À primeira vista, a ideia parecia excelente (e foi): comemorando o aniversário de Roberto Carlos, no próximo dia 19 (aguardem, vai ter coisa por aí), o SESC Belenzinho organizou uma série de shows com cantores da nova geração interpretando as canções do Rei - hoje tem Lafayette e os Tremendões, e no final do mês, Teresa Cristina. Quem abriu a série, porém, foi o último romântico Marcelo Jeneci, em filiação mais que comprovada. Em pouco mais de uma hora, Jeneci emocionou os presentes, e comprovou: pode existir amor em SP, desde que seja dentro de uma canção de Roberto Carlos.
Reunindo o melhor do repertório do Rei - ou, como ele mesmo disse, "as canções que tem mais a ver com o recado que eu quero passar" -, Jeneci fez uma apresentação acachapante, cheia de sucessos. Ele abriu o show cantando "Jesus Cristo", com uma entrada misteriosa no palco, e depois seguiu com a baladaça "Como Vai Você", de Antonio Marcos - um compositor que merece ser descoberto com mais atenção.
Acompanhado por uma banda que melhora a cada show - destacando o baixo de Régis Damasceno e a guitarra de João Erbetta, e o teclado que o próprio Jeneci toca em boa parte do show, ao melhor estilo Lafayette de composição. A fofíssima (desculpa o clichê, leitor, mas é que não dá pra definir de outro jeito) Laura Lavieri também pareceu mais solta que em apresentações anteriores, e assumiu para si momentos muito bacanas do show, como o rockinho "Um Leão Está Solto nas Ruas", de Rossini Pinto, e "Quando", uma das melhores canções de fim de namoro já escritas.
Mas duas coisas chamaram muita atenção no show de ontem, além da performance sensacional de Jeneci e sua banda. Primeiro: a plateia da comedoria do SESC Belenzinho era bem diferente do que se costuma ver em shows de outros artistas independentes - e até próximos a Jeneci, como Tulipa Ruiz. Em sua maioria, era composta por senhores e senhoras de meia e terceira idade, e um bom percentual de mulheres entre 20 e 30 anos que não calçavam All Stars nem Adidas. Ter música em novela hoje não é garantia de nada, mas a presença de "Felicidade" na trilha do folhetim das 7 pode ter trazido outro público para Jeneci.
A segunda é que, no final do show, Jeneci cantou três de suas próprias canções - acima, "Dar-te-ei", e também "Felicidade" e "Pense Duas Vezes Antes de Esquecer". E nos três momentos, o público cantou com muito mais empolgação do que nas canções de Roberto - que eram certamente mais conhecidas por todos ali. Um show é pouco para dizer, mas talvez Jeneci seja um dos melhores hitmakers à moda antiga de hoje em dia - além de Roberto, preste atenção no quanto de Guilherme Arantes tem no seu som. Em maio o cantor repetirá a dose de brincar de Roberto Carlos, dado o sucesso do espetáculo, que teve ingressos esgotados em 40 minutos.
Um problema enorme, entretanto, aparece à frente de Jeneci neste exato momento. O cantor revelou em show que está produzindo já o segundo disco, ainda sem previsão de lançamento, e tem como desafio superar o elogiadíssimo Feito pra Acabar, talvez uma das melhores estreias nacionais dos últimos dez anos. Não será fácil passar pelo clássico teste do segundo disco, mas talento para isso, Jeneci tem de sobra (outro clichê, mas é verdade) - um cara que faz uma leitura para "Detalhes" dessa maneira merece muito crédito. É esperar pra ver.
Um problema enorme, entretanto, aparece à frente de Jeneci neste exato momento. O cantor revelou em show que está produzindo já o segundo disco, ainda sem previsão de lançamento, e tem como desafio superar o elogiadíssimo Feito pra Acabar, talvez uma das melhores estreias nacionais dos últimos dez anos. Não será fácil passar pelo clássico teste do segundo disco, mas talento para isso, Jeneci tem de sobra (outro clichê, mas é verdade) - um cara que faz uma leitura para "Detalhes" dessa maneira merece muito crédito. É esperar pra ver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário