Os quatro dias em Londres me reservaram alguns dos momentos
mais incríveis da vida até agora (ó, que drama), mas depois de muito pubear era
hora de ir em frente com a viagem. Entretanto, antes de ir para Amsterdã, ainda
não era hora de deixar a terra da Rainha. O motivo: dar um pulinho na terra dos
Beatles (e do Echo and the Bunnymen), pisar em Penny Lane e entender o que de
mágico havia na água de Liverpool. Depois de uma gripe e uma viagem de ônibus
que durou cinco horas, mas pareceu durar cinco minutos no meu sono, desci na
estação de ônibus de Liverpool ao som de... "Miss You", dos Stones.
Trollagem das boas do universo, te falar, viu?

O dia ainda estava claro, então "por que não ir atrás
de Penny Lane?", pensamos nós dois. As recomendações que havíamos lido no
dia anterior falavam para pegar um ônibus ou um táxi, mas pelo mapa que o
centro turístico forneceu parecia perto. Ledo engano. Penny Lane is até agora
in my eyes, my ears and my fucking bleeding knees, eu diria. A famosa rua da
canção de Paul McCartney fica no fim de Liverpool, bem no subúrbio - cheio
daquelas casas de tijolinhos tipicamente inglesas, hoje habitadas por indianos,
chineses e outros muitos imigrantes.

Por falar em táxi, uma história engraçada. Voltávamos os
dois a pé de Penny Lane para casa, e acabamos nos perdendo no meio do caminho
até o hostel. Decidimos (eu com a barba toda por fazer, Lelê com um lenço na
cabeça como se fosse um véu) pedir a ajuda a uma senhora, com a tez um bocado
avermelhada de maneira artificial (risos). Ao nos ver, a mulher se assustou e
jogou sua carteira no chão. O que se seguiu foi o seguinte diálogo:
"Hey, do you know how we can get to Everton
Road?".
"Everton Road... Everton Road...? Oh my God! (cara de assustada)".
"Yes, Everton Road'.
"Ah (mais assustada), erhm (assustadíssima), get a taxi! Do you need money
for the taxi? (mostra uma mão cheia de moedas de uma libra na nossa frente)
Money? For the taxi?".
"No, ma'am, no. Thank you! And... don't forget your wallet!"
"Oh!" (sai correndo).
No dia seguinte, já refeitos do susto (risos), fomos a dois
museus. Primeiro, o Tate Liverpool, versão nortista da fundação que também
cuida da Tate Modern e da Tate Britain. Com uma exposição enxuta, mas duas
mostras bem bacanas, a Tate Liverpool se tornou a minha favorita das três que
eu visitei. Se o Reina Sofia não deixa os visitantes de seu acervo penetrarem
na "Tropicália" de Hélio Oiticica, a Tate Liverpool deixa - o que faz
toda a diferença se você já viu a obra. (Fica o suspense no ar, ta-dah!)

Como o vôo para Amsterdã era no final da tarde, não deu
tempo de fazer muito mais coisa do que pedir um fish and chips (todo
engordurado, mas uma delícia) e ir pra terra dos moinhos. Foram pouco mais de
24 horas, mas o suficiente para ter uma ligeira impressão da cidade - e fazer
surgir a vontade de voltar, visitar as casas originais dos Beatles, fechar os
olhos em Strawberry Fields e aproveitar para dar um pulinho na vizinha
Manchester. Mas isso fica para outra long and winding road...
Leia mais do Pergunte ao Pop em turnê européia:
Cêis tavam tão pertinho de Strawberry Fields e não foram! :(
ResponderExcluirA casa do John era por ali também... uma boa caminhada a pé, mas tem ônibus!