31 de dez. de 2013

Um Ano Long-Play

"Ser leitor de blogs em pleno final de ano é uma merda. 

Afinal, em todos os blogs rola aquela reflexão sobre o ano que se passou e as etapas que terminam, expectativa pelas mudanças do ano que se aproxima, enfim, um clichê total". 
(Marco Lopez)

O pôr-do-sol em Vila Nova de Gaia, que me fez chorar numa tarde de junho


2013 foi o meu ano long-play. Primeiro, pela divisão em lado A (o intercâmbio em Portugal, a vida 'tranquila', as viagens no velho continente) e lado B (a volta ao Brasil, o novo trabalho, a correria de São Paulo). Segundo, porque apesar do nome "long", passou voando como se tivesse apenas 42 minutos. Terceiro, porque nessa época de blu-rays, alta definição e consumo de conteúdo na nuvem, parecia em alguns momentos que eu havia regressado a outras épocas da minha vida, em puro apelo vintage. Mas, acima de tudo, é mais um ano regido pela música.

25 de dez. de 2013

Levando a Vida Na Brincadeira

Todos os dias, milhões de brasileiros param sua rotina por alguns minutos para ver um vídeo engraçado no YouTube, uma postagem no Facebook ou um novo tumblr comentando a piada-sensação do momento. É uma cena que se repete em escolas, escritórios, casas ou no transporte público. Não à toa, quando questionados sobre as peculiaridades do brasileiro nas redes sociais, diretores de startups de internet estrangeiras destacam sempre o humor, adotado como um elemento característico do País.

No centro disso – e de olho no que se passa por aqui – está o YouTube, plataforma de vídeos do Google. Em junho, a empresa organizou a Semana da Comédia, voltada para incentivar a produção nacional do gênero. Na época, a vice-presidente do YouTube no Brasil, Danielle Tiedt, disse ao Link que “o humor está sempre nos canais mais vistos no Brasil”. De acordo com a SocialBlade, empresa que mede audiências no site, sete dos dez canais com maior número de assinantes por aqui são destinados ao riso. O campeão de acessos no Brasil é o Porta dos Fundos, criado por um grupo de humoristas – entre eles o colunista do Estado, Fábio Porchat –, que publica duas novas esquetes por semana. Após mais de 150 vídeos publicados, o canal conta com 50 milhões de visualizações mensais.

Ao melhor estilo Muricy Ramalho, até na Folga de Natal™ "aqui é trabalho, amigo". Hoje, estou no caderno de Economia do Estadão falando sobre como os brasileiros usam o humor nas redes sociais, e aproveitei para bater um papo com o pessoal do Porta dos Fundos, da Dilma Bolada e do Como Eu Me Sinto Quando, além de falar sobre a interface entre riso e publicidade. A matéria faz parte de uma reportagem especial em quatro capítulos que o Link está fazendo: ontem, o grande Camilo Rocha abriu os trabalhos com o panorama geral, amanhã tem a Lígia Aguilhar falando sobre comportamento, e, na sexta, o Murilo Roncolato escreve sobre como o futuro é mobile. Acompanhem! 

23 de dez. de 2013

A Música Entre Aplausos e Curtidas

Quando a internet começou a se popularizar, no começo dos anos 2000, abriu-se uma nova e empolgante perspectiva para os artistas: a de alcançar milhões de novos fãs de maneira fácil, simples e barata, dispensando apoio e dinheiro de grandes gravadoras. As mesmas ferramentas e canais, no entanto, estão acessíveis a todos. A vitrine ficou maior, mas a disputa por espaço também, sendo assim cada vez mais difícil ser ouvido em meio a tantas vozes, músicas e plataformas.

O DJ e produtor Waldo Squash, da Gang do Eletro, que tem seu álbum Treme incluído entre os destaques de 2013, disse que a internet facilitou muito “o aprendizado e compartilhamento de conhecimento entre artistas”, mas a parte de divulgação é “complicada”.

Diante dessa situação, artistas e seus representantes têm que dedicar boa parte do seu tempo cuidando de estratégias para chamar a atenção na rede. “Um dos dramas da minha vida é não poder me dedicar só à música, e ficar menos preocupado com divulgar o trabalho”, diz Alexandre Kumpinski, vocalista da Apanhador Só, apesar de preferir a independência a se submeter a uma gravadora. A banda gravou seu álbum Antes Que Tu Conte Outra com R$ 60 mil levantados por financiamento coletivo, realizado com a colaboração de 1.300 fãs.

Em um trabalho coletivo meu e do grande Camilo Rocha, meu editor no Link, fechamos o ano para balanço com a matéria que me deu mais tesão de fazer desde que eu cheguei ao Estadão, falando sobre as maneiras que os músicos usam (ou não) para divulgar seu trabalho na internet, com a ilustre participação dos Móveis Coloniais de Acaju, o Boss in Drama, a Gang do Eletro, o DJ Guerrinha, do Dorgas, o MC Guime e a Apanhador Só, além da produtora Pamela Leme. Sem falar em quão legal é ter um enorme cavalo estampando as páginas de um caderno de tecnologia. 

