9 de mai. de 2013

Roteiro de Viagem: Barcelona

Faz mais de um mês que eu fui pra Barcelona, mas mesmo assim algumas coisas da cidade ainda continuam girando na minha cabeça. Muitos amigos também estão se preparando para ir pra lá nas próximas semanas, de maneira que eu resolvi escrever esse pequeno roteirinho com algumas dicas legais de coisas a fazer, comer e visitar pela capital da Catalunha.

O Barri Gotíc em seu melhor
Fuja dos museus e saia andando por aí: Sim, é isso mesmo o que você leu. Fazendo as contas, eu devo ter visto quase dez museus durante a semana que eu fiquei em Barcelona, e deles todos, só três valeram muito a pena (falo deles já já, pra vocês saberem quais são). Primeiro: ao contrário de Madri, aqui os museus cobram entrada dos estudantes. E bem caro: a média fica entre 5 e 10 euros, uma facada se você pensar que dá pra ver dois ou três deles de uma vez. Em compensação, não há jeito melhor de respirar e entender a história de Barcelona que se perder nas vielinhas do Barri Gotic (o bairro gótico medieval), o El Born (construído na segunda metade do último milênio, voltado para o mar) e da região de Gracia, onde estão várias construções de Gaudí e outros arquitetos modernistas. A maior decepção, fique avisado o leitor, é o museu Picasso: é comum pegar fila na entrada, e não há quase nada que faça cair o queixo lá dentro. Última dica: se você não gosta de andar sozinho, vá atrás dos walking tours do Walking With Architects, um grupo de estudantes de arquitetura que oferece três passeios de graça - cada um pelos bairros que eu citei lá em cima. Eles saem da Plaza de Catalunya, às 11 da manhã, debaixo de um guarda chuva laranja, e valem MUITO a pena. Em um deles, o especial sobre Gaudí, passei uma boa hora e meia discutindo com o guia sobre a independência da Catalunha. 

A Catalunha é uma nação...: Se o seu lado nerd, entretanto, não te deixa sair de uma cidade sem ao menos ver um museu, pode ficar calmo. O Museu de História da Catalunha (Museu D'História de Catalunya, em catalão), perto da praia de Barceloneta, é o seu lugar. Ao longo de dois andares, muito bem montados, a exposição permanente do lugar conta a história da região, ocupada ao longo dos tempos por cartagineses, romanos, francos e... espanhóis. Sim, espanhóis - a última parte do museu não diz, mas faz o visitante sair de lá entendendo (e até um bocado a favor) da independência da Catalunha, uma terra que forneceu muito e recebeu pouco ou quase nada do governo da Espanha, seja ele liderado por um rei ou um general. Se você estiver com tostões sobrando (ou um pouco de fome), vale a pena ainda dar uma passada no restaurante do terraço do Museu, com uma vista incrível pra um dos portos da cidade. E, anote aí no orçamento: 4 euros pra entrar (e mergulhar na história).


...em azul e grená: Outro lugar bacana pra entender o sentimento catalão é o Camp Nou, o estádio do Barcelona. O tour pelas instalações do time do Messi é carinho (23 euros), mas é beeem bacana: além da galeria de conquistas, que conta a história do time com troféus, relíquias de jogadores e belos painéis, e da visita ao campo, ainda dá pra dar uma volta no vestiário, sala de imprensa e bastidores do estádio. Para quem é fã de esporte (e eu sou, já aviso), não dá pra deixar de ir. 

"Um louco ou um gênio?": A pergunta não é minha, mas do diretor da faculdade de arquitetura que deu o diploma a Antoni Gaudí. E a verdade é que, depois de ver uma meia dúzia de coisas do cara, não dá para saber mesmo. Além do walking tour que eu comentei lá em cima, recomendo muito ir até o Parc Guell (estação Lesseps, no norte da cidade), de graça, onde estão os famosos banquinhos e o lagarto, projetado pelo catalão para ser um condomínio de alto padrão. Outro lugar que merece ser visto (por dentro e por fora) é a sinfonia inacabada da Sagrada Família, que começou a ser construída em 1882. Nessa segunda, vale bastante a pena pegar uma visita guiada - é difícil entender toda a genialidade da coisa se não tiver ninguém explicando todos os significados extremamente católicos da construção, das estátuas e dos vitrais coloridos. Em Barcelona, há um costume no qual, nos aniversários das pessoas, é bacana desejar que elas vivam tempo suficiente para ver a Sagrada Família completa. (Em tempo: as previsões atualmente giram em torno de 2030. Perdoe a piada, mas #imaginanacopa). 



Bons bocados: Turismo pra mim também significa comer bem (porque eu sou filho de Deus, né?) e conhecer pratos típicos de onde eu vou. Em Barcelona, tem três coisas bem bacaninhas para experimentar. a) Xocolat con churros - você pega o doce e mergulha no chocolate cremoso e forte bem quentinho. b) Pan con tomate - é tomate esfregado em um pão bem seco, mas é lindo de bom. c) Orxata - bebida típica já celebrada em uma canção do Vampire Weekend, feita a partir de uma erva chamada junça, bastante doce e enjoadinha. Peça a porção menor, e tente beber com limão, se você não gosta de coisas muito doces. 

O Manchego do Kiosko Burger.
E bons hambúrgueres: O Melhor Hambúrguer da Cidade anda inativo nesta turnê europeia do PaoP, mas não passou batido em Barcelona. Dica do Marcelo Costa, o Kiosko (do lado do Museu de História e, consequentemente, pertinho da praia) é dono da melhor cebola caramelizada que este blog já comeu, pertencente ao Manchego, essa belezinha aí da foto (6 euros), com búrguer de 220g, alface, queijo manchego, cebola caramelizada, maionese e tomate. Aconselhamos também a boa porção de batatas rústicas - aliás, fica a dica: até o McDonald's de Barcelona serve esse tipo de batatas, uns quinze graus superior à boa e velha batata palito. 

Vamos a la playa?: Sempre me sinto meio idiota quando eu fico falando bem de praias fora do Brasil, mas a real é que é um espírito diferente. Em Barcelona, por exemplo, a ficha da cidade só caiu quando, em uma quinta-feira bastante ensolarada, eu resolvi ir pra areia e molhar o pé no Mediterrâneo. Não que as praias de Bogadell e Barceloneta sejam impressionantes (pelo contrário), mas é de se admirar o jeito que os barceloneses vivem a praia. Era um dia qualquer durante a primavera, mas lá estavam eles, jogando vôlei, andando de bicicleta, levando os filhos pra fazer castelos de areia, ou, como o casal da foto acima, namorando um pouco. Ou seja: se tudo estiver dando errado no seu rolê por Barcelona, pare e não pense duas vezes - vá pra praia, compre uma Coca (ou uma cerveja, né) e simplesmente "feel the good hit of the summer". 


Discófilos do mundo, uni-vos! Sabe aquelas madames que passam o ano inteiro economizando pra ir pra Miami gastar tubos de dinheiro? Fui meio assim nas lojas de discos em Barcelona. Mas, aviso, é difícil ficar com a carteira intacta depois de um passeio pela FNAC da Plaza de Catalunya e pelas duas baita record stores da Carrer de Tallers, a Revolver e a Castelló. Em uma manhã de sábado, gastei coisa de 150 euros (#irresponsabilidade) em uma coleção de discos que incluiu uma caixinha com a discografia completa do Simon & Garfunkel, os dois primeiros LPs do Big Star, um Moondance, um Rumours, um Songs from Leonard Cohen e uma edição remasterizada 5.1 DTS com DVD bônus do Pet Sounds

CaixaForum <3
Quase de graça, mas valendo muitos tostões: Outros dois bons museus que merecem a sua atenção são a dupla patrocinada pela fundação La Caixa. São o CaixaForum (metrô Espanya), irmão gêmeo do CaixaForum de Madrid (um dos meus lugares favoritos da capital espanhola) e CosmoCaixa (trem Tibidabo, ao norte da cidade), um museu de ciências bacanudo. No primeiro, você não paga nada, e sempre corre o risco de topar com uma exposição bacanuda - peguei uma sobre o desejo que me fez verter lágrimas com uma instalação de Rivane Neuenschwander, e por questão de dias não vi uma sobre a obra de George Meliès. Já o segundo custa 3 euros na entrada, mas é cheio de coisas bacaninhas para crianças (e adultos crionças) aprenderem conceitos de física, química e biologia. Ótimo pros pais e pra dias de chuva. 

O Hostel: É meio besta recomendar hospedagem, mas aos mochileiros de primeira viagem, sempre ajuda uma dica de hostel, então vai lá. Peguei o Alternative Creative Youth Home Hostel (não, a Mallu Magalhães não é dona do lugar) por uma semana quando fui pra Barcelona, e não me arrependi. A localização (do lado da Plaza de Catalunya) é ótima, o pessoal é bem bacana, o hostel é limpíssimo e todo novinho. Vale bem.

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