Existem certos artistas, que, graças à contundência de sua obra, merecem ser vistos ao menos uma vez na vida. João Gilberto é um deles, e Beck defende que a mesma ideia valha para Bob Dylan. Talvez seja pretensioso e um pouco oportunista afirmar, mas os Racionais MCs - e mais especificamente, Mano Brown - pertencem a essa galeria, pela força poética de suas canções, expandindo os limites de seu universo musical. E foi nesse espírito que os vi ontem, na último de uma sequência de quatro apresentações, na choperia do SESC Pompeia.
Em um domingo de muita chuva, e com ingressos esgotados, os Racionais não fizeram concessões em cima do palco, o que dava à apresentação contornos de baile ou de discurso político. Assim como Dylan, eles trazem à tona canções que não necessariamente sejam o seu melhor repertório, mas que os representem bem. Em sua maioria, o setlist foi formado por canções de "Nada Como Um Dia Após o Outro", com pouco destaque para os discos anteriores (o seminal "Raio-X do Brasil" e a obra prima "Sobrevivendo no Inferno"), ignorando algumas de suas melhores canções - "Fim de Semana no Parque", "Um Homem na Estrada", "Capítulo 4, Versículo 3", "Diário de um Detento".
Em um domingo de muita chuva, e com ingressos esgotados, os Racionais não fizeram concessões em cima do palco, o que dava à apresentação contornos de baile ou de discurso político. Assim como Dylan, eles trazem à tona canções que não necessariamente sejam o seu melhor repertório, mas que os representem bem. Em sua maioria, o setlist foi formado por canções de "Nada Como Um Dia Após o Outro", com pouco destaque para os discos anteriores (o seminal "Raio-X do Brasil" e a obra prima "Sobrevivendo no Inferno"), ignorando algumas de suas melhores canções - "Fim de Semana no Parque", "Um Homem na Estrada", "Capítulo 4, Versículo 3", "Diário de um Detento".
Entretanto, quando resolve executar seus melhores números, o grupo é imbatível, em porradas como "1 por Amor, 2 por Dinheiro", "Vida Loka", "Nego Drama" e "A Vítima" - esta, como uma força incrível no relato de Edy Rock, sozinho, no palco, com a imagem de uma caveira ao fundo - que apareceram todas no começo do show.
Na segunda metade da apresentação, muito discurso e um clima que lembrava um baile ou um comício político. Em clima de celebração, Brown, KL Jay, Ice Blue e Edy Rock trouxeram ao palco veteranços do rap, como Dexter, e Sandrão e Helião do RZO, colocando todo mundo pra pular, lembrando os anos 90. Brown, feliz com a vitória do Santos sobre o São Paulo, falou de Giovanni, e de Neymar, e comentou a camisa azul que o time tem vestido no gramado: "é azul da cor do mar, e tudo que é inspirado em Tim Maia é bom".
No meio da apresentação, quase como quem não quer nada, aparece "Marighella", canção inédita composta para o documentário homônimo. Em entrevista recente à Folha de S. Paulo, Brown mostrou sua insatisfação com o momento político de São Paulo (cidade e estado), chamando Alckmin e Kassab de inimigos. Juntas, a canção e a entrevista, mostram o que pode estar por vir em um futuro álbum do Racionais, que não grava nada em estúdio desde "Nada Como Um Dia Após o Outro", de 2002, em uma pegada política, discutindo as mudanças do país desde então. Vale a pena esperar pra ver.
No meio da apresentação, quase como quem não quer nada, aparece "Marighella", canção inédita composta para o documentário homônimo. Em entrevista recente à Folha de S. Paulo, Brown mostrou sua insatisfação com o momento político de São Paulo (cidade e estado), chamando Alckmin e Kassab de inimigos. Juntas, a canção e a entrevista, mostram o que pode estar por vir em um futuro álbum do Racionais, que não grava nada em estúdio desde "Nada Como Um Dia Após o Outro", de 2002, em uma pegada política, discutindo as mudanças do país desde então. Vale a pena esperar pra ver.
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