Além da matéria principal, eu e o Camilo fazemos uma pequena retrô de campanhas de lançamento legais na sub, repercutindo os casos de Daft Punk, Boards of Canada e Beyoncé.

PS: Essa matéria foi escrita, da minha parte, ao som de Deolinda, Sigur Rós e Felipe Cordeiro. Achei que era uma curiosidade bacana que cês gostariam de saber. 

20 de dez. de 2013

Na Minha Opinião


Desde o lançamento do livro Eu Não Sou Cachorro Não, um belo trabalho historiográfico e jornalístico do pesquisador Paulo César de Araújo, em 2002, a música dita brega tem passado por uma revalorização crescente na última década, com resgates, tributos e relançamentos buscando conceder prestígio (às vezes em demasia) a nomes subestimados como Waldick Soriano, Agnaldo Timóteo e Odair José. No caso desse último, esse movimento alcançou um ponto importante na noite da última quinta-feira, quando o cantor goiano, "o terror das empregadas", subiu ao palco do teatro do SESC Pompeia para apresentar o show Odair José - Quatro Tons, baseado no relançamento de seus quatro primeiros trabalhos em CD, com organização do jornalista e produtor musical Marcus Preto.

18 de dez. de 2013

Indie Killed The Radio Stars - Ou Não


Eu levantei a bola no Facebook em uma discussão bacana, o Inagaki cortou como se fosse o Dante respondendo um levantamento do Ricardinho e achei bacana registrar alguns pontos legais e desenvolver por aqui. 

A música mais tocada nas rádios do Brasil em 2013 é "Vidro Fumê", do Bruno & Marrone. E não me pergunte mais sobre ela, porque eu nem sabia que ela existia até a lista aparecer. Sei que eu não sou exemplo para nada, mas acredito que muita gente que vai ler esse post também não ouviu. O que isso significa?

a) Que as rádios não representam mais nada? Duvido. Ainda que o número de execuções para que a música do 1º lugar fosse aclamada como tal tenha sido baixo - 36 mil execuções, sendo que são 365 dias no ano, ela precisa tocar mais ou menos 100 vezes por dia nas mais de 9 mil rádios (AM, FM e comunitárias) que o Brasil tem, o que mostra que é pouca rádio e pouca execução - o rádio ainda tem muito poder.
b) Que há um descolamento dos jornalistas de música e das rádios que tocam música hoje em dia? Muito possivelmente. Pode começar a reparar nas listas de fim de ano: é bastante possível que 80% dos críticos e jornalistas de música hoje em dia se restringem ao seu universo, e não buscam entender o que acontece nas paradas de sucesso (mea culpa incluso aqui). Depois de ver essa lista, fui atrás da Billboard do mês e me assustei com a quantidade de músicas que eu não conhecia, além de fenômenos como os sertanejos dominarem quase todas as listas no país, excluindo... a do Rio de Janeiro. À exceção do grande Fita Bruta, que olha para o indie e para o popular com o mesmo viés clínico (ainda que eu discorde bastante de muitos pontos de vista dos caras), e da Billboard, que é a revista da indústria mas só faz jogar confete, são poucos os veículos de música que atentam para o popular (sertanejos, Anitta, pagode e por aí vai) - isso virou tarefa dos 'cadernos de fofoca'. 

c) Ou que a música hoje é cada vez mais (macro)microcósmica (isto é, cheia de nichos diferentes, mas que podem ser gigantescos de vez em quando). É. Isso é verdade, um beijo pro Chris Anderson e a cauda longa. 

A lista, pra quem ficou curioso, tá aqui em cima. Não, "Show das Poderosas" não ficou em segundo, mas sim, em terceiro lugar. E "Get Lucky" tá em 24º.

Lá no Facebook tem mais um monte de coisa legal - e acho que essa é uma discussão que precisa render mais. 

4 de dez. de 2013

3 Perguntas: Bárbara, Blubell e Guri

Tempo anda sendo uma commodity escassa por esses lados nos últimos tempos, e não estou conseguindo nem parar para contar para vocês algumas das coisas legais que eu ando fazendo ultimamente. Se eu não disse antes, aviso: se você é fã deste espaço, gosta de lê-lo de vez em quando ou tem uma tara secreta por mim e meu deu nota 10 no Lulu (risos), sintonize-se comigo via Twitter, onde sempre dá tempo de falar uma bobagem ou outra. Enfim... 

Essa semana em São Paulo rola o SIM - Semana Internacional da Música, um catadão de palestras e shows muito bacanas. A programação completa você pode conferir no Scream & Yell. Pra aquecer as turbinas para o festival, mandei três perguntinhas curtas para Bárbara Eugênia, Blubell e Guri Assis Brasil (o guitarrista da favorita da casa Pública) sobre seus novos trabalhos, apresentações e algumas cositas más. Para conferir, é só clicar nos links acima :)