O Barri Gotíc em seu melhor |
Fuja dos museus e saia andando por aí: Sim, é isso mesmo o que você leu. Fazendo as contas, eu devo ter visto quase dez museus durante a semana que eu fiquei em Barcelona, e deles todos, só três valeram muito a pena (falo deles já já, pra vocês saberem quais são). Primeiro: ao contrário de Madri, aqui os museus cobram entrada dos estudantes. E bem caro: a média fica entre 5 e 10 euros, uma facada se você pensar que dá pra ver dois ou três deles de uma vez. Em compensação, não há jeito melhor de respirar e entender a história de Barcelona que se perder nas vielinhas do Barri Gotic (o bairro gótico medieval), o El Born (construído na segunda metade do último milênio, voltado para o mar) e da região de Gracia, onde estão várias construções de Gaudí e outros arquitetos modernistas. A maior decepção, fique avisado o leitor, é o museu Picasso: é comum pegar fila na entrada, e não há quase nada que faça cair o queixo lá dentro. Última dica: se você não gosta de andar sozinho, vá atrás dos walking tours do Walking With Architects, um grupo de estudantes de arquitetura que oferece três passeios de graça - cada um pelos bairros que eu citei lá em cima. Eles saem da Plaza de Catalunya, às 11 da manhã, debaixo de um guarda chuva laranja, e valem MUITO a pena. Em um deles, o especial sobre Gaudí, passei uma boa hora e meia discutindo com o guia sobre a independência da Catalunha.
A Catalunha é uma nação...: Se o seu lado nerd, entretanto, não te deixa sair de uma cidade sem ao menos ver um museu, pode ficar calmo. O Museu de História da Catalunha (Museu D'História de Catalunya, em catalão), perto da praia de Barceloneta, é o seu lugar. Ao longo de dois andares, muito bem montados, a exposição permanente do lugar conta a história da região, ocupada ao longo dos tempos por cartagineses, romanos, francos e... espanhóis. Sim, espanhóis - a última parte do museu não diz, mas faz o visitante sair de lá entendendo (e até um bocado a favor) da independência da Catalunha, uma terra que forneceu muito e recebeu pouco ou quase nada do governo da Espanha, seja ele liderado por um rei ou um general. Se você estiver com tostões sobrando (ou um pouco de fome), vale a pena ainda dar uma passada no restaurante do terraço do Museu, com uma vista incrível pra um dos portos da cidade. E, anote aí no orçamento: 4 euros pra entrar (e mergulhar na história).
...em azul e grená: Outro lugar bacana pra entender o sentimento catalão é o Camp Nou, o estádio do Barcelona. O tour pelas instalações do time do Messi é carinho (23 euros), mas é beeem bacana: além da galeria de conquistas, que conta a história do time com troféus, relíquias de jogadores e belos painéis, e da visita ao campo, ainda dá pra dar uma volta no vestiário, sala de imprensa e bastidores do estádio. Para quem é fã de esporte (e eu sou, já aviso), não dá pra deixar de ir.
"Um louco ou um gênio?": A pergunta não é minha, mas do diretor da faculdade de arquitetura que deu o diploma a Antoni Gaudí. E a verdade é que, depois de ver uma meia dúzia de coisas do cara, não dá para saber mesmo. Além do walking tour que eu comentei lá em cima, recomendo muito ir até o Parc Guell (estação Lesseps, no norte da cidade), de graça, onde estão os famosos banquinhos e o lagarto, projetado pelo catalão para ser um condomínio de alto padrão. Outro lugar que merece ser visto (por dentro e por fora) é a sinfonia inacabada da Sagrada Família, que começou a ser construída em 1882. Nessa segunda, vale bastante a pena pegar uma visita guiada - é difícil entender toda a genialidade da coisa se não tiver ninguém explicando todos os significados extremamente católicos da construção, das estátuas e dos vitrais coloridos. Em Barcelona, há um costume no qual, nos aniversários das pessoas, é bacana desejar que elas vivam tempo suficiente para ver a Sagrada Família completa. (Em tempo: as previsões atualmente giram em torno de 2030. Perdoe a piada, mas #imaginanacopa).
