29 de out. de 2013

O Cantor Mudo e a Sonora Vaia Ao Vivo

No Brasil dos anos 2000, existiu uma banda que juntou a raiva e os riffs do Pavement ao lirismo do Clube da Esquina e a dor e a beleza de se saber paulistano na melhor tradição do Ira!. Em quatro discos e dois EPs, cantando em inglês (no belíssimo Riding Lessons, um dos maiores discos feitos em língua inglesa no Brasil) ou em português (no derradeiro Tudo que eu sempre sonhei, escolhido por este autor como o grande disco da última década), o Pullovers nunca chegou a ser um sucesso de audiência entre os independentes, mas marcou seu lugar entre os grandes de uma cena anônima, encerrando suas atividades em 2010. 

Três anos depois, no mesmo dia em que Lou Reed morreu, Luiz Venâncio, o homem por trás das grandes letras do Pullovers, voltou aos palcos com seu novo projeto, O Cantor Mudo e a Sonora Vaia, em uma apresentação no Beco 203, na rua Augusta, em São Paulo. O grupo, que já havia lançado um EP no primeiro semestre de 2013, conta com alguns dos ex-integrantes da última formação do Pullovers, como Rodrigo Lorenzetti (teclado) e Habacuque Lima (guitarra, este também integrante do Ludov, banda que também contribuiu com a Sonora Vaia com a presença de Paulo Chapolim).

26 de out. de 2013

No Link: Brasil Game Show

última semana talvez foi a mais corrida desde que eu cheguei ao Estadão, mas depois de algumas boas horas de sono, é bacana demais ver o resultado dos últimos dias de trabalho. Quinta e sexta-feira, eu cobri a Brasil Game Show, maior feira de videogames da América Latina, que abre suas portas para o público geral entre hoje e terça-feira, a partir das 11 horas. 

Os grandes destaques ficam, claro, para os lançamentos dos novos consoles Xbox One e PlayStation 4, mas também rolou uma entrevistinha curta com o Marcelo Tavares, diretor da feira, e uma matéria bem bacana sobre um novo sistema para a classificação indicativa de jogos e aplicativos digitais que o Ministério da Justiça vai implementar em breve, além de coisas legais que eu vou contando para vocês nas próximas semanas. Aperta o start e vem comigo. 



23 de out. de 2013

No S&Y: Selton & Bárbara Eugênia

"No momento em que cavalos, camelos e outros bichos tomam conta dos holofotes da nova música brasileira, a noite do último sábado no Beco 203 revelou que é possível arejar o pop nacional sem seguir a cartilha pós-hermânica. Selton e Bárbara Eugênia nasceram no meio de um monte de gente, mas são parte do melhor que temos hoje em dia. A gente agradece".


Tô mais uma vez lá no Scream & Yell falando de dois grandes shows que rolaram nesse dia 19 no Beco 203, na rua Augusta, aqui em São Paulo: o dos ítalo-gaúchos da Selton e o da cantora carioca Bárbara Eugênia. Para tentar entender porque eles mereceram esse último parágrafo de maneira digna, o melhor a fazer é ir lá no site do Marcelo Costa, que tá passando por uma de suas fases mais bacanas, juntando as cenas portuguesa, latina e brasileira com exclusivas sobre a Sub Pop, os sensacionais quadrinhos de Guss de Lucca e o seu "Bernard Bertrand, o Crítico Musical" e as cervejas favoritas do Marcelo. 

21 de out. de 2013

Melhor Hambúrguer da Cidade: Paulista Burger

A coluna de hoje começa com uma confissão: depois que voltei de Portugal, perdi um pouco o tesão de continuar a busca pelo melhor hambúrguer da cidade. Assim como outras coisas deste blog, ela nasceu com o intuito de me fazer lugares diferentes de São Paulo, até que fosse possível encontrar uma lanchonete ideal, capaz de me fazer delirar apenas com a menção de seu nome. E eu cheguei a encontrá-la, de fato, como vocês podem lembrar pelos dois textos apaixonados que eu escrevi sobre a Hamburgueria do Sujinho. Mas das últimas vezes que fui à casa, procurei comer um lanche diferente do clássico X-Maionese, e falhei em encontrar boas variações. O que me fez pensar que talvez o Sujinho não fosse tão perfeito assim, ao menos não para todas as horas, e que era preciso continuar a busca. E ela prosseguiu, não muito longe dali, a apenas alguns quarteirões de distância, na rua Augusta, 1499, com o recém-inaugurado Paulista Burger. 

