31 de jan. de 2014

Campus Party, Dia 4

Dia corrido, puxadíssimo e cheio de entrevistas cujo conteúdo vocês verão a partir de sábado no Link. A quinta-feira, quarto dia de Campus Party, teve correria, roubo de equipamentos, um calor ainda maior no Anhembi Parque e o show nacional do ano até agora para este blog. 

Não é muito difícil: com duas músicas (os hits "Rolê de Hayabusa" e "Bumbum na Água") e a vaia de 89% dos campuseiros, segundo o ínstituto DataNoa, ligado à FunPaoP, o funkeiro MC Dede mostrou porque é um dos maiores hitmakers do ostentação. Amanhã tem mais - o penúltimo capítulo desta ~nave louca~ que é a CPBR7.

30 de jan. de 2014

Campus Party, Dia 3

Parece que não ia chegar nunca, mas já estamos na metade da Campus Party. Neste terceiro dia, a feira mostrou porque seu ideal de qualidade versus quantidade é interessante: sem uma grande presença como a de Bruce Dickinson, foi possível prestar mais atenção nas mesas dos palcos em segundo plano e em boas startups, além de descobrir mais sobre a dieta pouco ortodoxa que muitos campuseiros seguem para conseguir ter alguns trocados até o fim da feira. 

Entre os destaques, vale citar ainda a participação de Andreas Gal, vice-presidente da Mozilla, e o vídeo bacana que o Link publicou hoje com a vista aérea da feira gerada a partir "dos olhos" de um drone. Nessa quinta-feira tem mais cobertura, com Evernote, PayPal e Viber como grandes estrelas. Enquanto este repórter dorme e descobre mais coisas bacanas para contar para vocês, tem links legais para serem lidos logo a seguir. 

29 de jan. de 2014

Campus Party, Dia 2

Segundo dia de Campus Party foi ainda mais agitado que o primeiro e teve bastante coisa bacana - cliquem nos links ao final do post para sacar qual foi a dessa terça-feira lá no Anhembi Parque, chamada informalmente por mim de dia "respeite o metal \m/". Se ontem foi dia de Marta Suplicy, hoje a fera da vez foi Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden, que falou sobre seus negócios em aviação e deu uma palavrinha sobre como a música sobrevive - na palestra, ele afirmou que o Iron Maiden ganha mais dinheiro com cerveja e camiseta do que com música, mas continua fazendo álbuns para ter novos fãs. Tempos modernos. 

Além de Dickinson, a terça-feira teve campeonatos de League of Legends; o primeiro caixa eletrônico de Bitcoin da América do Sul e muita coisa bacana. O último link contem um vídeo no qual eu e a Ligia Aguilhar comentamos a passagem do Bruce Dickinson pela feira. Além disso, tive a honra de colaborar com o Murilo Roncolato em uma transmissão teste de livestreaming pelo portal do Estadão, justamente na hora que a luz falhava na feira. Fear of the dark? Não. Simbora que amanhã tem mais! 

Bruce Dickinson: ‘Uma startup precisa de fãs e não de clientes’
Torneio de games parece Copa do Mundo na Campus
Caixa eletrônico de Bitcoin está na Campus Party
Controlando máquinas com a mente
Bruno Capelas e Ligia Aguilhar comentam a passagem de Bruce Dickinson na Campus Party:

27 de jan. de 2014

Campus Party, Dia 1

Como eu disse ontem aqui no blog, essa semana é semana de Campus Party - a maior feira de ciência, tecnologia e cultura digital do País. E esse primeiro dia, apesar de não ter palestras, foi um dia bem bacana lá no Link. 

Saldo geral da brincadeira incluiu um monte de fotos legais pro Instagram do jornal (que voltou à ativa, hehe), uma entrevista exclusiva com a Marta Suplicy, atual ministra da Cultura (e para sempre mãe do Supla, o charada brasileiro), inúmeras citações de "a zoeira não tem limites" e muito, mas muito suor - de calor e de trabalho. Amanhã tem mais, mas deixo aqui o convite para vocês acompanharem o #trampo - no site do Link, no minuto-a-minuto, no Instagram, no Twitter, no Facebook e onde mais vocês acharem que vale a pena. Vida longa e próspera a todos nós.

