28 de abr. de 2011

Um Farol de Sinceridade

Dave Grohl é um bom sujeito. É difícil negar isso ao ver sua entrega quando canta ou exibe seus belos riffs de guitarra de maneira muito sincera. E essa possivelmente é a maior força de Wasting Light, o mais novo trabalho de sua principal banda, o Foo Fighters, e que pode ser ouvido no link a seguir. Wasting Light, é, sim, como tem sido dito por aí, um retorno à sonoridades mais básicas da banda, e talvez também seu disco mais pesado musicalmente falando. Entretanto, o elemento mais importante do álbum é a paixão: em uma época onde poucas canções soam honestas, as onze que compõe esse novo conjunto funcionam como um alento, um farol em meio a um oceano de superficialidade.

Não que isso seja algo inédito para os norte-americanos. Desde sua estreia, em 1995, o Foo Fighters se notabilizou por unir melodias roqueiras e letras sentimentais com grande talento, embaladas, em sua maioria, num molde setentista - que, no entanto, não chega a soar ultrapassado. Em Wasting Light, a esse já conhecido "manual de referências" unem-se coisas dos anos 80 (toques de Police ecoam por aqui e acolá) e 2000, via Queens of the Stone Age.

A parceria entre Grohl e o líder da última banda citada, Josh Homme, no supergrupo Them Crooked Vultures, parece ter mexido com a cabeça do ex-baterista do Nirvana: várias das músicas do novo trabalho caberiam facilmente em um disco como Songs for the Deaf - "White Limo" soa como uma "You Think I Ain't Worth a Dollar (But I Feel Like a Millionaire)" parte 2, por exemplo - sem falar em várias frases de guitarra que parecem ter sido cunhadas pela banda californiana.

Porém, é quando retoma seus padrões de canção e soa como o bom e velho Foo Fighters que a banda atinge seus melhores momentos no disco. E faz isso versando sobre temas que, apesar de comuns, são muito caros à banda, como a sensação de sentir-se usado por alguém - "Arlandria" - ou descobrir-se em um relacionamento que apesar de ter certas qualidades, só faz mal a quem nele esteve - "I Should Have Known". Ou ainda: a chance e a necessidade de um recomeço - "Walk", "Back & Forth" - e a noção de um dia tudo acaba, na bela "These Days".

Após dois discos irregulares e pretensiosos - o "mezzo acústico mezzo elétrico" duplo In Your Honor, de 2005, e o errático Echoes, Silence, Patience and Grace, de 2007 - esse retorno a um som mais simples do Foo Fighters soa como uma boa lição a artistas iniciantes: não é preciso fazer misturas mirabolantes ou utilizar um calhamaço de referências para fazer algo bom. Basta, como Grohl e seus cupinchas, fazer o básico - mas desde que seja com paixão.

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