12 de ago. de 2011

Vida de Solteiro

Escrevi sobre esse filme anos atrás, no Anúncio de Refrigerante, um dos muitos blogs que já tive e ficaram perdidos pela internet. A versão que segue é uma revisão daquele texto antigo, então não estranhe se o que vem abaixo lhe parecer familiar.

Quando se é solteiro, é comum que os amigos sejam as pessoas com quem mais convivemos: companheiros de cerveja, de carteado, de shows de rock suados e barulhentos, de noites simplesmente jogando conversa fiada. Estão todos na mesma, procurando ou tentando esquecer alguém – todos têm os mesmos problemas, a diferença é que alguns escondem isso bem e outros não. Quando se é solteiro, vai-se para a noite tentando não ter qualquer preocupação e com apenas um objetivo: se dar bem, pelo menos, até a manhã seguinte.

Partindo dessa introdução, não seria exagerado dizer que Singles, o segundo filme de Cameron Crowe, retrata com fidelidade esse tipo de situação. O pano de fundo - razão pela qual o filme é mais lembrado hoje em dia – é a Seattle do início dos anos 90, o que deu a Crowe – um ex-editor da Rolling Stone americana – a oportunidade de utilizar bandas emergentes da região na trilha sonora. Sim, estamos aqui falando de Alice in Chains, Pearl Jam e Chris Cornell – sem falar em Pixies e nas duas bonitas canções compostas por Paul Westerberg (The Replacements) especialmente para a trama.

Crowe oferece ao espectador em Singles – traduzido aqui decentemente como Vida de Solteiro- um painel de histórias: a garota (Bridget Fonda) que quer fazer um implante de silicone em seus peitos para agradar o namorado bundão (Matt Dillon); aquela conhecida que quer desesperadamente arranjar um marido e entra num programa de encontros por vídeo; o jovem bem-sucedido com uma ideia, mas sem uma garota; uma gravidez indesejada; e os velhos conflitos sobre amadurecer, ter uma profissão “respeitável” e/ou ir atrás de seus sonhos.

Dito dessa forma, parece até que Singles é só mais um filme bobo. Entretanto, Crowe o faz com uma leveza e um humor que acabaria se tornando uma marca de sua obra – ele ainda cresceria muito em Jerry Maguire e Elizabethtown, duas películas que lidam com o fracasso e a morte de uma maneira singular e terna. Vida de Solteiro passa longe de ser seu filme definitivo: é, entretanto, um acerto, marcado por sorrisos e por reflexões interessantes sobre alguns mitos urbanos criados por comédias-românticas para notívagos solitários.

2 comentários:

  1. "Filme verossímil, sem exageros e estereótipos. Quem curte rock nem sempre é um suicida viciado em cocaína que acorda em uma poça de vômito.

    E Cameron Crowe consegue extrair muita sensibilidade desse mundo instável do rock. Um filme que não tem nenhuma pretensão além de ser totalmente genuíno."

    (Daniel Chigurh - Filmow)

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  2. "Filme verossímil, sem exageros e estereótipos. Quem curte rock nem sempre é um suicida viciado em cocaína que acorda em uma poça de vômito.

    E Cameron Crowe consegue extrair muita sensibilidade desse mundo instável do rock. Um filme que não tem nenhuma pretensão além de ser totalmente genuíno."

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