19 de fev. de 2011

Rockstar Tiozão, Moleque Atrevido

Se um show pudesse se resumir a apenas uma palavra, a que definiria a apresentação dos paranaenses do Nevilton no SESC Vila Mariana no último dia 17 poderia ser intensidade. Quem ali estava presente - e superou as condições espaço-temporais desfavoráveis, como o trânsito caótico da cidade em uma quinta-feira chuvosa - viu um espetáculo em que ao mesmo tempo era possível rir, se emocionar, ficar de boca aberta ou dançar (de pé ou sentado).

Boa parte da seqüência de ações do parágrafo acima é culpa do charme e do entusiasmo que o vocalista/guitarrista Nevilton de Alencar exibe no palco. Não se importando em tocar para um auditório cheio apenas pela metade ou para multidões (a banda abriu o show do Green Day em São Paulo em outubro último), o vocalista chama a platéia a cantar seus refrões, ensaia coreografias empolgadas, esbanja virtuosismo na guitarra (sem soar pedante, no entanto), pede palmas e dá pulos mil com pose de rockstar, sem no entanto soar como um tiozão preso em um corpo de jovem.

É talvez essa a imagem que sintetize o som do Nevilton, uma banda que recria determinadas idéias e clichês do rock dos anos 70: a busca de sonoridades mais puxada para o folk, o ideal de uma vida "modesta e fecunda" ("Paz e Amores"), as canções de amizade ("Singela"), o elogio à simplicidade e ao não conformismo ("Vitorioso Adormecido", "O Morno"). Entretanto, a aparência dos integrantes não deixa mentir que suas canções também contém ingredientes de uma música mais recente: diversas delas se aproximam sonoramente do college rock de bandas como Replacements e Nirvana. O conjunto de Kurt Cobain ainda é citado textualmente na divertidíssima "Bolo Espacial", que, no show virou uma hard bossa e depois um samba rock à moda de Marku Ribas, sem no entanto perder seu DNA roqueiro.

Prestes a lançar seu primeiro disco de longa duração (pergunta ao leitor: o que e quem determina se um disco é um EP ou um álbum cheio?), a banda, que ainda é formada por Tiago Inforzato (baixo) e Eder Chapolla (bateria) mostrou a que veio. Mostra que não é só um bando de moleques querendo fazer um som, mas sim uma idéia que pode vingar e trazer bons frutos. Enquanto o disco não vem, só nos resta “viver em paz, bebendo cerveja, ouvindo música com quem quer que seja”, como prega uma de suas canções.

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