31 de mar. de 2013

Para-Lá-Tim-Bum: Barcelona, parte 3


A janela do avião nesse momento mostra só um pedaço da asa, nuvens e um resto de céu azul de um fim de tarde europeu, mas eu olho pra ela e vejo refletidos pedaços e memórias dessa última semana que passei em Barcelona. Os olhos não chegam a marejar, o que é bom, mas o coração quase bate descompassado ao lembrar do sol, das ramblas, dos hambúrgueres, dos prédios malucos de Gaudí, do Mediterrâneo e da sensação de conseguir encontrar um lugar especial no mundo, uma cidade que eu sinto que poderia chamar de casa.

28 de mar. de 2013

Para-Lá-Tim-Bum: Barcelona, parte 2


Hoje é a minha quinta noite em Barcelona, mas daqui a pouco vai ser a primeira vez que vou deitar a cabeça  no travesseiro sorrindo de orelha a orelha por estar nessa cidade. Até a tarde de hoje, a ficha não tinha caído. Eu já tinha andado bons pedaços da capital da Catalunha, desde as ruas ricas da Gràcia até as vielinhas do El Born e do Bairro Gótico, e nenhuma delas tinha sido capaz de explicar porque boa parte dos amigos que já vieram pra cá só pensam em voltar de novo.

27 de mar. de 2013

Para-Lá-Tim-Bum: Barcelona, parte 1












Barcelona sempre foi, desde pequeno, uma palavra muito presente no meu imaginário. Parte por culpa do time de futebol, que em 1996 contratou o meu primeiro grande ídolo, o Giovanni (aquele que deveria ter sido campeão brasileiro mas o Márcio Rezende de Freitas não deixou), parte porque há em São Caetano um bairro com o mesmo nome da capital da Catalunha, onde eu estudei, tive minhas primeiras aulas de violão e até hoje corto o cabelo. 

24 de mar. de 2013

Churrasquinho Grego: Atenas, parte 3


Quando o sábado começou, eu jurava que ele ia ser um dia tranquilo, dedicado a andar calmamente pelas ruas de Atenas, tirar algumas fotos e dar uma última olhada nos meus lugares favoritos da cidade. Ledo engano - mas não que isso tenha se convertido em um problema, de fato. Na noite anterior, um brasileiro chegou ao hostel, e quase como em um momento de Quase Famosos (aquele filme que fala também sobre as pessoas interessantes que você encontra na estrada), nos juntamos o dia todo. 

O resultado foi um passeio que me fez voltar ao Estádio Panathinaiko, ir ao Kerameikos e ao Monte Filoppapo (o lugar que tem a vista mais incrível de Atenas), comer o delicioso souvlaki (parecido com o gyros, mas no lugar da carne fatiada, entra um espetinho de porco de dar água na boca), mas, mais que isso, também me fez conhecer mais sobre o mundo e um pedacinho da Grécia.


22 de mar. de 2013

Churrasquinho Grego: Atenas, parte 2

Gamado no gamão (ao fundo, o Monastiraki)
Quanto tempo é necessário para um amor nascer? As canções pop me dizem que são mais ou menos três minutos, os filmes de Richard Linklater avisam que basta apenas um período do dia (antes do nascer ou do pôr-do-sol), e os poemas do Bandeira precisam de apenas algumas poucas linhas para fazer o coração bater. Atenas, entretanto, foi um pouco mais exigente: pediu dois dias e pouco menos para deixar algumas marcas em mim.

Se ontem foi um dia bastante nublado, com o sol e a chuva dando às caras de vez em nunca, a sexta-feira foi talvez o dia mais bonito que eu vi desde que cheguei na Europa, em um sábado de carnaval. Fez sol o dia todo (e deu pra usar só camiseta, coisa que fazia quase dois meses que eu não fazia), o que deixou uma cidade já colorida com um brilho todo especial. Aproveitei para tirar fotos (algumas vocês podem ver aqui neste texto, mas todas elas estão lá no Facebook) e pra curtir a cidade a pé, como deve ser feito (apesar de muitos gregos tentarem me fazer pegar o metrô).

21 de mar. de 2013

Churrasquinho Grego: Atenas, parte 1

Yasu! É como se diz olá em grego, embora eu deva dizer que até agora o "excuse me" e o "hello" tem sido bem mais eficientes. É mais de meia-noite da quinta para a sexta-feira aqui em Atenas, e tudo que eu consigo dizer é: que cidade foda.

17 de mar. de 2013

Para-Lá-Tim-Bum: Madri, parte 4



O último dia de Madri foi um dia dedicado à contemplação e à bateção de perna, em um ritmo bastante calmo - uma vez que ninguém mais aguentava ver museus pela frente. Saímos andando a esmo pela cidade depois de deixar as malas no hostel e pegamos a Gran Vía rumo à Plaza de España - também conhecida como aquela do Dom Quixote, onde eu fiz questão de tirar uma foto homenageando... Cartola. 

16 de mar. de 2013

Para-Lá-Tim-Bum: Madri, parte 3

Um móbile de Calder no jardim do Reina Sofia

O sábado não deveria ser, mas acabou por se tornar o meu dia mais longo em Madri: depois de acordar às oito da manhã para tomar o café da manhã do hostel (café solúvel, suco de laranja, pão com manteiga e torradas com muita Nutella), tomei banho e parti em direção ao Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia. De lá, para o Santiago Bernabeu, a casa dos galáticos, e à noite era vez de conferir o que aprontaria Josh Rouse em um de seus primeiros shows com o repertório do novo disco The Happiness Waltz. Vamos em frente.

15 de mar. de 2013

Para-Lá-Tim-Bum: Madri, parte 2

Eu quero aquele ali, moço!

