29 de jul. de 2011

Erasmo, Vanguart, CSS

Após um longo inverno - que incluiu o lançamento de um CD/DVD ao vivo pela Universal - finalmente aparecem as primeiras pistas do que será o esperado segundo disco da Vanguart. A banda de Hélio Flanders, que em 2007 trouxe à tona o aclamado auto-intitulado álbum, lançado pela revista OutraCoisa (de Lobão), divulgou nos últimos dias "Depressa". A princípio, ao contrário do que foi anunciado por Flanders por aí em muitas entrevistas, a canção segue bem a linha do trabalho de 2007, com um pouco mais de energia e punch. Esperar pra ver.

Enquanto o Rei entrou num estado de completa letargia musical, seu amigo de fé irmão camarada Erasmo Carlos vem, nos últimos anos, fazendo um trabalho muito bacana - seu último álbum, "Rock'n Roll", de 2009, é um baita disco. Com charme - e o vigor sexual que lhe deu o título de Tremendão - aparece agora "Kamasutra", parceria dele com Arnaldo Antunes que é o primeiro single de seu próximo disco, "Sexo". Entre guitarras e cítaras, Erasmo se diverte dissertando sobre posições, com toda a classe que lhe é possuída.

Já o CSS soltou também essa semana a música de trabalho de seu vindouro álbum. "La Liberación", que é a faixa-título, traz à tona de volta o non-sense que gerou o hype todo em cima do grupo paulistano, ainda no começo da década passada. Em um espanhol digno de Miami - e não de Ciudad del Este - Lovefoxxx berra um hino ao "se joga", feito na medida pra baladas rock. Depois de umas duas ou três escutadas, a música fica na cabeça - e isso é uma melhora em relação a "Donkey" - mas ainda é pouco pra quem fez pedradas como "Off the Hook", "Music is My Hot Hot Sex" e "Superafim".

25 de jul. de 2011

Dois é Pouco


Não é surpresa para ninguém, mas ninguém mesmo - a menos que esse alguém tenha passado os últimos vinte anos em Marte – que a Pixar é um dos grupos mais interessantes do cinema feito hoje em dia. Desde o começo da parceria com a Disney em Toy Story, já se vão mais de quinze anos dedicados à produção de animações que atingem em cheio não só crianças, mas sim o público de todas as idades. Em 2011, a empresa entrega a seus espectadores mais um produto de sua fornada: Carros 2. A sequência da película de 2006 protagonizada pelo bólido Relâmpago McQueen pode não ser o melhor filme do gênero da temporada, mas passa longe de decepcionar.

20 de jul. de 2011

"Maturidade é Só Uma Fase"

Pare um momento e pense, caro leitor: o que você fazia seis anos atrás? Como eram seus pensamentos, com que pessoas você andava, como você se expressava para o mundo? Que tipo de músicas você ouvia? Pensou? Então tá ok. Provavelmente algumas coisas continuam iguais, mas muito em você mudou - especialmente se você era um adolescente em 2006 e hoje já é tido como um adulto. Tendo em vista essa "perspectiva histórica", dá para se entender melhor a cabeça de Alex Turner e seus companheiros do Arctic Monkeys, que acabam de lançar seu quarto petardo, Suck It And See.

14 de jul. de 2011

Bidê ou Balde, Cícero

Bidê ou Balde - Adeus, Segunda-Feira Triste

Senhores, a Bidê ou Balde está de volta. Em Adeus, Segunda-Feira Triste - título inspirado na obra de Kurt Vonnegut -, a banda gaúcha traz à tona com força total a ternura e a cafajestagem que permearam os dois primeiros discos da banda. É o que dá pra sentir na sacana "Madonna", que lista em seu refrão os célebres amantes da cantora americana, ou na fofa "(Não Existe Lugar) Mais Longe Que o Japão". "Me Deixa Desafinar", por sua vez, é mais uma das canções irresistíveis e metalinguísticas que a Bidê faz. Ao final, ainda sobra espaço para a mensagem de "Tudo é Preza": nela, apaixonadamente, Carlinhos Carneiro canta que quer "que as canções modernas sejam sempre cheias das palavras certas". Em tempo: além de tudo isso, a banda ainda tem feitos shows históricos por onde tem passado, levando quem os assiste de volta para 2002, 2003. Imperdível.

Cícero - Canções de Apartamento

Primeiro disco solo de Cícero, vocalista da finada banda carioca Alice, Canções de Apartamento passeia por um universo lírico e delicado, que ficou perdido em algum lugar da vida contemporânea. É um convite a adentrar o mundo solitário de um apartamento de 25m², com direito a certas imperfeições que só um som ambiente pode dar, como ele explica no release que acompanha o álbum. Musicalmente, Cícero trafega entre o folk, o rock e a MPB, lembrando ao msmo tempo Caetano Veloso - citado na idílica "Vagalumes Cegos" ("vamos ver um filme/ter dois filhos/Ir ao parque/discutir Caetano/planejar bobagens") - Wilco, Beirut e o Los Hermanos dos últimos discos. As letras do disco acompanham a tônica das melodias, versando sobre relacionamentos ("Açúcar ou Adoçante?"), solidão ("João e o Pé de Feijão") e planos para o futuro. Vale a pena ainda prestar atenção nas referências a Tom Jobim ("Pelo Interfone") e Braguinha ("Laiá laiá").

9 de jul. de 2011

O Clube dos Corações Surdos

Entre os diversos jeitos de se classificar uma banda, um dos mais peculiares é o da vergonha. É o que diferencia grupos que tem e que não tem vergonha de fazer canções com apelo pop - como se, em algum momento perdido da história da música pop, alguém tivesse decretado que fazer bonitos e fáceis refrões fosse um pecado capital. A Harmada, nova empreitada de Manoel Magalhães, um dos melhores letristas da geração anos 00, pertence claramente ao time das desavergonhadas. Música Vulgar para Corações Surdos, trabalho de estreia da banda - que além de Manoel nos vocais e guitarras, conta com Brynner Mota na guitarra solo, Juliana Goulart na bateria e Filipi Cavalcanti no baixo - está repleto de belas músicas sobre amor, situadas em algum lugar entre a distorção do rock dos anos 90 e o charme de bandas como Travis e Coldplay.

3 de jul. de 2011

Não Fosse o Bom Humor

Escrevi esse texto para o Muzplay, do parceiro Adriano Moralis, e o publico aqui agora por uma triste notícia: sim, a Superguidis acabou. Pra quem é fã da banda, resta um alento: eles divulgaram hoje um canto do cisne, o EP EPílogo, com versões demo e ao vivo de músicas que poderiam compor o quarto disco dos gaúchos. A quem interessar possa, aqui:

Depois de cerca de seis meses longe dos palcos paulistanos, a Superguidis voltou à cidade em uma única apresentação no Itaú Cultural, no último sábado, dia 18. Ao divulgar seu mais recente álbum, Superguidis, de 2010 – ou, como é mais conhecido pelos fãs, "Triângulos" -, os gaúchos deixaram claro para os ali presentes que são capazes de fazer um dos shows mais intensos do cenário independente nacional. Se, em estúdio a banda aponta para um caminho mais maduro, mas sem perder a inocência e o frescor de outrora, ao vivo essa sensação é ampliada.