30 de dez. de 2012

2012 Não Foi Um Ano Ruim

"Ser leitor de blogs em pleno final de ano é uma merda.
Afinal, em todos os blogs rola aquela reflexão sobre o ano que se passou
e as etapas que terminam, expectativa pelas mudanças do ano que se aproxima, 
enfim, um clichê total".  (Marco Lopez)

A epígrafe não me deixa mentir: esse é um texto sobre 2012 - o ano em que o mundo quase acabou. Antes de tudo, quero dizer que é uma baita honra ter tido a companhia de vocês durante todos esses trezentos e muitos dias, que pareciam intermináveis, mesmo a despeito do ano ter passado voando. Sim, voando: olho para trás e percebo que deixei muitas coisas por fazer, muitas coisas que nem tive o tempo de pensar em fazer, mas que fiz muita coisa também. 

Se 2011 foi o ano em que mais vi shows na vida, 2012 leva o troféu de ano que mais comi hambúrgueres na vida (alguns deles ainda precisam aparecer por aqui até fevereiro, promessa feita). Vi menos filmes que em 2011, ouvi menos discos e escrevi menos sobre eles, mas tive mais conversas instigantes e fiz entrevistas incríveis (pelo menos do ponto de vista do entrevistador, é claro). Gente boa como o Mauro Motoki, do Ludov, o Fábio Andrade, da Driving Music, o Olavo Rocha, da Lestics, e os gringos Ben Kweller e Duke Erikson (Garbage), além das matérias para o iG Jovem, onde trabalhei por 9 meses, tendo tempo para conversar com ídolos como o Cao Hamburger e o skatista Bob Burnquist. 

29 de dez. de 2012

Melhor Hambúrguer da Cidade: Hamburgueria do Sujinho - O Retorno

Essa é a história de "um garoto que conhece uma garota". Ele é um cara comum, com vinte e poucos anos, uma meia dúzia de ilusões e outra dúzia de problemas de auto-estima. Ela foi descrita pelos amigos dele como a garota perfeita - linda, inteligente, charmosa, e capaz de citar todos os filmes de John Hughes em ordem cronológica de trás para frente. Ele desacreditou, desdenhou, não acreditou, até o dia em que os amigos finalmente arranjaram um encontro entre os dois. No dia seguinte, em um bar, ele estava tomado por duas certezas: a) a noite anterior havia sido a melhor de sua vida; b) ele não ia ligar mais para ela, pois a partir daí ele descobriria todos os erros, falhas e problemas dela. 

Ele sou eu. Ela é a Hamburgueria do Sujinho, dona de um lanche pelo qual eu me apaixonei em outubro e nunca mais tinha comido. Até meados de dezembro, quando voltei à casa do bairro da Consolação acompanhado do André Bina e do Vinicius Olmos, em um jantar que antecipou uma viagem ao interior regada a muita Coca-Cola, sinuca e biribol. 

26 de dez. de 2012

O Cachorrinho Riu

Nos últimos nove meses, como já falei muitas vezes aqui no Pergunte ao Pop, trabalhei em um dos maiores portais do Brasil, o iG, como estagiário nos canais iG Jovem e iGirl. Cedendo aos clichês, devo dizer que foram nove meses de muito aprendizado, mas também de muita diversão, e muitas oportunidades para fazer matérias diferentes e que me marcaram, cada uma à sua maneira, falando sobre séries, entrevistando ídolos da infância ou falando sobre esportes pouco divulgados, como futebol americano e rolimã. Se, nos últimos tempos, postei por aqui várias entrevistas com músicos, agora dou espaço para dez das minhas reportagens e entrevistas favoritas desse 2012 que não tem a ver com a arte de Beethoven, John Lennon e Mano Brown.

21 de dez. de 2012

A Christmas Gift from Pergunte ao Pop

Ah, o Natal. Aquela época do ano em que todo mundo fica ansioso pelo especial de Natal da Xuxa, não vê a hora de colocar os discos comemorativos da Simone e do Ivan Lins no minisystem e fica se perguntando que raio de animal é o chester. Se você não aguenta mais isso - e não quer ver os "melhores artistas da música brasileira" em ação no Show da Virada - o Pergunte ao Pop te oferece duas opções de alto nível cultural (cof cof). 

A primeira delas é o programa especial de Natal que os alunos de Jornalismo da USP produziram para a Rádio USP - ele vai ao ar no domingo, às 11h30 da manhã, mas quem quiser pode escutá-lo aqui mesmo. Eu fui até o bairro de Perdizes para saber mais sobre o sarau de Natal dos Trovadores Urbanos, mas as partes mais legais do programa ficam por conta do conto de Natal "A pequena vendedora de fósforos" e pela matéria feita pelo Leandro Carabet na 25 de Março.

