O Victor Francisco Ferreira conta o resto da saga dele pela Virada Cultural pra gente aqui no Pergunte ao Pop. Saiba como foram os shows de Lirinha, Mombojó, Vanguart e Apanhador Só durante o festival paulistano.
Após algumas horas na Sala de Imprensa escrevendo textos sobre minha experiência erótica oriental no Cine Dom José, rumei para a rua 25 de março. Passava das duas da manhã, e no palco da famosa rua do comércio paulistano estava a banda paraibana Cabruêra, com uma apresentação agitada e hits da música brasileira, principalmente nordestina.
Enquanto o palco da Cabruêra era desmontado e a equipe do pernambucano Lirinha ajeitava os instrumentos para o próximo show, os alto falantes do palco emitiam ruídos altos e irritantes. Problema técnico que foi solucionado apenas minutos antes do início da apresentação, que começou com 45 minutos de atraso.
Assim, às 4h45, subiu ao palco o pernambucano Lirinha. Com uma performática digna de repentistas, o artista também animou o público. Confesso que não conhecia seu trabalho (julguem-me), mas a impressão foi muito boa. Com letras poéticas e muitos momentos de total declamação lírica suprimindo o cantar, Lirinha mostrou porque é um artista versátil - além de músico, ele também é poeta e ator.
Ainda com as canções do ex-integrante do Cordel do Fogo Encantado, um pequeno grupo de fãs da banda Vanguart já se aglomerava na grade, em frente ao palco. Quando terminou o show, por volta das 5h30, os jovens que ali se encontravam não continham mais a emoção por estarem perto de ver os mato-grossenses tão próximos de si.
Um jovem declamava sua emoção por estar tão perto do palco enquanto um grupo de meninas expunham todo seu amor e desejo carnal pelo baixista Reginaldo Lincoln. “Ah, era você mesmo então. A gente tava ouvindo seus gritos lá de trás. Tá todo mundo zoando lá no backstage por isso”, disse um dos seguranças a mais exaltada das fãs. O show da Vanguart começou exatamente às 6h22, com o vocalista Hélio Flanders agradecendo ao público por comparecer num horário tão ingrato. A abertura teve “Desmentindo a Despedida”, do álbum Boa Parte de Mim Vai Embora e, em seguida, “Cachaça”, do álbum Vanguart, o primeiro da banda.
A quarta música foi “Sempre Que Eu Vou Lá”, que fará parte do próximo disco do grupo, com lançamento previsto para agosto e já vinha sendo tocada em alguns shows recentes. Outra nova apresentada foi “Eu Sei Onde Você Está”. Nela, Hélio Flanders dividiu os teclados com Luiz Lazzaroto e o guitarrista David Dafré tocou seu lap steel, instrumento também conhecido como guitarra havaiana e que é tocado apoiado sobre as pernas do músico, que fica sentado.
“Vocês não sabem o alívio que é poder tocar sentado pela primeira vez. Eu, o David e o Reginaldo sempre queimamos umas calorias a mais nos shows por ficarmos de pé”, brincou Flanders quando se dirigiu ao seu novo posto. Após a novidade, mais clássicos da banda como “Para Abrir Os Olhos”, “O Mar” (versão de Dorival Caymmi) e “Se Tiver Que Ser Na Bala Vai”. Já no fim da apresentação, o público delirou com “Semáforo”, primeiro sucesso do grupo, e “Mi Vida Eres Tu”, primeiro single do Boa Parte Mim Vai Embora. Para finalizar apresentação com simpatia e a desenvoltura de quase uma década de estrada, uma ótima interpretação de "Ouro de Tolo", clássico de Raul Seixas. Foi-se uma hora de show, bom preparativo para o próximo disco dos rapazes.
“O disco tem nome já, mas eu não posso falar. Ainda não sabemos como ficará a disposição do nome na capa e tal. Mas a previsão de lançamento é pra agosto”, diz David. “A receptividade do público com essas músicas novas foi muito boa, completamente aberta”, completa. O álbum, produzido por Rafael Ramos, promete ser mais “rock”, nas palavras de David. Reginaldo completa. “Antes tínhamos muitas metáforas, partes instrumentais que te levavam a muitos lugares. Agora vai ser mais direto”.
Já com o dia claro no centro de São Paulo, os pernambucanos do Mombojó entraram em cena para fazer um show espetacular. No repertório, canções de todos os três álbuns de estúdio do grupo, além de “Procure Saber”, lançada no álbum comemorativo 11º Aniversário (2013), que relembra a carreira da banda.
Em “A Missa”, o vocalista Felipe S desceu do palco e subiu num apoio na grade, cantando bem próximo ao público. Não contente, ele subiu depois na própria grade, tendo que ser segurado pelas pernas por alguns fãs para se equilibrar. Ainda mais ensandecido, na última canção, “Deixe-se Acreditar”, o vocalista foi para o meio do público na rua 25 de março, levando os fãs e a equipe de segurança à loucura (cada grupo por um motivo diferente). Mombojó fez, de longe, a apresentação mais agitada que presenciei. E talvez a melhor delas.
Cheguei quase às 10 horas no palco Cásper Líbero BR, com bandas independentes de todo o Brasil. A apresentação seguinte seria dos gaúchos da Apanhador Só. Era o último show da primeira turnê. Durante o show, que contou com músicas importantes do repertório da banda como “Nescafé” e “O Rei e o Zé”, eles também apresentaram pela primeira vez “Despirocar”, que já integra o novo disco, Antes Que Tu Conte Outra, a ser lançado nesta terça-feira.
A apresentação foi impecável, com boa participação do público e deixou um ar de missão cumprida para a banda e de satisfação para o público, que pode curtir o contato direto com a banda, que foi ao público vender CDs e conversar com os fãs. No backstage, o vocalista Alexandre Kumpinski analisou o que o disco novo representa para a banda. “Com certeza, é um novo ciclo. O disco continua plural, mas as músicas são mais tensas, menos alegres, digamos assim”, afirma.
Durante “Despirocar”, quase todos os membros do grupo trocaram de instrumentos. O guitarrista Felipe Zancanaro foi para a bateria, o baixista Fernão Agra assumiu os teclados e o baterista André Zinelli tocou baixo. “Não necessariamente vamos trocar de instrumento, mas cada integrante agora vai tocar mais instrumentos. Isso porque os arranjos estão mais complexos”, comenta Kumpinski sobre as novas músicas do grupo, já disponíveis para download no site oficial da banda.
(Todas as fotos por Victor Francisco Ferreira)
(Todas as fotos por Victor Francisco Ferreira)
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