Muito sono e dor nas pernas eram os meus principais companheiros na manhã de sexta-feira - e não havia aspirina e café que bastassem para segurar a onda, então o jeito era seguir em frente e pegar chuva para ir até o Museo del Prado, em uma jornada que parecia ser breve. Até o momento que eu decidi que não ia bobiar e perder a chance de ver nenhum quadro maravilhoso e escondido no museu. Grande erro.

14 de mar. de 2013

Para-Lá-Tim-Bum: Madri, parte 1


Depois de uma semana sem dormir direito (por culpa de aulas, noitadas e inquietações pessoais), acordei às cinco e meia da manhã de uma quinta-feira chuvosa em Lisboa para embarcar em minha primeira viagem ao estrangeiro. (Se minha pátria é minha língua, a cidade em que vivo agora é apenas um lugar um bocado distante de casa). O bilhete da Iberia (que estava em greve naqueles dias) e o ingresso para o show do Josh Rouse não escondiam meu destino: Madri, acompanhado de uma galera animada e travessa que prometia aprontar altas confusões na capital espanhola.

11 de mar. de 2013

15 bandas para baixar antes do fim da Trama Virtual

Criado em 2001, quando o primeiro grande serviço de compartilhamento de músicas começava sua derrocada e o mundo P2P buscava novas saídas, o Trama Virtual se notabilizou nos últimos anos por ser um dos mais importantes sites brasileiros sobre música, oferecendo a seus visitantes uma plataforma que combinava notícias, downloads gratuitos e a oportunidade de conhecer ou divulgar novos trabalhos. Responsável pela popularização de artistas como Cansei de Ser Sexy, Móveis Coloniais de Acaju e boa parte da turma do emo/happy rock (Fresno, Forfun, CINE) que tomou conta das paradas de sucesso no final da década passada, o site criado pela gravadora de João Marcelo Bôscoli vai encerrar suas atividades no dia 31 de março de 2013. 

É uma pena, mesmo considerando que há tempos o endereço já não cumpria tão bem sua função - em parte por falta de recursos da própria trama, em parte porque sua tecnologia vem sendo superada pelos serviços de streaming e pela evolução da velocidade de conexões, que permite hoje a um internauta baixar um disco em um décimo do tempo que ele levava para ter apenas uma canção em seu HD em 2001. 

Para mim, o Trama Virtual foi o local onde conheci e tive acesso à uma parte considerável da trilha sonora da minha adolescência. Pensando nisso, e considerando o acervo interessantíssimo que o site possui ligado até o fim do mês, o Pergunte ao Pop selecionou o trabalho de 15 bandas que merecem a sua atenção e a sua paciência de baixar música por música. Assim como nós, o pessoal do Na Mira do Groove, do Floga-se, do Scream & Yell, do Urbanaque, do Fita Bruta, do Rock in Press e do La Cumbuca também fizeram suas listas. Juntas, elas são mais que uma recomendação: são um grande panorama do que de melhor se fez no Brasil nos últimos quinze anos. Mãos à obra - e ao download! 

6 de mar. de 2013

O Pensamento de Chorão

Encontrado morto na madrugada desta quarta-feira em seu apartamento em São Paulo, o cantor Chorão vai deixar uma lacuna no pensamento vivo do rock brasileiro. Líder do Charlie Brown Jr., o marginal alado ocupou lugar central como poeta e filósofo das ruas para boa parte dos adolescentes que cresceram entre o final da década de 1990 e o começo dos anos 2000. 

Alavancadas por bases instrumentais inspiradas no Red Hot Chili Peppers e no Rage Against the Machine (de quem fez uma versão inesquecível de "Killing in the Name"), as letras de Alexandre Magno Abrão certamente influenciaram muitos jovens adultos dos dias de hoje. Para deixar marcadas suas ideias para as gerações vindouras, o Pergunte ao Pop reúne neste texto dez grandes aforismas do grupo santista. Descanse em paz, Chorão.

5 de mar. de 2013

O Mundo com Olhos de Iniciante

A tarde ensolarada e fria que faz hoje em Lisboa me fez lembrar das músicas e desse texto que escrevi em 2010 sobre a estreia homônima da Apanhador Só, para o antigo Pop to the People. Uma das mais instigantes de sua geração, a banda gaúcha promete disco novo para abril/maio, em uma sequência muito aguardada pelo dono deste espaço. Enquanto seu lobo não vem, é tempo de reescutar Apanhador Só. 

Um jeito interessante de pensar no auto-intitulado e recém-lançado disco da Apanhador Só é imaginar contrastes: em plena rua Augusta, indies de calças xadrezes e óculos de borda grossa (sem lentes de grau, obviamente, só pra manter o hype) dançam frevos e sambinhas regados a guitarras e teclados. Ou ainda: o encontro de Stephen Malkmus e Rivers Cuomo com Paulinho da Viola e Luiz Gonzaga em pleno domingo à tarde de sol para uma jam session. Porém, essas duas descrições soam incompletas: a elas falta o lirismo peculiar de quem é “marinheiro de primeira viagem”, que se encontra em todas as faixas de Apanhador Só.

1 de mar. de 2013

Top 5: Aqui não tem Harlem Shake

Há dias a internet (e os programas jornalísticos metidos a engraçadinhos) não falam de outra coisa que não do famigerado "Harlem Shake" - um meme que parece destinado a se tornar para 2013 o que foram "Gangnam Style" e "Call Me Maybe" na última temporada. O Pergunte ao Pop, porém, vai na contramão de seu próprio nome e te manda esquecer por alguns minutos o novo "hit da web" (risos), lembrando cinco grandes canções que falam sobre o bairro negro novaiorquino. Começamos nossa viagem com um clássico de 1960 da dupla Leiber & Phil Spector, na voz de Ben E. King: