a coluna-charge do grande Guss de Lucca, Os Segredos de Bernard Bertrand, o crítico cultural

8 de out. de 2013

Açúcar, Suor e Cerveja


O último sábado, 5, não teve uma noite comum para a Choperia do SESC Pompeia. No lugar das usuais plateias comportadas que o local costumar receber ao hospedar rodas de samba, novatas bandas independentes ou até mesmo grupos de rap, um dos mais prestigiados palcos de São Paulo foi sede de comoventes rodas de pogo, stage dives e muito, mas muita adrenalina liberada. A razão? A segunda apresentação em solo brasileiro de um dos maiores ícones do rock nas últimas três décadas, o norte-americano Bob Mould.

3 de out. de 2013

Cavalo Sem Rumo

São Paulo, 28 de setembro de 2013. No palco da Choperia do SESC Pompeia, um homem ruivo e barbudo mostra suas canções em luz parcial, quase penumbra, deixando na escuridão as 800 pessoas que esgotaram a lotação do lugar e gritam animadas ao final de cada música, mas ouvem com silêncio as palavras e os acordes. Algumas dessas pessoas esboçam gritos de "lindo!" e "gostoso!", ao que o músico responde que "fica mais bonito no escuro". Mas afinal, quem é este homem e do que ele se esconde?

Algumas coisas se esclarecem ao se dizer que o homem é Rodrigo Amarante, uma das duas cabeças pensantes da banda brasileira mais influente da última década, os Los Hermanos. A apresentação no SESC Pompeia é apenas a terceira após o lançamento, na semana anterior, de seu primeiro disco solo, Cavalo, seis anos após a separação da banda.

25 de set. de 2013

(Per)versão: Elliott Smith

A sessão (Per)versão está de volta ao Pergunte ao Pop, depois de muito tempo na geladeira. A volta é culpa de uma senhora muito respeitada que adora usar sutiãs em forma de cone e sua homenagem ao grande Elliott Smith, mas falamos disso mais tarde. Espero que gostem - e caso tenham sugestões para artistas nessa coluna, por favor, mandem. Afinal, o PaoP é como uma padaria: servimos bem para servirmos sempre. 


Abrimos os trabalhos de hoje com a versão emocionada de Elliott para "Isn't It a Pity", clássico de George Harrison registrada no primeiro álbum solo do Beatle, All Things Must Pass, de 1970. A versão de Smith é um bootleg disponível no YouTube.

22 de set. de 2013

Olê, Olê, Olê, Olê, Brucê, Brucê

O manual de boas práticas do jornalismo cultural recomenda que não se usem frases superlativas na abertura de uma crítica, mas manuais como esse precisam ser ignorados certas vezes. Foi o que aconteceu na noite da última quarta-feira, dia 18 de setembro, quando um veterano músico americano e sua banda subiram ao palco do Espaço das Américas para o menor público de sua turnê mundial. Se você nunca foi a um show de rock, só existe um show ao qual você precisa assistir: Bruce Springsteen e a E Street Band.

11 de set. de 2013

Dois Golpes em uma Geração

Colaborador santista do Pergunte ao Pop, o Victor Francisco Ferreira me abordou esses dias no Facebook contando que estava se sentindo mal com as recentes mortes de Chorão e Champignon, os dois membros mais importantes do também santista banda Charlie Brown Jr. Pedi a ele que escrevesse então sobre o assunto, e o resultado foi este memorial que apresento pra vocês agora. Mais uma vez, valeu, Victão!

Enquanto escrevo passam-se quase 36 horas desde que soube da morte do Champignon e ainda assim é chocante pensar no que aconteceu. Em um espaço de seis meses foram-se aqueles que talvez fossem os principais responsáveis pela inclusão de Santos como celeiro para o rock brasileiro. O vocalista e letrista Chorão morreu de overdose no dia 6 de março. Pouco mais de seis meses depois, na madrugada do dia 8 para o dia 9 de setembro, Champignon aparentemente pôs fim à própria vida em seu apartamento em São Paulo. 

Talvez possa parecer exagero para um público que adora supervalorizar bandas independentes e/ou estrangeiras, mas o blockbuster Charlie Brown Jr marcou não só a minha vida, mas a de muitos da minha geração. Nasci e cresci em Santos. Desde que me dou por gente escutava aqueles caras tocando Brasil afora e levando junto com eles o orgulho de ser da minha cidade. Toda molecada santista da época sabia quem eram Chorão, Champignon, Marcão, Thiago e Pelado. Toda molecada santista da época sabia cantar “Só Por Uma Noite”, “Rubão”, “Proibida Pra Mim”, “Zóio d’ Lula” e outras.

10 de set. de 2013

ESPECIAL: As 20 melhores músicas de Bruce Springsteen

Começo esse especial do Pergunte ao Pop com uma confissão: durante muito tempo, eu achei que Bruce Springsteen tinha cara de frentista. Acho que era culpa da capa do Born in the USA, aquela clássica na qual ele está de costas com um boné nas mãos, em uma foto tirada por Annie Leibovitz, e dos inúmeros videoclipes que passaram pela minha frente quando eu era pequeno, no qual o Chefe exibia músculos, jaquetas jeans e camisetas agarradas. Foi preciso um bom tempo e a insistência de muitos amigos (dois deles, André Bina e Vinicius Olmos, me ajudaram mais uma vez a pensar e formatar esse texto) para que eu prestasse a devida atenção à obra de Bruce - um cara muito subestimado no Brasil, por sinal, mas que é um herói não só em seu país, mas também em boa parte da Europa.

Foto por Marcelo Costa, ao vivo em Trieste
Foi com a vontade de conhecer mais sobre Springsteen que essa lista foi elaborada - me ajudar a descobrir mais sobre ele, mas também ajudar o ouvinte iniciante que não sabe por onde começar a desbravar uma discografia que tem quase vinte discos de estúdio, e inúmeros petardos ao vivo.

Aproveitando a segunda passagem do Chefe pelo Brasil (a primeira, em 1988, teve apenas um show curto em São Paulo, em uma turnê coletiva com Peter Gabriel e Sting), tomei a liberdade de convidar amigos, jornalistas e palpiteiros para tentar escolhermos, juntos, as melhores músicas de sua vasta carreira. Para quem não sabe, o líder da E Street Band faz dois shows no país em setembro: no dia 18, no Espaço das Américas, em SP, e três dias depois, encerra a penúltima noite de Rock in Rio, após shows de John Mayer e Skank.

Não foi uma tarefa fácil. Mais uma vez, pedi aos votantes que escolhessem suas cinco canções favoritas do autor, em ordem de preferência, acompanhadas de um textinho que justificasse a escolha do primeiro lugar. A pontuação foi dada em ordem decrescente, com 5 pontos para o primeiro lugar, 4 para o segundo e assim por diante.

Muitos reclamaram do pecado de não conseguir colocar 5 canções em uma lista - teve até gente que disse não conseguir fazer um top 5 dentro de um disco. Houve aqueles que definiram critérios: "uma nova, uma antigona, um lado-B, um sucesso e a primeira música que eu ouvi do cara". Outros foram totalmente pessoais, e, curiosamente, teve até um votante que fez uma lista bastante instigante. Por não gostar de Bruce como cantor, ele elencou cinco releituras da obra do cara por outros artistas. Para você descobrir quem é, além de conferir todos os votos e textos que tornam este especial ainda mais saboroso, basta clicar aqui.

Ao todo, 53 canções foram citadas pelo Colégio Eleitoral Pergunte ao Pop (que você conhece no fim desta postagem). Dessas, 23 tiveram mais de um voto - e as 20 primeiras colocadas compõe a lista a seguir - se você quiser ir escutando as canções enquanto lê o texto, o amigo Fabio Carbone editou uma playlist no Spotify (e inclui uma favorita pessoal, "Glory Days", que não fez o top20). Para quem não mergulhou na obra do Chefe, repito o convite de começar agora. Para quem já é fã há muito tempo, faça o que o protagonista de "Thunder Road" sugere a Mary, entre neste carro, pulling out here to win.

5 de set. de 2013

Melhor Hambúrguer da Cidade: Seu Oswaldo - Revisita

Há tempos eu venho ensaiando recomeçar esta seção, que já me deu muitas alegrias e calorias a mais. Pois bem: mãos à obra. Como nem todo recomeço é fácil, resolvi abrir os trabalhos com uma revisita prometida há tempos: a Lanchonete do Seu Oswaldo. Charmosa casa no Ipiranga, com jeitão de boteco e um sem número de prêmios e indicações de amigos como dona do melhor hambúrguer da cidade, o seu Oswaldo tinha sido avaliado abaixo das minhas expectativas na primeira vez que fui até o bairro do Grito provar o famoso molho de tomates que acompanha seus lanches. 

Localizado na rua Bom Pastor, 1659, pertinho do SESC Ipiranga (aquele lugar legal onde a gente pode tomar um sorvete de iogurte daora por R$2,50) a Lanchonete do Seu Oswaldo é um salão sem placa ou banner na porta, com apenas um grande balcão (onde cabem umas 30 pessoas) e quatro mesas, sem o requinte ou o luxo das casas que se proclamam hamburguerias gourmet.

Ainda bem. O sistema de funcionamento é simples: você chega, pede o que quer e fala seu nome para um dos atendentes, que te chamam quando vagar uma mesa. Assim como outro estabelecimento favorito deste blog, o seu Oswaldo funciona à moda antiga - ou seja: não aceita cartão de crédito nem de débito, apenas dinheiro e cheque. 

Na visita anterior, não me impressionei muito nem com o X-Salada (o carro-chefe da casa) nem com o X-Bacon Maionese. Dessa vez, acompanhado do André Bina, do Vinicius Olmos e do Tiago Oliveira (meu mestre iniciador em hambúrgueres, mas essa história eu conto outro ia), as coisas foram bem diferentes. Repeti o pedido do X-Bacon Maionese, muito bem assentado, acompanhado de uma Coca-Cola de garrafa de vidro (<3). 

A carne (um hambúrguer pequeno e fininho, mas sem mixaria), o pão e o queijo não são grandes destaques do lanche, mas compõe uma base de sustentação interessante. Dessa vez, porém, a interação entre a maionese e o purê de tomate deu ao sanduba um molho todo interessante, em um sabor que mistura o ácido (da maionese), o doce e o salgado (do tomate).

Nada, entretanto, estaria correto se não fosse o bacon tostadíssimo, pronto para dar aquele gostinho de gordura maravilhoso ao conjunto, revalorizando o gosto da carne e do molho. Uma graça - e um hambúrguer bom o suficiente pra te fazer cogitar ir até o Ipiranga uma vez por semana. 

Nota: 4,25 fatias de bacon. 

Ranking MHC Pergunte ao Pop:

1 - Sujinho Pic Burger Maionese, Hamburgueria do Sujinho - Consolação (5)
2 - X-Maionese, Hamburgueria do Sujinho - Consolação (4,8)

3 de set. de 2013

No S&Y: Entrevistão com a Apanhador Só

Na semana que antecedeu o show de lançamento de “Antes Que Tu Conte Outra” na capital paulista, o Scream & Yell recebeu Alexandre, Felipe, o baixista Fernão Agra e o baterista André ‘Foca’ Zinelli para um papo regado a cerveja, tubaína e amendoim. Além de falar do novo álbum, o grupo fez sérias críticas à publicidade, mostrou-se decepcionado com Tom Zé após a polêmica da Coca-Cola, discorreu sobre o Fora do Eixo e apontou a expansão do jabá como “culpado” da realidade musical brasileira dos dias de hoje, ecoando a entrevista de Wado ao site no mês de agosto, além de escolher discos que representam a cara da banda (você confere as respostas nas fotos que ilustram a conversa). 

 Entretanto, mais que isso, a entrevista a seguir revela uma banda inquieta, criativa, e, acima de tudo, com vontade de arriscar para fazer as coisas acontecerem, levando à risca o significado da palavra independência. “Preferimos colocar o facão no mato a pegar a rodovia pavimentada e pagar um pedágio filho da puta”, diz Felipe. “Somos quatro pessoas dispostas a chafurdar para conseguir fazer com que música dê certo nas nossas vidas”, completa Alexandre. 

Na entrevista mais longa da minha carreira jornalística até aqui, participei de uma conversa foda com os rapazes da Apanhador Só e o Marcelo Costa. A transcrição dessa brincadeira foi um suadouro, mas o resultado, pelo menos para mim, valeu muito a pena. Respira fundo, não se precipite com o tamanho do papo e siga em frente - ou melhor, no link para o Scream & Yell. As fotos, mais uma vez deslumbrantes, são da primeira dama do site, Liliane Callegari. 

Leia mais: 
- Seis vídeos do show de lançamento de Antes Que Tu Conte Outra em SP

31 de ago. de 2013

"Eu Não Tô Nem Aí Pra Morte"


Existem determinados shows que não podem ser assistidos e analisados de uma maneira comum. Um deles é o de Arnaldo Baptista - um sobrevivente da música. Na última quinta-feira, assisti-o pela segunda vez com seu espetáculo "Sarau o Benedito?", no SESC Vila Mariana. Em pouco mais de uma hora, o irmão do meio da família Dias Baptista trafegou pelo repertório dos Mutantes, de sua carreira solo e de clássicos do rock (Beatles, Elton John, Rolling Stones) e da música erudita com uma alegria comovente, feliz por estar no palco após ter passado o que passou. 

Filmei alguns trechos do show do Vila Mariana, e, aproveitando a ocasião, (re)publico na íntegra o texto que escrevi sobre a primeira vez que o vi em palco, no SESC Belenzinho, na estreia de "Sarau o Benedito?", originalmente escrito para o Scream & Yell. 

No palco do teatro do SESC Belenzinho, um homem idoso (ou de melhor idade, como dizem os politicamente corretos) usando uma bata dourada e uma calça cinza toca um piano de cauda. À sua volta, pétalas de flores estão jogadas pelo chão, e atrás de si um telão exibe sua imagem ao vivo, contraposta a pinturas de cores fortes e formas simples, de grande intensidade. Esse homem chama-se Arnaldo Dias Baptista, e é quase um milagre que ele esteja vivo, em cima de um palco, sendo capaz de executar suas canções. Quando se considera que esta apresentação é a primeira que o cantor faz em pelo menos cinco anos é natural entender porque a noite de 8 de outubro de 2011 ganha ares de celebração quase única.