5 de nov. de 2013

ESPECIAL: As 20 melhores músicas do Blur

Sim, amigos, é isso mesmo o que vocês estão lendo: este é mais um especial eleitoral do Pergunte ao Pop, que nesta edição aproveita a segunda passagem do Blur pelo Brasil (a primeira foi em 1999, no Credicard Hall), na próxima edição do Planeta Terra Festival, que rola neste sábado, 9, em São Paulo, para escolher suas melhores canções. A gente não quer saber se você acha o Oasis melhor, se era fã dos desenhinhos animados do Gorillaz ou se o The Good, the Bad and the Queen (aham) é que merecia esse lugar. O que importa é desvendar a alma da banda de Damon Albarn & Graham Coxon. 

Mais uma vez, este autor não enfrentou a tarefa sozinho, reunindo 39 votantes para escolher os grandes momentos da banda que, pelo menos nas vendas, venceu a batalha do britpop. Engraçado que muitos votantes relembraram a força da ironia, da zoeira e do jeito moleque de ser do Blur, mas, no fim das contas, as grandes campeãs deste especial foram canções singelas, cheias de amor para dar ou com o coração totalmente partido. É neste equilíbrio, entretanto, que se sustenta a obra (e também o repertório que será escutado neste sábado no Campo de Marte) da banda, que segundo Carlos Eduardo Lima, um dos votantes, "tem o cheiro da Inglaterra". 

Não foram poucos os votantes que lembraram como conheceram a banda, seja através do clipe da caixinha de leite, do jogo de videogame FIFA 98 ou, caso de alguns mais jovens, pelo DVD Parklive, que mostrava o show da banda no dia do encerramento das Olimpíadas de Londres em 2012, em pleno Hyde Park. Eu, particularmente, tive uma relação bastante distanciada do Blur durante muito tempo: amava cantar "Song 2" no Rock Band dos amigos, mas nunca tinha ido além disso - até ir para Portugal e ver que eles seriam os principais headliners do Primavera Sound, um dos festivais que eu havia prometido pra mim mesmo que deveria ver. Passei o primeiro semestre de 2013 escutando a banda compulsivamente, e o que eu vi no Parque da Cidade, no Porto, foi um dos shows pop mais bonitos da vida - daqueles no qual você se pega abraçando um desconhecido, que berra no teu ouvido: "Agora é 'The Universal', meu puto, e eu vou chorar!". Escrevi pro Scream & Yell contando como foi o show - caso vocês queiram ler, tá aqui. 

Mais uma vez, não foi uma tarefa fácil: perdi a conta de quanta gente chorou as pitangas falando que não conseguia colocar só cinco canções numa lista, se lamentando por não conseguir colocar AQUELE hit ou um lado-B esperto. Aliás, uma surpresa; foram poucos os lados-B que entraram nesta lista, sendo o resultado final um verdadeiro caminhão de hits, coisa que poucas bandas hoje em dia podem se orgulhar de exibir ao vivo. 

35 foram as canções do Blur citadas pelo Colégio Eleitoral Pergunte ao Pop (que você conhece no fim desta postagem), em votos que continham, como de hábito, cinco músicas em ordem de preferência e uma singela justificativa sobre a primeira colocada. A pontuação foi dada em ordem decrescente, com 5 pontos para o primeiro lugar, 4 para o segundo e assim por diante. (As justificativas, você pode ler aqui (clique para baixar), e quem quiser auditar esta lista, pode conferir a planilha a seguir). 

Das 35, 21 tiveram mais de um voto, sendo que as duas últimas dividem o 20º lugar, e são elas que você conhece a partir de agora. Para quem quiser escutar as canções enquanto lê a lista (ou se prepara para o Planeta Terra), o Pergunte ao Pop preparou uma playlist especial no Grooveshark, que está linkada no final deste post. Morning glory, but that's a different story: não importa se a sua vista está meio embaçada, o que importa é conhecer (ou reconhecer) as melhores canções do Blur. Woo-hoo.




AS 20 MELHORES MÚSICAS DO BLUR


"Se a gente fosse realmente tratar a briga Oasis x Blur como torcedores fanáticos de times de futebol (em outras palavras, como idiotas), diria que sempre estive do lado do Oasis, pronto pra dar uns sopapos na turma do Blur - sopapos verbais e irônicos, bem entendido. Sempre achei o Oasis mais divertido, mais craque em fazer discos acessíveis, com um portfólio de canções mais legal. Eu gostava de Blur, mas nunca havia conseguido me aprofundar num disco sequer, embora gostasse de várias coisas pontuais de vários discos. Até que em 1999, o grupo lançou 13 e eu percebi que o Oasis jamais conseguiria fazer nada nem sequer parecido. O Blur imprimiu aqui uma goleada covarde. "Tender" abria a porteira, um enorme lamento romântico, com mais de sete minutos pra cantar pra si mesmo, de olhos fechados e coração amargurado. A música acaba sendo o que diz o nome, tenra, acolhedora, quase um hino religioso. Hoje gosto de ambas as bandas da mesma maneira, mas 13 é algo incomparável". (Fernando Augusto Lopes, Floga-se)

"Então: não é a melhor canção do "Blur", se é que me entendem. Mas é umas melhores músicas já feitas. Alguém escreveu que é a "You Can´t Always Get What You Want" do mundo contemporâneo. Queria ter dito isso, quando escutei ela pela primeira vez, em uma madrugada, no Lado B, acho. "Love is the greatest thing, that we have". Alguém pode até duvidar, mas quando o Damon canta isso, voz grave e terna, como promete o título, acho impossível duvidar" (Thiago Pereira, O Tempo/Alto Falante)


"Foi difícil decidir entre "Coffee and TV" e "The Universal". Escolhi pelos detalhes: o solo de guitarra no final, Coxon e Albarn cantando na mesma faixa e o clipe genial. Você imprimiu e montou a sua caixinha de leite também? Eu tive uma e ela teve um final parecido com a do clipe. Acontece. O outro ponto que define minha escolha é a letra. Daquelas que te pega fácil na adolescência, no auge da frustração e do tédio. Universal, clara e direta. "Song 2" pode ter mais energia e o Blur pode ter mesmo outras canções tão boas quanto essa, até mesmo letras melhores. Mas não acho que alguma delas tenha conquistado tanta gente quanto "Coffee and Tv". Cadernos de colégio e bios no twitter sabem do que estou falando". (Vinicius Felix, Blog do Bracin)


"É a minha favorita pela beleza da melodia e o cuidado com os metais, as cordas e todos os pequenos detalhes. O arranjo é a síntese da classe e da expressão que eu só reconheço em determinadas baladas do Blur. Duas performances ao vivo dessa música me marcaram muito, uma no Later with Jools Holland e a outra no prêmio anual da MTV Europa. Damon Albarn completamente jogado ao chão, de bengala na mão, durante a explosão final da música é uma imagem que eu não consigo esquecer. A entrega emocional de um artista é sempre meu grande parâmetro de identificação com seu trabalho.Comprei o The Great Escape na galeria do rock em uma das viagens mais tristes da minha vida e nunca mais consegui separar as coisas. E isso não é necessariamente ruim. Versos dessa música como "When the days they seem to fall through you / Just let them go" são estampas que definem uma geração que envelheceu com a melancolia do final do século passado". (Manoel Magalhães, músico)

4º - "Beetlebum" - 39,5 (13 votos)

""Beetlebum" é uma música sobre as experiências com heroína que o Damon Albarn teve com sua então namorada, Justine Frischmann, do Elástica. Primeiro single do quinto álbum e segunda canção do Blur a atingir o primeiro lugar na parada do Reino Unido, o que é bem merecido. Mas o que importa mesmo é que quando começa a tocar, Beetlebum dispara uma miríade de sensações e eu fico imersa. Nada é errado. E provavelmente você vai ficar envolto num clima sexy, mas sonolento. Certo mesmo é que toda minha violência vai embora ao fim dessa música. E então, aperto o play mais uma vez." (Letícia Ribeiro Carvalho)


""Song 2" é uma verdadeira aula de rock and roll. Uma canção curta, com batida marcante e que vai crescendo com o tempo até chegar em um refrão cheio de gritos e com o baixo distorcido de Alex James. Impossível não se empolgar ao ouvir no carro, na balada ou jogando Fifa 98. Foi com essa música que eu, e toda uma geração, conhecemos Blur, fomos atrás de outras músicas, e descobrimos que eles são, sim, melhores que o Oasis". (Denis Romani, Tiger Robocop)





"Foi bem difícil chegar ao primeiro lugar dessa lista, mas "Parklife" e tudo que ela representa para o Blur a colocaram no lugar mais alto desse Top 5. Fora que esse disco deu início a maior batalha do britpop: Blur x Oasis, já que a banda dos irmãos Gallagher estreou com Definitely Maybe, de 1994 no mesmo ano do Parklife. O sarcasmo britânico é muito bem sintetizado na letra de "Parklife"e a narração do ator britânico Phil Daniels é um dos poucos casos na música em que esse tipo de alternativa não comprometeu o resultado final da faixa, só a deixou ainda mais debochada."  (Bruno Dias, Urbanaque)


""Girls and Boys" é o retrato de uma geração, a dos anos 90. Mesmo com todo hedonismo agregado à cultura clubber, alguns temas não eram escancarados. Daí vem uma banda do brit pop celebrar a diversidade sexual, sugerida em versos irônicos, provocativos. E no refrão. Era para causar mesmo. E era também um convite a dança. Já embala de cara, com aquele início meio tecnopop. Empolga mais ainda quando entram riffs de guitarra, corinho e efeitos eletrônicos. No mais, o Blur conseguiu o que parecia impossível: fazer uma musica em que gays e héteros se jogassem na pista". (Lorena Calabria, jornalista)


"Por mais óbvia que seja a escolha, não consigo pensar em outra para o primeiro posto. O Blur certamente tem canções mais inventivas (essa suga muita coisa de Beatles e um tantinho de Kinks), mas música também é emoção, e eu tinha meus 16 ou 17 quando ouvi aquele refrão dizer que nenhum de nós quer ficar sozinho, que usamos as mesmas roupas, que nossos lábios estão secos quando tentamos mostrar afeto. Mesmo tão novo, já podia perceber que isso era a vida que as pessoas da minha idade (e algumas um pouco mais velhas que eu) estávamos vivendo. Que a geração que hoje não consegue tomar uma decisão é essa aí, que viveu o fim do século como se fosse nada de especial. E podemos parar de ouvir a canção, mas volta e meia ela cobra sua vigência nas nossas vidas..." (Leonardo Vinhas, Scream & Yell)


"Uma canção de amor tão simples quanto certeira. A vida às vezes pode não ser muito amigável e no caso de Graham Coxon, com notórios problemas com álcool e drogas, isso foi uma constante por algum tempo e que inclusive desencadeou em sua saída da banda. Mas no fim do dia viver ainda vale a pena, porque há alguém, que está lá pra dizer que vai ficar tudo bem. E nesses casos a maior parte do trabalho é somente "estar lá". Visceral e honesta, voz e violão no melhor estilo lo-fi, é um bonito clichê sobre o amor fazer tudo melhor, uma dessas verdades absolutas que de tanto a gente procurar e não encontrar, acabam nos atropelando um dia". (João Vitor Medeiros, Indie da Deprê/Catárticos)


"Essa música é a verdadeira definição do "brit pop": guitarras, letras, backing vocal, e é claro, o vocal característico de Damon Albarn. Gosto de pensar que todas as bandas que surgiram depois do Blur ouviram o primeiro álbum do grupo (Leisure, de 1991), passaram por "There´s no other way" e disseram: "temos que fazer igual"." (Denis Romani, Tiger Robocop)



"É a síntese do britpop. Não há mais o que dizer." (Tomaz Alvarenga, Correio Braziliense)









"O som do britpop é o som da auto-confiança sem barreiras. Da "marra". Mas até o britpop caiu do seu pedestal um dia. Dessa queda, nasce um disco de nome 13. O momento em que a pintura descascou e vimos a fragilidade pela primeira vez na nova geração britânica, uma fragilidade nada auto-suficiente como antes parecia, uma fragilidade desesperada por um par. 13 traz em si uma tríade de músicas que abordam essa fragilidade de maneiras paralelas. O coro caloroso de "Tender". O pop aconchegante de "Coffee & TV". Mas a solidão fica mais palpável quando ela é realmente solitária, e apenas com uma guitarra rosnada, texturizada, vemos Damon Albarn declarar que não há mais caminho a percorrer em "No Distance Left to Run". Mas é claro - o ápice de uma carreira geralmente leva a essa pergunta: pra onde ir agora?" (Ana Clara Matta, Rock'n Beats)


*definido pelo critério de desempate: a vantagem fica com a música com maior número de votos, e, caso persista o empate, com as melhores colocações (P.ex., um primeiro lugar e um quinto lugar valem mais que um segundo e um quarto).

Blurrrrr by Bruno Capelas on Grooveshark
OS 39 VOTANTES:

Adriano Costa - @coisapop – Coisa Pop 
Ana Clara Matta - @_ana_c - Rock'n Beats/Through the Frames
Bruno Capelas - @noacapelas – Pergunte ao Pop/O Estado de S. Paulo 
Bruno Dias - @brunodias - Urbanaque
Carlos Eduardo Lima – Monkeybuzz/Rolling Stone
Cristiano Castilho - @criscastilho - Gazeta do Povo
Denis Romani – @romani83 - Band/Tiger Robocop 90
Eduardo Martinez - @eduardoapm – TV Tem/A Ilha dos Mendigos
Elson Barbosa - @elson - Sinewave
Enio Vermelho Jr. - @yadayadayada - jornalista
Fernando Augusto Lopes - @flogase – Floga-se/O Resto é Ruído
Giovanni Santa Rosa - @giovsr - Gizmodo Brasil 
Igor Macedo – idealizador da lista
João Vitor Medeiros - @indiedadepre – Indie da Deprê/Catárticos
Jéssica Figueiredo - @jessicambf - Rockinpress 
Juliana Ronconi - Revista SOM 
Lafaiete Jr. - @lafaietejunior – Veia Urbana
Leonardo Dias Pereira – @leodiaspereira - Urbanaque/Rolling Stone
Leonardo Vinhas - @leovinhas – Scream & Yell 
Letícia Ribeiro Carvalho - @anthems_antics
Lorena Calabria - @lorenacalabria – jornalista
Lucas Brêda - @lucasbreda94 - Rock'n Beats
Luiza Aloi - @luli_aloi – Lizt Blog/Rock’n Beats 
Manoel Magalhães - @chelseanights - Harmada 
Marcelo Costa - @screamyell – Scream & Yell 
Marco Barbosa - @bartbarbosa – Telhado de Vidro
Miguel Amado - Perdidos No Ar
Omar Godoy - @ogrunhido – O Grunhido
Pedro Hollanda - @phollanda – Tall Buildings Shake 
Pedro Salgado - @woorman – Scream & Yell 
Raul Ramone - @raulramone – Move That Jukebox 
Rodrigo Brasil - @rodrigogbrasil – Ultra Music
Rodrigo James - @rodrigojames – Alto Falante
Thiago Pereira - @thiagopereira27 – O Tempo/Alto Falante 
Tiago Agostini - @tiagoagostini – MSN/Rolling Stone 
Tomaz de Alvarenga - @tomazalvarenga – Correio Braziliense
Vinicius Cunha - @thevinil - Rock'n Beats/Oi FM
Vinicius Felix - @blogdobracin - Blog do Bracin/Trip
Vinicius Olmos – idealizador da lista 

2 comentários:

  1. A lista ficou excelente! Concordo com a maior parte das escolhas, principalmente as do top 10. Só senti falta de "Country Sad Ballad Man", minha favorita do Blur, e que de certa forma antecipa a melancolia que tomará conta do disco 13.

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  2. ótima lista. as músicas escolhidas e a ordem deixam clara uma coisa: a fase do Blur pós-Parklife é ainda mais interessante, inclusive em discos que se afastam bastante do britpop "padrão" (caso de "Blur" e "13"). ao contrário do Oasis (incrível como é difícil falar de uma das bandas sem citar a outra - como o próprio texto faz), o Blur só melhorou a cada disco.

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