Campus Party, Orkut e Blog Novo

Hmmmm... calma. Está tudo bem: o Pergunte ao Pop vai continuar por aqui, feliz e contente como sempre esteve (em fevereiro, completamos três anos de blog!). As três coisas acima tem a ver com novidades no trampo, no Link.

A primeira foi um papo com o Paco Ragageles, fundador da Campus Party, feira de tecnologia, ciência e internet que começa amanhã no Anhembi - e vai ser uma grande aventura. A curiosidade legal é que a entrevista com o Paco foi meu primeiro texto a sair numa edição de domingo. (Jornalista principiante é fogo, tem uma série de "primeiras coisas..."). 

A segunda foi uma das minhas matérias preferidas até hoje lá no Estadão: para comemorar os dez anos do Orkut (a melhor rede social existente depois do Twitter), preparei um textinho com 10 motivos para sentir saudades do site do verdadeiro Turko Loko, com direito aos depôs, os gifs animados de scraps e as comunidades babacas como "Lenin, de três", "Luta de classes" e "Sou mole, tô te dando um legal". A maior glória jornalística, entretanto, foi ter colocado a imagem ao lado em um texto do tradicional Estadão. E como zoeira pouca é bobagem, a terceira novidade também tem a ver com o fígado. 

A partir de hoje (já é segunda?) fico responsável por reviver um dos blogs mais legais da história do Link, o LOL, dentro da reforma pelo qual o nosso querido site vai passar (chega mais em breve pra ver como ficou). Vou colar a carta de apresentação do blog aqui pra cês entenderem melhor. 

Como o nome do blog já diz (LOL é uma abreviação para “laughing out loud”, ou “rindo muito alto”), queremos reunir aqui os memes, os gifs animados, as páginas de humor, os vídeos engraçados e as piadas que fazem da web um lugar mais divertido e interessante, explicando o que são, onde vivem, do que se alimentam e como se reproduzem.

Para nós, humor também pode ser coisa séria – mas, lembre-se: a zoeira, ela não tem limites. Ela é fistáile.

24 de jan. de 2014

Melhores 2013: Filmes

Repito a ideia da listinha de 2012 aqui: como cinema não é o forte do Pergunte ao Pop, embora este escritor às vezes brinque de falar sobre a sétima arte, preferi listar apenas os meus longas-metragem favoritos do ano e linkar boas críticas sobre os filmes, que refletem boa parte das minhas opiniões. Duas coisas: o critério para 2013 foi a entrada em circulação comercial no Brasil (salvo o caso de Nothing Can Hurt Me, assistido em Lisboa), e a lista foi reduzida de 15 para 10 filmes por conter apenas filmes estrangeiros - por ter passado metade do ano fora e por coincidência, a safra do cinema brasileiro neste ano não me empolgou. É isso. O filme do ano, mais uma vez, é um filme que levanta a bandeira do nome deste blog, com cinema pop de altíssimo nivel.


23 de jan. de 2014

Melhores 2013: Discos Internacionais

2013 foi um ano difícil. Complexo. Longo. Mas talvez por tudo isso, um ano interessantíssimo - no que tange aos melhore álbuns internacionais do ano, foi o momento de ver velhos conhecidos do rock trazendo grandes trabalhos à tona, como é o caso de Bowie, Nick Cave e Paul McCartney (além do Black Sabbath, que regurgitou clichês no interessante 13). Foi também a hora de ver gente combativa baixando a guarda e encontrando beleza na melancolia e na derrota (Manic Street Preachers, Yo La Tengo). Mas foi o ano de boas estreias (American Thread e Haim são prova disso) e de uma ótima safra da música portuguesa. Não à toa, o disco que encabeça essa lista vem das vielas de Lisboa para o mundo. 