20 de dez. de 2012

Astronauta, Artur, Nicholls

Além de falar sobre música, cinema e hambúrgueres, este escriba que vos fala também se arrisca, de vez em quando a falar sobre literatura. Na semana passada, escrevi três resenhas curtas para o Scream & Yell, falando de bons lançamentos que chegaram às livrarias brasileiras nos últimos tempos: Astronauta - Magnetar, uma graphic novel inspirada livremente no personagem de Maurício de Sousa; Contos Cariocas, uma reedição de um perdido livro de Artur Azevedo, editado anteriormente apenas em 1928; e Resposta Certa, o primeiro livro do escritor David Nicholls, responsável pelo best-seller de 2011 Um Dia.

O resultado você lê lá no Scream & Yell!

15 de dez. de 2012

Os 100 Melhores Discos Brasileiros segundo a Sinewave

No último mês de novembro, tive a honra de participar da votação dos 100 melhores discos brasileiros de todos os tempos da comunidade da Sinewave do Facebook. A Sinewave, para quem nunca ouviu falar, é um netlabel (trocando em miúdos: uma gravadora virtual) tocada em frente pelo grande Elson Barbosa - para saber mais sobre o projeto, vale ler uma entrevista que eu e o Bruno Federowski fizemos com o cara para um trabalho de 2011 da faculdade.
 
Pois bem: além de eleger meus 20 discos favoritos já feitos em Pindorama, fui convidado pelo Elson para escrever sobre um dos 30 primeiros colocados da lista - Acabou Chorare, dos Novos Baianos.
 
Lançado em 1972 pela Som Livre, "Acabou Chorare" foi concebido dentro de um apartamento hippie no bairro de Botafogo, juntando sem indigestão samba, Hendrix, João Gilberto, choro e rock'n roll. O resultado foi um álbum suculento, que soa brasileiro e moderno como os tropicalistas um dia sonharam. Segundo disco dos Novos Baianos, “Chorare” eternizou canções como “Preta Pretinha” e “Besta é Tu”, revelou para o país a figura de Moraes Moreira, o canto de Baby do Brasil e a guitarra de Pepeu Gomes, além de ter pavimentado o caminho para que outros baianos (ou não) pudessem curtir numa boa.
 
Quer saber em que posição ficou o Acabou Chorare? E quem ficou no top 10 dessa lista? É só seguir o link abaixo!



12 de dez. de 2012

Feira (ou Festa) do Livro da USP

"Quem precisa de Black Friday quando se tem a Feira do Livro da USP" (BINA, André. 2012)
Um dos momentos mais aguardados do ano por um uspiano (e boa parte da cidade de São Paulo) finalmente chegou! Desde hoje cedo - e até sexta-feira, das 9 às 21 horas, a USP sedia sua Feira (ou Festa) do Livro, na qual muitas editoras do Brasil vendem seus livros com, no mínimo, 50% de desconto. 

Se até 2010 a Feira foi organizada no prédio da História, e, em 2011, quase deixou de acontecer por razões técnicas (leia-se: pela greve dos estudantes que aconteceu no final daquele ano), em 2012 ela consolida-se em sua segunda edição na Escola Politécnica. Companhia das Letras, Globo, Record, Edusp, L&PM, Editora 34, Panda Books, Global e muitas outras se reúnem em três prédios da sede dos engenheiros da Universidade - veja o mapa (e a lista completa das editoras) aqui do lado!

Se você não é de São Paulo ou nunca foi até a USP, muita calma nessa hora! Para quem vai de transporte público, o jeito mais fácil de chegar na Feira é indo de metrô até o Butantã, e no terminal de ônibus anexo à estação, pegar o ônibus circular (8012-10) que vai até a Universidade.

Para se adiantar e evitar filas, vale a pena chegar cedo na Feira. Além disso, nas editoras maiores, é legal ir com o que você quer comprar na cabeça. A Companhia das Letras e a Cosac Naify, por exemplo, disponibilizaram um catálogo com tudo que levaram. 

Da minha parte, só posso dizer que o saldo geral do dia (da foto que abre o post) conta com uma conta bancária em ruínas, ombros e braços pedindo arrego de tanto carregar livros e uma porrada de coisas legais para ler. Entre as dicas, vale dar uma fuçada na Conrad (que tem livros bem bacanas sobre música), na Globo (que anda publicando boas bios de rockstars, como a do Keith Richards e a do Neil Young), na L&PM (casa dos últimos tostões do bolso) e na Editora 34 (outra boa parada para quem se dedica a estudar MPB). 

Esse foi o saldo de 2011. (Não, eu não li todos. A ideia é ~guardar para a posteridade~)

10 de dez. de 2012

Melhor Hambúrguer da Cidade: Hamburgueria São Caetano

O X-Burguer
Apesar de amar São Paulo com todos os seus defeitos e passar mais da metade dos meus dias na capital paulista, não moro nela - e sim em São Caetano do Sul, aquela cidade que é especialmente conhecida por abrigar a fábrica da GM, ser sede do time do Adhemarrrrrrr e ter o melhor IDH do país. Entretanto, não vamos enganar ninguém: por seu tamanho quase esdrúxulo (16 km²), gosto de dizer que São Caetano é um bairro que São Paulo esqueceu de anexar, e que o IDH é um mero esconderijo para uma cidade que não tem bons hospitais, e até dois anos atrás não tinha nem cinema nem livraria.

Toda essa introdução vale só para falar que há tempos eu torcia pelo surgimento de bons hambúrgueres na minha cidade do coração. Há mais ou menos duas semanas, fui com meus pais testar uma nova casa da cidade, a Hamburgueria São Caetano (rua Taipas, 420), bastante esperançoso. A bem da verdade, devo dizer que a lanchonete do bairro Barcelona é que nem aquela banda do seu amigo: você quer muito que dê certo, mas...

Decorado com fotos antigas da cidade, das décadas de 40 e 50, cadeiras e mesas de madeira e um jeitão de lanchonete de cidade do interior paulista, o salão da casa estava lotado em um sábado à noite - o que parecia ser um bom sinal, como o baterista fera da banda do seu bróder que chega com quatro pratos diferentes.

Mas não era um bom começo. Para começo de conversa, demoramos a sermos atendidos pelas poucas garçonetes da casa, e a Coca-Cola foi servida em copos de plástico (daqueles que você compra no supermercado).

Esse é meu pai. Sim, ele estava com fome.
Não, o lanche não era bom. 
A porção de batata frita veio com bastante óleo, e, apesar de ser barata (R$ 4,00), era mal servida e tinha como acompanhamento maionese e catchup de sachê - o equivalente gastronômico à hora que o seu amigo anuncia no palco que vai tocar uma cover de Los Hermanos para uma menina que está "looooooonge".

Como estava com bastante fome, resolvi ir além do meu habitual, e pedi logo dois lanches de uma vez: um X-Maionese (R$ 7,00) e um Taipas 4 (hambúrguer ~artesanal~de 130g, queijo, alface, tomate seco e molho rosè, por R$ 10,00). Sobre o X-Maionese, pouco há a dizer: um lanche simples, com maionese fabricada industrialmente, e com uma carne que pouco convence: apesar de dizer que é artesanal, ela soava ao paladar bastante massificada, como um monte de carne amassada até não sobrar mais espaço (como o som roufenho que sai dos alto-falantes do inferninho que o seu amigo toca).

Taipas 4
O Taipas 4 era minimamente decente, porque o bom molho rosè e o tomate seco deixavam o lanche mais apresentável, e por alguns poucos momentos me fizeram esquecer quão ruim era o resto do lanche. Entretanto, quase no fim do sanduíche, meu dente sentiu uma coisa dura. 

Sim, senhores, era um pedaço de osso, que tinha sido moído junto com a carne. Foi nessa hora que eu desisti de qualquer coisa - até mesmo do 'eu te considero pra caralho' do meu amigo. Como diria Bruce Springsteen, "it's a town full of losers, I'm pulling out here to win".

Nota: 1 fatia de bacon (X-Maionese)
1,5 fatia de bacon (Taipas 4)


Ranking MHC Pergunte ao Pop:

1 - X-Maionese, Hamburgueria do Sujinho - Consolação (4,8)
3 - X-Maionese, Milk & Mellow - Itaim (4,25)
4 - X-Bacon Maionese, Lanchonete D'Sampa - Brooklyn (4) 
17 - #1, The Rockets - Jardim Paulista (1,5)
17 - Taipas 4, Hamburgueria São Caetano - São Caetano (1,5)
19 - X-Maionese, Hamburgueria São Caetano - São Caetano (1)

8 de dez. de 2012

A Revolução dos Livros

Quantos documentos você já tirou que precisavam de um comprovante de residência? Agora, pare e pense: como será que um morador de rua lida com essa situação? Não lida, né? Pois bem: pensando nisso, Robson Mendonça (ele próprio um ex-morador de rua), criou um projeto chamado Bicicloteca, que leva livros às pessoas em situação de rua de maneira gratuita, nas principais praças do centro de São Paulo.
 
Ao longo do último semestre, meu grupo na aula de Projetos em TV se envolveu de maneira muito próxima com esse projeto. O resultado final - de dias madrugando, noites mal dormidas e alguma meia dúzia de confusões, mas muitos sorrisos e até algumas lágrimas - vocês conferem no documentário abaixo, A Revolução dos Livros.
 