Bons bocados: Turismo pra mim também significa comer bem (porque eu sou filho de Deus, né?) e conhecer pratos típicos de onde eu vou. Em Barcelona, tem três coisas bem bacaninhas para experimentar. a) Xocolat con churros - você pega o doce e mergulha no chocolate cremoso e forte bem quentinho. b) Pan con tomate - é tomate esfregado em um pão bem seco, mas é lindo de bom. c) Orxata - bebida típica já celebrada em uma canção do Vampire Weekend, feita a partir de uma erva chamada junça, bastante doce e enjoadinha. Peça a porção menor, e tente beber com limão, se você não gosta de coisas muito doces.
O Manchego do Kiosko Burger. |
Vamos a la playa?: Sempre me sinto meio idiota quando eu fico falando bem de praias fora do Brasil, mas a real é que é um espírito diferente. Em Barcelona, por exemplo, a ficha da cidade só caiu quando, em uma quinta-feira bastante ensolarada, eu resolvi ir pra areia e molhar o pé no Mediterrâneo. Não que as praias de Bogadell e Barceloneta sejam impressionantes (pelo contrário), mas é de se admirar o jeito que os barceloneses vivem a praia. Era um dia qualquer durante a primavera, mas lá estavam eles, jogando vôlei, andando de bicicleta, levando os filhos pra fazer castelos de areia, ou, como o casal da foto acima, namorando um pouco. Ou seja: se tudo estiver dando errado no seu rolê por Barcelona, pare e não pense duas vezes - vá pra praia, compre uma Coca (ou uma cerveja, né) e simplesmente "feel the good hit of the summer".
Discófilos do mundo, uni-vos! Sabe aquelas madames que passam o ano inteiro economizando pra ir pra Miami gastar tubos de dinheiro? Fui meio assim nas lojas de discos em Barcelona. Mas, aviso, é difícil ficar com a carteira intacta depois de um passeio pela FNAC da Plaza de Catalunya e pelas duas baita record stores da Carrer de Tallers, a Revolver e a Castelló. Em uma manhã de sábado, gastei coisa de 150 euros (#irresponsabilidade) em uma coleção de discos que incluiu uma caixinha com a discografia completa do Simon & Garfunkel, os dois primeiros LPs do Big Star, um Moondance, um Rumours, um Songs from Leonard Cohen e uma edição remasterizada 5.1 DTS com DVD bônus do Pet Sounds.
CaixaForum <3 |
Quase de graça, mas valendo muitos tostões: Outros dois bons museus que merecem a sua atenção são a dupla patrocinada pela fundação La Caixa. São o CaixaForum (metrô Espanya), irmão gêmeo do CaixaForum de Madrid (um dos meus lugares favoritos da capital espanhola) e CosmoCaixa (trem Tibidabo, ao norte da cidade), um museu de ciências bacanudo. No primeiro, você não paga nada, e sempre corre o risco de topar com uma exposição bacanuda - peguei uma sobre o desejo que me fez verter lágrimas com uma instalação de Rivane Neuenschwander, e por questão de dias não vi uma sobre a obra de George Meliès. Já o segundo custa 3 euros na entrada, mas é cheio de coisas bacaninhas para crianças (e adultos crionças) aprenderem conceitos de física, química e biologia. Ótimo pros pais e pra dias de chuva.
O Hostel: É meio besta recomendar hospedagem, mas aos mochileiros de primeira viagem, sempre ajuda uma dica de hostel, então vai lá. Peguei o Alternative Creative Youth Home Hostel (não, a Mallu Magalhães não é dona do lugar) por uma semana quando fui pra Barcelona, e não me arrependi. A localização (do lado da Plaza de Catalunya) é ótima, o pessoal é bem bacana, o hostel é limpíssimo e todo novinho. Vale bem.
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