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É muito fácil amar uma cidade como essa - ou "o amor verdadeiro não tem vista para o mar" |
Em poucas palavras: o Rio de Janeiro é um prazer para os olhos. Das pernas das cariocas (ou não) à vista aérea que se tem da cidade de cima do Pão de Açúcar, quase tudo o que vi na capital fluminense foi um deleite para os olhos, um pedido para deixar o corpo bambo de tanta boniteza. À seguir, comento dez coisas que fiz nesse último fim de semana, quando eu, meus pais e minha irmã fomos à Cidade Maravilhosa, em uma ideia de gênio do meu pai. No lugar de uma festinha de aniversário, dois dias no Rio. Não deu tempo para ver muita coisa na cidade (ao fim do que vi, traço planos para o que quero ver na próxima vez), mas acho que consegui conhecer um bocado de coisas legais na cidade.
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O Theatro Municipal (e uma moça fazendo careta) |
A opulência do Theatro Municipal: Ao chegar no Santos Dumont, a primeira pedida do meu pai foi pegar um táxi rumo à Cinelândia, rumo à praça Floriano, onde se encontram o Theatro Municipal do Rio de Janeiro e a Biblioteca Nacional. Construído no governo Pereira Passos, que deu início ao processo de favelização do Rio, o Theatro chama à atenção por sua opulência. Durante a visita guiada (que dura cerca de 40 minutos e custa R$10,00), fiquei chapado com a decoração do salão Assírios (onde funcionava um restaurante, e hoje é um salão de entrada), com as pinturas de Eliseu Visconti presentes na sala de espetáculos e com todo o mármore, ferro, mobiliário e folhas de ouro usadas na construção. Se hoje tudo aquilo parece um ultraje com seu luxo, imagino como deveria ser no começo do século XX, quando o teatro foi inaugurado.
A estátua do Carlos Gomes: Uma curiosidade breve, prometo. À frente do Theatro Municipal, uma estátua de Carlos Gomes pede silêncio à orquestra. Ela não é original da época da construção do teatro: foi colocada ali por cantores brasileiros na década de 1940, substituindo uma estátua de Chopin, considerada um acinte pelos ~nacionalistas~. A parte engraçada? A Praça Floriano é um dos principais pontos do Cordão do Bola Preta, e o pedido de Carlos Gomes é sumariamente ignorado em todos os carnavais.
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Silêncio? |
O churrasco com queijo do boteco Amarelinho: Enquanto esperávamos pelo horário da visita à Biblioteca Nacional, eu e a família resolvemos forrar o estômago em um boteco que fica de frente à oitava maior biblioteca do mundo. Com um toldo amarelo (daí o nome), o Amarelinho esconde um grande lanche: o churrasco com queijo (R$12,00), que tem tudo o que esse lanche pede: bastante queijo, pão francês crocante e um bife tostadinho por fora, mas vermelho por dentro. Boa pedida (juro que poderíamos ter comido mais uns três dele sem problema).
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O churrasco com queijo do Amarelinho |
A decepção com a Biblioteca Nacional: Sabe quando te descrevem um filme com todas as piadas boas, os closes nos decotes das atrizes e as músicas legais, mas quando você vai ver o filme, acha tudo muito besta? Foi assim que eu me senti depois de ter passado pela Biblioteca Nacional, prédio do mesmo período do Theatro Municipal. Ela tem um acervo incrível - 3 milhões de livros, 15 milhões de peças, gravuras, cartas de D. Pedro e até uma Bíblia do século XV - mas tudo o que você vê por ali são algumas salas para pesquisadores e portas fechadas. Da próxima vez, gasto mais tempo com o Museu Nacional de Belas Artes, que fica do lado da Biblioteca e tem quadros incríveis de Pedro Américo e Jean Baptiste Debret (na exposição do século XIX) e Portinari e Eliseu Visconti (na do século XX, que estava desativada quando fui).
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O salão do Restaurante Cristóvão, da Confeitaria Colombo |
Uma viagem no tempo na Confeitaria Colombo: de barriga mais ou menos vazia, andamos aproximadamente 1km a pé da Biblioteca Nacional até a Confeitaria Colombo. Segunda casa de Chiquinha Gonzaga e Olavo Bilac, entrar na confeitaria é perceber uma mudança no tempo, como uma cápsula congelada (a não ser pelo pianista que tocava "Under Pressure" e "A Thousand Miles"). No segundo andar (o restaurante Cristóvão), comemos uma feijoada (bem boa) e nos deliciamos com o buffet de doces, que me derrubou pelas horas seguintes (quando desabei de dormir no hotel em Ipanema).
Fast food, ritmo lento: Até agora não entendi o porquê, mas meus pais encasquetaram de jantar no shopping no sábado. Todos os shoppings do mundo são iguais, mas foi uma visita culturalmente interessante. Descobri, por exemplo, que os cariocas até agora não entenderam o significado de fast food: restaurante do Bob's vazio, peço um lanche e o atendente demora uns dez minutos pra me cobrar. Mais outros dez para buscar o lanche e me entregar. (No café do Santos Dumont, a mesma cena tinha se repetido). (Do sobre o shopping, devo dizer que não resisti e comprei uma camiseta do América do Rio).