Criado pelo mesmo grupo que controla a rede de churrascaria Bovinu's, o Paulista Burger não me inspirou muita confiança nas primeiras vezes que passei em sua frente, descendo a Augusta para reencontrar amigos depois da viagem. Nesse último fim de semana, entre um grande filme ("Gravidade") e dois bons shows (Selton e Bárbara Eugênia, no Beco 203), resolvi arriscar. E gostei muito do que provei por ali.

19 de out. de 2013

Playstation, GTA e Candy Crush

Não comentei por aqui ainda porque a vida anda muito corrida nessas últimas semanas, mas a razão é bem boa: desde o começo de setembro, comecei como repórter do caderno Link do Estadão, e está sendo uma das coisas mais legais que eu já fiz nesse pouco tempo de carreira que eu já tenho. 

Todo dia é uma novidade, uma coisa nova para aprender, e a companhia do meu editor, o Camilo Rocha (que também é dono de um dos blogs mais legais do país hoje em dia, o Bate Estaca) e dos repórteres Ligia Aguilhar e Murilo Roncolato tem ajudado muito. Tenho chegado em casa esgotado na maior parte dos dias (e por isso este espaço está à míngua, algo que eu tentarei mudar assim que for possível), mas feliz. É uma das coisas legais do jornalismo: acordar no dia seguinte, ir na banca e ver o teu nome impresso lá, e um baita texto. Dá aquela sensação de "cara, fui eu mesmo que fiz isso?". 

Das coisas que eu fiz até agora, além de mil notinhas para o site, destaco três textos para o jornal que me deixaram bastante orgulhoso: um sobre o estrondoso sucesso do GTA V, outro sobre a febre Candy Crush, na qual bati um papo com o guru de games da King, Tommy Palm, responsável pelo jogo, e a fresquinha repercussão sobre o preço do PlayStation 4 no Brasil, capa do caderno de negócios dessa sexta-feira, 18. E vem mais por aí: prometo que conto pra vocês quando rolarem coisas novas por lá. :)

16 de out. de 2013

Rapidinhas: Anitta, Vanguart

Anitta, Anitta (Warner)

Você já ouviu essa antes: com cara de menina brincalhona, corpo malhado e atitude entre o sacana e o girl power, uma garota sai do subúrbio do Rio direto para as paradas de sucesso, apoiada em letras provocativas e funks suavizados. Em 2002, a descrição explicaria como o Brasil inteiro ficou ba-ban-do com a loira (falsa) Kelly Key. Onze anos depois, a história se repete com Larissa Machado, que, após cirurgias plásticas, shows com o Furacão 2000 e a adoção de um pseudônimo virou Anitta, “a nova sensação do pop nacional”. Duvida? Então discuta com as 50 milhões de visualizações da canção “Show das Poderosas” no YouTube. Misto de palavra de ordem e futrica feminina de salão de beleza embalada em um arranjo potente, a faixa foi alavancada por um clipe em p&b a la Beyoncè, uma coreografia que valoriza o corpo da cantora e é o carro-chefe de sua estreia em álbum. Lançado em julho, “Anitta”, porém, passa longe de ter um exército pesado de hits, sofrendo com uma produção pouco inspirada – preste atenção na programação percussiva, repetida em todas as canções – e em instrumentações nada originais (nas fracas baladas “Zen” e “Som do Coração”). Liricamente, o disco repete Kelly Key (“Cachorro Eu Tenho em Casa”, “Fica Só Olhando”) e higieniza o discurso de Valeska e Tati Quebra Barraco, repelindo as invejosas (“Achei”) e brincando de femme fatale beirando o sexismo (“Menina Má”, “Meiga e Abusada”). Na verdade, Anitta é que nem o seu “Príncipe de Vento”: agrada aos olhos e faz sonhar, mas é só abrir a boca pra fazer cair da cama.

Preço em média: R$ 19
Nota: 4

Muito Mais Que o Amor, Vanguart (Deck)

