11 de set. de 2013

Dois Golpes em uma Geração

Colaborador santista do Pergunte ao Pop, o Victor Francisco Ferreira me abordou esses dias no Facebook contando que estava se sentindo mal com as recentes mortes de Chorão e Champignon, os dois membros mais importantes do também santista banda Charlie Brown Jr. Pedi a ele que escrevesse então sobre o assunto, e o resultado foi este memorial que apresento pra vocês agora. Mais uma vez, valeu, Victão!

Enquanto escrevo passam-se quase 36 horas desde que soube da morte do Champignon e ainda assim é chocante pensar no que aconteceu. Em um espaço de seis meses foram-se aqueles que talvez fossem os principais responsáveis pela inclusão de Santos como celeiro para o rock brasileiro. O vocalista e letrista Chorão morreu de overdose no dia 6 de março. Pouco mais de seis meses depois, na madrugada do dia 8 para o dia 9 de setembro, Champignon aparentemente pôs fim à própria vida em seu apartamento em São Paulo. 

Talvez possa parecer exagero para um público que adora supervalorizar bandas independentes e/ou estrangeiras, mas o blockbuster Charlie Brown Jr marcou não só a minha vida, mas a de muitos da minha geração. Nasci e cresci em Santos. Desde que me dou por gente escutava aqueles caras tocando Brasil afora e levando junto com eles o orgulho de ser da minha cidade. Toda molecada santista da época sabia quem eram Chorão, Champignon, Marcão, Thiago e Pelado. Toda molecada santista da época sabia cantar “Só Por Uma Noite”, “Rubão”, “Proibida Pra Mim”, “Zóio d’ Lula” e outras.

Aliás, não só a molecada santista. O Charlie Brown foi um fenômeno nacional entre o público adolescente daquela época. Mas para nós era um pouco diferente. Os caras eram da nossa cidade, moravam ali do lado. Era fácil encontrar algum deles atravessando a rua, indo ao mercado ou fazendo qualquer coisa banal do dia a dia. E eu, que nunca andei de skate na vida, sabia (e ainda sei) exatamente onde ficava o Chorão Skate Park. O Charlie Brown era algo grande e próximo ao mesmo tempo. E isso impressiona quando se tem 13 anos e sonha-se ser um rockstar. 

Na minha adolescência tardia tive um momento rebelde sem causa, em que praticamente negava tudo o que não fosse derivado dos Strokes. Junto com isso, veio a troca de quase todos os integrantes do Charlie Brown (só ficou o Chorão), o que não me animou para ouvir as novas músicas do grupo. Mas depois de passada essa fase cega da vida, foi possível apreciar novamente velhas canções. Nunca mais fui fã fervoroso do Charlie Brown, confesso, mas não deixei de admirar principalmente o trabalho instrumental das canções. 

Se muitas vezes achava o Chorão arrogante no palco e suas letras meio piegas, muitas vezes valia a pena ouvir e prestar atenção em como os outros músicos conseguiam conduzir o som que ia desde o punk-pop californiano à la Blink 182 para um quase ‘funky surf rock’ no melhor estilo Red Hot Chili Peppers. 

Se a morte do Chorão, em março, causou uma gigante comoção na juventude santista e no meio musical e rendeu inúmeras homenagens (uma delas, A Banca, tocada pelo próprio Champignon e outros ex-Charlie Brown), com o baixista não pode ser diferente. 

A vida segue, mas Chorão e Champignon sempre serão lembrados como ídolos por toda uma geração de santistas e por outros milhões de jovens de todo o Brasil, que encontravam em suas canções uma fonte de energia para seguir em frente. Para finalizar, aqui fica uma das melhores músicas da banda durante a gravação do ótimo Acústico MTV – Charlie Brown Jr, de 2003.

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