1º - Mundo Pequenino, Deolinda

No primeiro disco, eles resgataram a canção portuguesa e colocaram-na no seu devido lugar. No segundo, admiraram o exercício entre o fado e o pop e colocaram o sublime e o intangível como instrumento de amor. Em Mundo Pequenino, produzido pelo experiente Jerry Boys, o Deolinda alargou as janelas de sua existência e, escudado por percussões, ritmos e balanços, saiu de Lisboa para encarar todo o globo terrestre, em um disco que tem muito da terrinha, mas diz muito respeito aos dias de hoje em qualquer país ocidental, nas grandes canções de Pedro da Silva Martins. Há o culto ao corpo ("Doidos", uma verdadeira festa de circo), há os estrangeirismos provocados pela globalização (o boy meets girl de "Semáforo da João XXI"), há a mulher querendo seu espaço de direito ("Concordância", "Pois Foi") e o imobilismo social ("Há de Passar"). Mas no meio de tudo isso, surgem dois grandes hinos às manifestações (políticas, sociais, pessoais, amorosas ou de quaisquer ordens): a carta de amor de "Seja Agora", na qual "vai ser tão bonito descobrir que quem manda é a vontade" e o movimento de "Musiquinha", cantada com grande malícia pela musa que é Ana Bacalhau, a front-woman do grupo. É o melhor disco de 2013, em qualquer parte do mundo, e o sotaque não pode ser barreira para que a música portuguesa não chegue ao Brasil do mesmo modo que a anglo-saxônica ou qualquer outra. É o que tem de ser - e o que tem de ser tem muita força. 


Leia mais:
- Deolinda ao vivo em Lisboa, no Coliseu dos Recreios
- Entrevista com Pedro da Silva Martins para o S&Y

21 de jan. de 2014

Melhores 2013: Músicas Internacionais

2013 foi um ano difícil. Complexo. Longo. Mas talvez por tudo isso, um ano interessantíssimo - tanto no Brasil como lá fora. A safra da música de 2013 pode ter sido extremamente pop, mais que em anos anteriores (compare com as listas de 2012 e 2011 e confirme o que eu estou dizendo), mas isso não é demérito nenhum. Além disso, foi um ano de grandes retornos (Bowie, QOTSA, Nick Cave, Macca) e onde partes diferentes do globo terrestre apareceram com galhardia (Lisboa, Barcelona e a terra dos robôs do Daft Punk mandam um abraço).  A seguir, o Pergunte ao Pop apresenta as 20 melhores canções internacionais de 2013. Se é pra acontecer, pois que seja agora.

1º - "Seja Agora", Deolinda

Talvez sejam razões extremamente pessoais que me levam a colocar "Seja Agora" no primeiro lugar desta lista. Afinal, é difícil separar o que foi o meu 2013 da experiência de ter morado em Portugal durante alguns meses, e de ver a vida mudar tantas vezes nesse ano (ir, voltar, começar um novo emprego, encarar o amor de frente), e nenhuma banda representou melhor tantas guinadas de maneira tão positiva quanto o Deolinda. Mas também esta é uma decisão política, por assim dizer: o mundo hoje produz música da melhor qualidade, e muitas vezes ela vem de lugares inesperados ou fora do eixo anglo-saxônico - e é o caso de Portugal (em breve, publicamos uma lista com as melhores canções lusitanas da temporada) e ainda mais do Deolinda, que no seu último disco resolveu ampliar fronteiras e abraçar um mundo cada vez mais pequenino. Como me disse Pedro da Silva Martins, em entrevista que você pode ler em um link aí abaixo, ""Seja Agora” é sobre a urgência de amar, de estarmos com alguém, de não adiarmos aquilo que desejamos por questões alheias", uma bandeira que vale para qualquer plataforma: de um novo amor a um novo País. Que 2014 consiga ser assim como foi 2013 - porque, no fim, "vai ser tão bonito descobrir que quem manda é a vontade". 

Leia mais:
Deolinda ao vivo em Lisboa, no Coliseu dos Recreios
Entrevista com Pedro da Silva Martins para o S&Y

19 de jan. de 2014

Pergunte ao Pop Ostentação

A menos que você não estivesse no Brasil nos últimos dias, é difícil não ter ouvido falar dos rolezinhos - os encontros de jovens da periferia de São Paulo em shoppings da cidade que provocaram polêmica e ganharam manchetes em quase todos os lugares. A internet se encheu de textos e análises sociológicas tentando identificar os rolezinhos como elementos de expressão de uma sociedade de consumo e tal o que não sei que mais

E como não podia deixar de ser (uma vez que eu tô aqui pra não perder minha carteirinha de babaca, risos), também dei meus três-toques nesse campo para o Link Estadão, com um texto que tenta mostrar que os ícones da cultura do rolezinho, como o funk ostentação e os moleques que são pequenos Justin Biebers na internet brasileira, já estão há muito tempo na rede com grande audiência, sem que a classe média se desse conta disso. Durante a matéria, o parceiro Murilo Roncolato comentou comigo que nunca tinha escutado funk ostentação, e o Pergunte ao Pop achou conveniente unir o útil (divulgar a matéria) com o agradável (uma playlist, óbvio). 

É uma seleção pessoal do melhor do ritmo que a Wikipedia chama de funk paulista™, com direito à faixa que originou o gênero - "Megane", do MC Boy do Charmes - e algumas favoritas pessoais, como o MC Nego Blue (que aparece aqui com duas boas, "É o Fluxo" e "Pode Chamar Que Ela Vem"), o blockbuster MC Guime (de "Plaque de 100") e o hitmaker MC Dede, com "Bumbum na Água" (ele também é responsável pela icônica "Rolê de Hayabusa" e pela pop "Linda Menina"). Abre a Dama de Vermelho (ref. cit. Red Label), entra na nave e segue o fluxo - digo, aperta o play. 

Pergunte ao Pop Ostentação by Bruno Capelas on Grooveshark

15 de jan. de 2014

Melhores 2013: Discos Nacionais

2013 foi um ano difícil. Complexo. Longo. Mas talvez por tudo isso, um ano interessantíssimo - especialmente para a safra nacional de música, talvez a melhor desde que este escritor começou a acompanhar com afinco profissional e coração de amador a cena brasileira. Na segunda parte do especial de Melhores do Ano, apresentamos os grandes discos nacionais de 2013, em uma lista que mostra que o pop e o rock brasileiro parecem finalmente ter se desgarrado da influência hermânica (o que não é de todo ruim, como se verá a seguir), mostra veteranos fazendo grandes canções e traz gratas surpresas. A canção brasileira pulsa, e muito bem viva. A seguir, o Pergunte ao Pop apresenta os 15 melhores álbuns brasileiros de 2013. 

1º - Antes Que Tu Conte Outra, Apanhador Só

No primeiro texto que escrevi sobre a Apanhador Só, lá em 2010 (republicado aqui em março de 2013), eu encerrava os trabalhos dizendo que Apanhador Só, primeiro disco cheio dos rapazes, era capaz de espantar invernos e deixar ouvintes com sorrisos bobos no rosto. Três anos depois, Antes Que Tu Conte Outra transforma o sorriso bobo em sorriso amarelo - ou nervoso de raiva. No lugar da banda "bonitinha" que ecoava Tom Zé e Los Hermanos falando de relacionamentos afetivos com delicadeza e sinceridade, surge um grupo cheio de guitarras ruidosas, sucata propositada, fúria e letras com forte (con)texto social. Em doze faixas, os gaúchos disparam contra o establishment, a publicidade (mesmo quando se servem de sua linguagem, como em "Liquido Preto"), o cotidiano alienante e opressivo ("Despirocar", "Vitta, Ian, Cassales") e quem mais quiser levar porrada - não foram poucas as formas que músicas como "Por Trás", "Mordido" e "Reinação" foram utilizadas por terceiros para criticar a Fora do Eixo, o governo brasileiro ou a Copa de 2014. Antes Que Tu Conte Outra merece também o troféu de melhor disco do ano por revelar, em versos e notas (e timbres), a energia do descontentamento que pode ter levado milhões de brasileiros às ruas em 2013. Entretanto, reduzi-lo apenas ao papel de "trilha sonora das manifestações" seria pouco para um disco que, além de tudo isso, mostra o amadurecimento de uma banda que já havia feito uma das melhores estreias de sua geração. Não se precipite, leitor: nasce aqui um grande grupo.

Ouça: "Vitta, Ian, Cassales"
Leia mais: 
Seis vídeos do show de lançamento de Antes Que Tu Conte Outra em SP
- Entrevistão com a Apanhador Só no Scream & Yell

13 de jan. de 2014

Confissões & Assassinos

Fazemos uma pequena pausa nas listas de Melhores de 2013 (a de discos nacionais chega logo menos, preste atenção) para divulgar dois textos bacaninhas que este escritor publicou em outras páginas nos últimos dias. Vamos lá: 

Exibida originalmente em 1994 pela TV Cultura, a série Confissões de Adolescente marcou época nos anos 1990 ao contar, em formato de crônica, a história de uma família da zona sul carioca formada por um pai viúvo e quatro irmãs na terrível idade da adolescência, além de ter marcado as primeiras aparições televisivas de Deborah Secco e Leandra Leal. Baseada em uma peça original da atriz Maria Mariana (filha do diretor Domingos de Oliveira), que na TV fazia a mais velha das garotas, a série ganha adaptação cinematográfica no começo deste 2014 pelas mãos da GloboFilmes, do diretor Daniel Filho (que participou da série há vinte anos) e do roteirista Matheus Souza (Apenas O Fim). 




Um game que vira livro que vira história em quadrinhos e vai virar filme. Poderia ser um verso de Drummond sobre a indústria do entretenimento, mas é apenas o caminho do sucesso de uma das maiores franquias do mundo dos videogames nos dias de hoje: Assassin’s Creed. Criada em 2007, a saga é um fenômeno de vendas: são 60 milhões de jogos divididos em dez episódios, 200 mil exemplares de histórias em quadrinhos e 2,7 milhões de livros – com 1,4 milhões de exemplares vendidos apenas no Brasil, onde o livro é publicado pela editora Record. 

8 de jan. de 2014

Melhores 2013: Músicas Nacionais

2013 foi um ano difícil. Complexo. Longo. Mas talvez por tudo isso, um ano interessantíssimo - especialmente para a safra nacional de música, talvez a melhor desde que este escritor começou a acompanhar com afinco profissional e coração de amador a cena brasileira. Uma temporada bastante plural, na qual cabe funk, rock, rap (embora o rap brasileiro há muito já tenha expandido suas fronteiras), MPB, retornos de heróis do mainstream (Guilherme Arantes) e do independente e um punhado de segundos discos (Apanhador Só, Nevilton, Selton, Marcelo Jeneci, Bárbara Eugênia) que mostra que a canção brasileira pulsa, e muito bem viva. A seguir, o Pergunte ao Pop apresenta as 25 melhores músicas nacionais de 2013, um retrato sonoro de um ano que, espera-se, o Brasil não esquecerá. 

1º - "Despirocar", Apanhador Só

Primeiro single do disco mais importante de 2013 no Brasil, "Despirocar" é a música do ano não só por representar iconicamente a evolução lírica e musical de uma das bandas mais interessantes de sua geração - isso já seria o bastante para um grupo que teve uma estreia empolgante ao misturar Pavement, Tom Zé, Los Hermanos e sucata para falar de relacionamentos com olhar de iniciante. Mas, lançada no final de maio, "Despirocar" representa o Brasil de 2013. Espécie de "Construção" adaptada ao País do século XXI, no qual a mão de obra da construção civil agora tem sua força de trabalho (sub)empregada em um setor terciário inflado. No lugar de "amar daquela vez como se fosse a última", o eu-lírico da canção vive correndo, acotovelando-se no transporte público deficitário, alimenta-se mal (seja na "fila do buffet" ou "engolindo um biscoito") e trabalha até às últimas, chegando em casa cansado para ouvir "o William Bonner que me afaga me contando uma fábula sobre algo que ocorreu". Entretanto, se na obra de Chico Buarque o fim último de seu personagem era a morte, aqui a saída é a loucura, o 'não se submeter ao sistema', ou o 'que se foda tudo isso'. Comparações à parte (são trabalhos de grandeza poética e urgências diferentes), "Despirocar" traz em seu cerne, identificada e transformada em versos, a energia do descontentamento que, na visão externa deste escritor, pode ter auxiliado a levar milhões de brasileiros às ruas no mês de junho, no movimento popular mais importante do país em anos. É por representações como essa que a Música se tornou uma peça tão vital para entender a sociedade contemporânea - pelo menos, é nisso que o Pergunte ao Pop acredita. Se não for assim, talvez seja melhor despirocar, de vez. 

Leia mais: 
Seis vídeos do show de lançamento de Antes Que Tu Conte Outra em SP
Entrevistão com a Apanhador Só no Scream & Yell