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A Lagoa Rodrigo de Freitas, vista do Corcovado |
Um city tour pode não ser uma má ideia: Sou daquele tipo de pessoa que sempre gosta de resolver as coisas por conta própria e ter pleno controle de onde vou, aonde quero ir e quanto tempo quero gastar. Mas devo dizer que o city tour pelo Pão de Açúcar/Corcovado oferecido pelo recepcionista do hotel de maneira honesta ("não vou mentir, é legal, minha comissão é de R$3 só") valeu bem a pena. Primeiro: a guia, uma argentina que odiava a "Cretina Kirchner" e falava um idioma entre o espanhol, o italiano e o português. Segundo: a chance de conhecer gente de lugares diferentes. Na nossa turma, tinha um grupo de italianos, outro de argentinas, uma mexicana e um trio de Porto Alegre (que me fez experimentar chimarrão). Terceiro: excursões pegam menos fila no Corcovado e no Pão de Açúcar. E por fim, quarto: além desses dois lugares, ainda deu tempo de ver Santa Teresa (cujas curvas e ladeiras me enjoaram), o Sambódromo e o Maracanã (em obras) pela janela do carro.
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A Praia Vermelha, minha nova paixão, vista do Bondinho |
Pão de Açúcar 3 x Corcovado 1: Em uma das rivalidades mais importantes do Rio de Janeiro (ao lado do Fla-Flu e de Mangueira-Portela), devo dizer que fiquei muito mais chapado com o Pão de Açúcar do que com o Corcovado. Se a casa do Cristo Redentor é mais alta (a uns 700 m do nível do mar), o Pão de Açúcar está bem no meio da cidade, tendo uma vista acachapante (como a que abre este post) de toda a Baía de Guanabara e da parte interna da cidade, além da charmosíssima Praia Vermelha. O bondinho também é muito mais legal que subir 700 metros (boa parte deles dentro de uma van da prefeitura) e, o Sugarloaf Mountain (como diziam as placas para turistas) estava mais vazio que o Corcovado. Mas devo dizer que o Pão de Açúcar não tem uma música foda, já o outro pico sim (e não há nada como cantar "Corcovado" no topo do Corcovado).
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A Livraria da Travessa |
Dar uma banda em Ipanema: Nosso hotel ficava em Ipanema, e aproveitamos algum tempinho andando a pé pelo bairro, imaginando como ele seria antes da invasão de Sérgio Dourado e Gomes de Almeida Fernandes, nos anos 1970. Entre as coisas mais legais do bairro, devo citar a rua Nascimento Silva, onde morava Tom Jobim quando fez "Chega de Saudade"; e a Livraria da Travessa (que eu insisto em chamar de travêssa), toda charmosa. cheia de livros bacanas, com um café bonitinho no piso superior tornando-se uma rival séria para a favorita Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Ah: ainda comprei "A Vida Como Ela É", que já comecei a devorar. Mas nada, devo dizer, nada é melhor em Ipanema que olhar as pernas das cariocas (ou não).
Vá de avião, na janelinha!: O Rio de Janeiro é uma cidade tão foda que até na hora de ir embora te dá vontade de voltar o mais rápido possível. Ir embora pelo Santos Dumont pode ser uma das coisas mais legais da viagem, como tentei mostrar nesse vídeo amador aqui. (Perdoem a minha irmã e as nuvens que fecham a vista às vezes, OK?)
http://www.youtube.com/watch?v=ZqrLTwWiUwY&feature=youtu.be
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"Rua Nascimento Silva, 107/e você ensinando pra Elizeth/
as canções da Canção do Amor Demais..." |
Bônus Track: Foi bastante para 30 horas de
rolê, mas quando voltar ao Rio quero comer um hambúrguer legal (pra extravasar o MHC para outros lugares do país), ir beber na Lapa com calma, ver um show no Circo Voador, curtir o CCBB, conhecer o quarto onde Getúlio Vargas se matou, andar de metrô (momento
entendendo como esse povo vive por aqui), andar de bicicleta em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas e tirar a clássica foto para turista gringo na Escadaria Selaron.
Mais alguma sugestão pra próxima?
o Parque Lage, quase do lado do Jardim Botânico. só fui agora em junho.
ResponderExcluiradoro ir pro Rio. foram seis vezes desde 2007 e nunca canso. e, claro, ainda tem coisa pra conhecer (a Confeitaria Colombo, por exemplo).
indo ao CCBB, aproveite para ir também ao Centro Cultural dos Correios e beber uma cerveja no Al-Farabi, um sebo/restaurante charmoso que fica na Rua do Rosário #30. gosto demais de toda essa área "de trás" do centro, entre a Cinelândia e a Praça XV e depois até o CCBB, com aquelas ruas estreitas, a influência da arquitetura portuguesa etc. dava gosto de rodar por ali na hora do almoço quando trabalhava no Crea.
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