Antes que vocês assistam, queria só humildemente agradecer às minhas parceiras nesse projeto (Anais Quiroga, Rafaela Carvalho, Glenda Almeida, Naíma Saleh e Sofia Machain), à professora Egle Spinelli, que nos orientou nesse trabalho, e ao grande Vinícius Olmos, que compôs a trilha sonora original do filme, cedendo duas belas canções, "Blue Skies" e "Small Town Stories". Obrigado - and we hope you enjoy the show.


5 de dez. de 2012

Catadão de Entrevistas 3

Em mais uma entressafra de textos (nada como o fim do semestre da faculdade, não é mesmo?), aproveito a chance para mostrar quatro entrevistas bem legais que fiz pro iG Jovem nos últimos tempos. Provavelmente, este deve ser o último catadão de matérias com músicos que divulgo por aqui - novidades boas e que mexerão com a estrutura desse blog devem pintar em breve, mas por agora não priemos cânico. Um passo de cada vez, por favor, seu doutor. Com vocês, Transmissor, Pollo, Fresno e Simple Plan.

Simple Plan: "Só no Brasil é que nos chamam de emos"

Além disso, três dicas: a primeira é o meu textinho curto sobre Claridão, o disco que o SILVA lançou em outubro, no Scream & Yell; a segunda é uma resenha caprichadíssima de As Vantagens de Ser Invisível feita pelo Marcelo Costa; e a terceira, um texto profissa (gírias de coxinha, um beijo) do Bruno Federowski, meu parceiro no finado Pop to the People, sobre o burburinho em cima do Frank Ocean.

2 de dez. de 2012

Melhor Hambúrguer da Cidade: The Fifties (Funchal)

Uma das lanchonetes com um dos cardápios mais extensos (e variados) da cidade de São Paulo, o The Fifties é o tipo de estabelecimento que não consegue se bastar com apenas uma visita. Se, na primeira vez que fui à rede, na filial do Itaim, montei meu próprio lanche (um X-Bacon Maionese que levou 3 fatias de bacon, ainda nos primórdios do MHC), agora foi a hora de escolher um lanche montado pela própria casa, em um vatícinio pouco convencional. 

Acompanhado do valoroso trio André Bina, Vinicius Olmos Battistini e Igor Macedo, e procurando forrar o estômago antes do bom show do Pulp em São Paulo, batemos cartão na filial da rua Funchal da rede. De saída, pedimos uma porção de batatas fritas (sem queijo nem bacon), para serem rachadas entre os quatro. Assim como da vez anterior, a porção tem no corte um tanto quanto tosco das batatas e na maionese que a acompanha os seus fortes. 

Para o lanche, resolvi atacar um Pic Oceania (R$29,00), na versão monstro. Isto é: um lanche com um hambúrguer de picanha com 230g, com queijo prato, molho barbecue e onion rings, acompanhado de uma Coca-Cola de 290ml, em garrafa de vidro.

Criado em 2010, durante a Copa do Mundo, o Pic Oceania é um lanche para corações e estômagos fortes. Primeiro, porque ele contém camadas extras de fritura e gordura, culpa do queijo bem derretido e das onion rings - que, apesar de bacanas, vieram meio molengas, graças ao calor e à umidade do lanche. (Cheguei à conclusão que onion rings servem bem como porção, não como ingrediente de lanches). Segundo, pelo molho barbecue bem picante e temperado. Por fim, e como seria de se esperar, pela quantidade grotesca de carne, chegada direto da chapa com tempero razoável e um pouco passada além do desejável - ou seja, ao ponto. A se lamentar, ainda, vale dizer que o sanduíche veio um pouco seco nas bordas, e muito molhado no centro - um contraste desagradável.

Resumindo: mais uma vez, o The Fifties não entrega um lanche ruim, mas que também não é sensacional. É uma versão hypada do McDonald's (de quem quero falar em breve nessa coluna): você sabe que vai pagar caro, e sabe que não vai comer o melhor lanche do mundo. Mas sabe EXATAMENTE o que vai encontrar (e pode até ficar feliz com isso).

Nota: 2,5 fatias de bacon


Ranking MHC Pergunte ao Pop:

1 - X-Maionese, Hamburgueria do Sujinho - Consolação (4,8)
3 - X-Maionese, Milk & Mellow - Itaim (4,25)
4 - X-Bacon Maionese, Lanchonete D'Sampa - Brooklyn (4) 
11 - Maracanã Burguer, Cervejaria Nacional - Pinheiros (2,5)
11 - Pic Oceania, The Fifties - Itaim (2,5)