Quando se é solteiro, é comum que os amigos sejam as pessoas com quem mais convivemos: companheiros de cerveja, de carteado, de shows de rock suados e barulhentos, de noites simplesmente jogando conversa fiada. Estão todos na mesma, procurando ou tentando esquecer alguém – todos têm os mesmos problemas, a diferença é que alguns escondem isso bem e outros não. Quando se é solteiro, vai-se para a noite tentando não ter qualquer preocupação e com apenas um objetivo: se dar bem, pelo menos, até a manhã seguinte.
Partindo dessa introdução, não seria exagerado dizer que Singles, o segundo filme de Cameron Crowe, retrata com fidelidade esse tipo de situação. O pano de fundo - razão pela qual o filme é mais lembrado hoje em dia – é a Seattle do início dos anos 90, o que deu a Crowe – um ex-editor da Rolling Stone americana – a oportunidade de utilizar bandas emergentes da região na trilha sonora. Sim, estamos aqui falando de Alice in Chains, Pearl Jam e Chris Cornell – sem falar em Pixies e nas duas bonitas canções compostas por Paul Westerberg (The Replacements) especialmente para a trama.
Crowe oferece ao espectador em Singles – traduzido aqui decentemente como Vida de Solteiro- um painel de histórias: a garota (Bridget Fonda) que quer fazer um implante de silicone em seus peitos para agradar o namorado bundão (Matt Dillon); aquela conhecida que quer desesperadamente arranjar um marido e entra num programa de encontros por vídeo; o jovem bem-sucedido com uma ideia, mas sem uma garota; uma gravidez indesejada; e os velhos conflitos sobre amadurecer, ter uma profissão “respeitável” e/ou ir atrás de seus sonhos.
Dito dessa forma, parece até que Singles é só mais um filme bobo. Entretanto, Crowe o faz com uma leveza e um humor que acabaria se tornando uma marca de sua obra – ele ainda cresceria muito em Jerry Maguire e Elizabethtown, duas películas que lidam com o fracasso e a morte de uma maneira singular e terna. Vida de Solteiro passa longe de ser seu filme definitivo: é, entretanto, um acerto, marcado por sorrisos e por reflexões interessantes sobre alguns mitos urbanos criados por comédias-românticas para notívagos solitários.
"Filme verossímil, sem exageros e estereótipos. Quem curte rock nem sempre é um suicida viciado em cocaína que acorda em uma poça de vômito.
ResponderExcluirE Cameron Crowe consegue extrair muita sensibilidade desse mundo instável do rock. Um filme que não tem nenhuma pretensão além de ser totalmente genuíno."
(Daniel Chigurh - Filmow)
"Filme verossímil, sem exageros e estereótipos. Quem curte rock nem sempre é um suicida viciado em cocaína que acorda em uma poça de vômito.
ResponderExcluirE Cameron Crowe consegue extrair muita sensibilidade desse mundo instável do rock. Um filme que não tem nenhuma pretensão além de ser totalmente genuíno."