Reconciliações não são fáceis. Muitas vezes, acontecem por linhas tortas, e não parecem fazer sentido, mas trazem compensações quando funcionam. Essa talvez seja a principal lição que se possa extrair de “Muito Mais Que o Amor”, novo álbum do Vanguart. Depois de uma estreia acachapante e uma desilusão com o mainstream que rendeu um segundo disco turbulento, que lidava com frustrações e o lado mais tempestuoso do amor, chegou a hora de passar as coisas a limpo. É o que fica claro em “Estive”, uma road song na qual Hélio Flanders conta por onde passou, e, no final, convida o ouvinte a seguir em frente: “Vamos? Vamos!”. O que se vê nas dez faixas restantes são idas e vindas de um eu-lírico que quer acreditar no amor, com declarações simples, mas certeiras (“Meu Sol”, “Sempre Que Eu Estou Lá”), embaladas por arranjos folk-rock, “pra cima”. Até mesmo quando as circunstâncias forçam a se ir à direção oposta, o resultado é muito mais colorido e ensolarado que em “Boa Parte de Mim Vai Embora”, como em “Olha Pra Mim” ou na boa balada mccartneyana “Pra Onde Eu Devo Ir”. O problema é que, depois de dois trabalhos fortes e realistas, “Muito Mais Que O Amor”, por sua veia romântica, não resiste a muitas audições seguidas, como se sua vontade de acreditar no mundo soasse ingênua perto do que a banda já mostrou antes – um paralelo musical do final de “Antes da Meia Noite”, de Richard Linklater. Assim como o romance de Jesse e Celine, esta é uma banda que já nos deu boas emoções. E ainda tem muita lenha pra queimar. É preciso mais que o amor, mas vale a pena acreditar.

Preço em média: R$ 29
Nota: 6,5



Originalmente publicado no Scream & Yell, em setembro de 2013. 

10 de out. de 2013

Entrevista S&Y: Bernardo Vilhena

Ele é o homem por trás de algumas das letras mais marcantes do rock nacional, como “Menina Veneno”, “Vida Louca Vida” e “Corações Psicodélicos”, mas pouca gente sabe como é sua cara ou sua voz. No momento em que um de seus maiores sucessos completa 30 anos de idade e um de seus maiores parceiros dá uma guinada à direita, mostrando para que servem seus olhos grandes, sua boca grande e confundindo antigos fãs e chapeuzinhos vermelhos, o letrista e poeta Bernardo Vilhena bate um papo franco com o Scream & Yell.

Na conversa, o carioca relembra como entrou no mundo das palavras, conta a história de como conheceu Lulu Santos, Lobão e Ritchie e participou ativamente da cena roqueira da cidade na virada dos anos 1970 para os 1980. Além disso, ele desmistifica a origem do famoso “abajur cor-de-carne” da letra de “Menina Veneno”. Trinta anos depois, Bernardo aproveita a oportunidade para falar sobre direitos autorais, a PEC da Música e o ECAD hoje em dia, além de revelar que não fala com Lobão há anos. “Há certa babaquice em tentar reescrever e modificar o passado. Ele prega uma amizade com o Cazuza e o Júlio Barroso que ele não teve. O dia que ele parar de cantar as minhas letras no show dele, eu passo a respeitá-lo de novo”.

Estou fazendo uma reportagem grande pra faculdade sobre letristas (em breve falo mais disso), e no meio do caminho, entrevistei o Bernardo Vilhena. O papo foi tão bacana que eu resolvi mandá-lo para o sempre presente Marcelo Costa e o seu Scream & Yell. O resultado da conversa você confere lá. Aliás, vale dizer: o site tá bonito pra caramba, com entrevistas bacanas sobre quadrinhos, música e a coluna-charge do grande Guss de Lucca, Os Segredos de Bernard Bertrand, o crítico cultural

8 de out. de 2013

Açúcar, Suor e Cerveja


O último sábado, 5, não teve uma noite comum para a Choperia do SESC Pompeia. No lugar das usuais plateias comportadas que o local costumar receber ao hospedar rodas de samba, novatas bandas independentes ou até mesmo grupos de rap, um dos mais prestigiados palcos de São Paulo foi sede de comoventes rodas de pogo, stage dives e muito, mas muita adrenalina liberada. A razão? A segunda apresentação em solo brasileiro de um dos maiores ícones do rock nas últimas três décadas, o norte-americano Bob Mould.

3 de out. de 2013

Cavalo Sem Rumo

São Paulo, 28 de setembro de 2013. No palco da Choperia do SESC Pompeia, um homem ruivo e barbudo mostra suas canções em luz parcial, quase penumbra, deixando na escuridão as 800 pessoas que esgotaram a lotação do lugar e gritam animadas ao final de cada música, mas ouvem com silêncio as palavras e os acordes. Algumas dessas pessoas esboçam gritos de "lindo!" e "gostoso!", ao que o músico responde que "fica mais bonito no escuro". Mas afinal, quem é este homem e do que ele se esconde?

Algumas coisas se esclarecem ao se dizer que o homem é Rodrigo Amarante, uma das duas cabeças pensantes da banda brasileira mais influente da última década, os Los Hermanos. A apresentação no SESC Pompeia é apenas a terceira após o lançamento, na semana anterior, de seu primeiro disco solo, Cavalo, seis anos após a separação da banda.