Começo hoje uma nova seção do Pergunte ao Pop. Se, no ano passado, a pauta gorda da vez era falar dos hambúrgueres de São Paulo (sim, ela deve voltar no segundo semestre), agora é hora de largar o preconceito e treinar o paladar com os refrigerantes bizarros que eu encontrar pelo caminho aqui na Europa. Assim como nos hambúrgueres, a pontuação vai de 0 a 5. Bora abrir a latinha e fazer tim-tim nessa estreia com o Sumol de Ananás, a Brisa Maracujá e a Cherry Coke.
Criado em 1970, na Ilha da Madeira, o Brisa Maracujá foi o primeiro refrigerante feito a partir da "fruta da paixão" no mundo. Ou quase: a impressão que fica no primeiro gole é que estão tentando te enganar, como se a sua mãe quisesse fazer você emagrecer colocando suco Maguary na água com gás e falando que era refri. Essa ilusão é tão real que, quando você coloca o líquido no copo, depois de abrir a latinha, ele não gera espuma, em um sinal claro de falta de gás. Sacanagem. E uma pena: além de ser típico da Ilha da Madeira e ter o rótulo mais legal que eu já vi na vida (sério, esse mascotinho é muito firmeza), Brisa é o melhor nome que uma bebida pode ter para gerar trocadilhos insanos. Quer ver só? "Mãe, vou ali fora tomar uma Brisa!". Ou: "Aí, tô curtindo uma Brisa". Fica aqui o lamento que (perdão pela galhofa) o bagulho não é do bom.
Nota: 2 bolhinhas de gás
Pode até parecer uma heresia para um fã de Coca-Cola como eu a ideia de tomar a Cherry Coke. Mas confesso que, desde que eu entendi a letra de "Lola" (o clássico dos Kinks onde Ray Davies tem a manha de admitir que gostava mesmo era de uma gatinha fálica), sempre tive a curiosidade de provar a bebida. Vamos a ela, então. Primeiro: a latinha parece a de Coca, mas é grená (alô Juventus da Móoca!). Segundo passo: cheira como Coca, mas com um fundinho de licor ao marrasquino. Terceiro passo: é, tem gosto de Coca. Mas é meio que similar à sensação de comer um bolo floresta negra, com aquele caldinho de cereja no fim, quando você quer só comer um bolo de chocolate sem frescura. E é engraçado: mesmo limpando a boca e tentando seguir em frente, não dá pra evitar. Em resumo: não é que seja um refrigerante ruim. O problema é que estragaram tudo tentando colocar a cereja em cima do bolo.
Nota: 2,5 bolhinhas de gás
Sumol de Ananás
Pense em um cheiro doce. Pensou? Ok. É assim que começa a sua degustação do Sumol de Ananás, um dos refrigerantes mais populares da terrinha, também conhecido por aqui como Ananol. Pontos a favor: tem bastante gás, é bem docinho e desce direito quando tá bem gelado. Pontos contra: tem bastante gás, é bem docinho e tem um gosto que a) não lembra abacaxi b) também não deixa de lembrar abacaxi. Mas piora: depois de algumas goladas, o que era doce fica doce demais, e até enjoativo. Trocando em miúdos: o Sumol é aquela menina que tem um corpo lindo, usa um bíquini minúsculo e te faz ficar tonto quando vocês se encontram na praia (único lugar com calor possível para tal). Mas depois de dois dedinhos de prosa, cê descobre que ela (só) gosta do Jack Johnson, bandinhas pop açucaradas e uma ou outra coisa do Bob (Marley, não o Dylan, muito menos o Geldof). Aí não dá, aí não pode.
Nota: 1,75 bolhinhas de gás
Ranking Pergunte ao Pop de Refrigerantes Bizarros:
1º - Cherry Coke (2,5)
2º - Brisa Maracujá (2)
3º - Sumol Ananás (1,75)
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